Mortalidade materna cresce 450% e bate recorde negativo histórico em Juiz de Fora

28 maio 2023
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Comparativo leva em conta números entre 2020 e 2021. Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher e Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna são lembrados neste domingo (28). Juiz de Fora teve um aumento de 450% no número de casos de mortalidade materna no comparativo dos dois mais recentes estudos anuais disponibilizados no Boletim Epidemiológico de Mortalidade Materna da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG).

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Os números são referentes a 2020 e 2021. Neste último, foram 11 mortes de grávidas e puérperas ao longo do ano, o maior índice já registrado na série histórica do munícipio. Nos 12 meses anteriores, haviam sido dois casos.

Conforme informações da SES, o levantamento de dados de 2022 não foi concluído.

A pandemia de Covid-19 é apontada como motivo para o crescimento expressivo, já que, além da doença em si, as gestantes teriam deixado de fazer o acompanhamento. Entenda mais abaixo.

A discussão ganha força neste domingo (28), quando é celebrado o Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher e Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna.

Pandemia e mortalidade materna

Antes da pandemia, o maior número de mortes registrados foi em 2009, quando foram contabilizados 7 óbitos em Juiz de Fora.

"Por conta da pandemia da Covid-19, nós tivemos números nunca registrados anteriormente. Perdemos mulheres acometidas pela doença, como também tivemos a dificuldade de acesso ao pré-natal e ao serviço hospitalar em geral, pela necessidade do isolamento e o medo de muitas mulheres de ir aos locais, mesmo com a orientação dos profissionais", explicou a enfermeira obstetra Ana Beatriz Querino Souza.

No que diz respeito à faixa etária, o maior quantitativo das mortes desde 2006, quando foi iniciada a série histórica, está compreendido na faixa etária entre 30 e 39 anos. Ao todo, 29 mulheres morreram.

Em seguida, foram 18 óbitos na faixa etária dos 20 a 29 anos; nove entre 40 a 49 anos; cinco de 15 a 19 anos e uma morte entre 10 a 14 anos.

Sobre o momento da morte, o puerpério foi o período com maior índice, chegando a 31 registros. Outras sete mulheres morreram durante a gravidez. Em outros 23 casos, não houve indicação da fase de gestação da vítima.

Índices aumentaram em todo o país

A alta dos números não é exclusividade juiz-forana, e números nacionais apontam que, em 2021, o Brasil chegou ao maior quantitativo em 22 anos.

Foram, em média, 8 mortes de grávidas e puérperas ao dia, totalizando, segundo a Fundação Abrinq, 2.857 falecimentos.

Especialistas apontam que, também no âmbito nacional, o aumento foi causado pela falta de políticas especializadas durante a pandemia.

"Faltou um plano para atender a gestantes com Covid. Se esqueceu que gestantes são muito suscetíveis a vírus respiratórios, e não é sem motivo que gestante é prioritária para vacina para influenza", disse Fátima Marinho, assessora técnica sênior da Vital Strategies, organização global da saúde pública.

Como combater?

Em Juiz de Fora foi criado um Comitê Municipal de Prevenção da Mortalidade Materna, Infantil e Fetal, que tem como objetivo investigação, análise, informações e prevenção de novos óbitos.

A Rede Cegonha Municipal engloba ações de acompanhamento, desde pré-natal, assistência ao parto, ao pós-parto, ao recém-nascido e à criança, e trabalha indicadores/metas relacionadas à assistência durante o ciclo gravídico-puerperal, como redução de cesariana desnecessária, atuação de enfermeiros obstetras, capacitação das equipes em urgência e emergência maternas.

Segundo a Prefeitura, um Plano Municipal da Primeira Infância está em processo de elaboração.

Onde ir?

O primeiro atendimento da gestante é na sua Unidade Básica de Saúde (UBS) de referência. Caso seja de área descoberta, procurar o Departamento de Saúde da Mulher, Gestante, Criança e do Adolescente (DSMGCA).

Ela será encaminhada para fazer o pré-natal em unidades conveniadas à Prefeitura. O pré-natal é realizado nos hospitais João Penido, na Santa Casa, na Maternidade Therezinha de Jesus e no Hospital Universitário. Todos esses serviços têm parceria com as universidades públicas e privadas.

São oferecidas, em contrapartida, ampliação das consultas, ambulatórios pré-natal, de ginecologia e grupos de atendimento em salas de espera.

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FONTE: G1 Globo