Metade do mel importado pela UE está sob suspeita de adulteração
Metade do mel importado pela União Europeia, inclusive do Brasil, está sob suspeita de adulteração, particularmente pela adição de xaropes de açúcar, segundo uma averiguação das autoridades europeias, publicada nesta quinta-feira (23), e que destaca produtos procedentes de China e Turquia.
A UE importa cerca de 40% do mel que consome.
O estudo do serviço de investigação da Comissão Europeia de Luta contra a Fraude (OLAF) mostra que, das 320 amostras controladas em 16 Estados-membros da UE, cerca de 46% são suspeitas de infringir as normas do bloco, muito acima dos 14% registrados no último estudo, realizado entre 2015 e 2017.
Setenta e quatro por cento das 89 remessas de mel originadas da China foram consideradas suspeitas, assim como quase todas as importadas da Turquia (14 de 15).
Os 10 embarques que entraram pelo Reino Unido foram considerados não conformes, "provavelmente porque se misturam com mel produzido em outros países antes da reexportação".
Também há mel proveniente de Ucrânia, México e Brasil.
A principal técnica fraudulenta usada é a adição de xaropes de açúcar (de arroz, trigo ou beterraba) para fazer baixar o preço, mas o relatório também menciona o uso de aditivos e colorantes, além da falsificação das informações de rastreabilidade.
Dos 123 exportadores de mel para a Europa, 70 são suspeitos de adulterarem seus produtos, e dos 95 importadores europeus controlados, dois terços são afetados por pelo menos um lote suspeito.
Até hoje, "44 operadores na UE foram investigados e sete foram sancionados", afirma a OLAF.
Das 21 amostras coletadas na França, apenas quatro eram "mel verdadeiro".
Na Alemanha, que concentra um terço das importações europeias, metade das 32 amostras coletadas era suspeita.
"Este resultado alarmante demonstra que o mercado europeu é uma verdadeira peneira, que permite aos fraudadores vender seus produtos falsos", afirmou a ONG de defesa dos consumidores Foodwatch.
A organização também pede "meios de controle adequados, uma tecnologia harmonizada para detectar a fraude e obrigações de transparência na informação fornecida".
"A opacidade dos alimentos fraudulentos deve ser corrigida urgentemente", exigiu a Foodwatch.
FONTE: Estado de Minas