MP espanhol pede prisão de filho de presidente de Guiné Equatorial
O Ministério Público da Espanha pediu a um juiz uma ordem de prisão contra Carmelo Ovono Obiang, filho do presidente de Guiné Equatorial, para que ele preste esclarecimentos pelo suposto sequestro e tortura de dois cidadãos espanhóis, após faltar ao comparecimento que estava marcado.
O filho do presidente Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, que também é chefe da inteligência exterior de seu país, tinha sido intimado a comparecer em 28 de março diante de um magistrado da Audiência Nacional, uma instância judicial espanhola para casos complexos e delicados.
Mas Carmelo Ovono Obiang não compareceu, apesar de um acordo que possibilitava o seu depoimento por videoconferência.
Tampouco compareceu o diretor-geral de Segurança do país africano, Isaac Nguema Endo, que havia solicitado a mesma opção.
"Tendo em conta a necessidade de que os investigados estejam à disposição do Tribunal", o Ministério Público solicita "que se determine a Ordem Nacional e Internacional [de detenção] dos mesmos", informou, nesta terça-feira (11), o MP da Audiência Nacional em comunicado.
Agora, a decisão está nas mãos do juiz.
O MP não menciona um terceiro citado, o ministro de Estado responsável pela Segurança Interna de Guiné Equatorial, Nicolás Obama Nchama, que tampouco se apresentou, já que ele não havia solicitado prestar depoimento por videoconferência.
Os três são investigados na Espanha como suspeitos de sequestro e tortura de dois opositores que contavam com nacionalidade espanhola, um deles falecido em janeiro no pequeno país da costa atlântica africana, conforme noticiou o jornal espanhol El País.
No fim de janeiro, a Audiência Nacional requisitou a repatriação para a Espanha do corpo de Julio Obama Mefuman para que fosse submetido a uma necropsia.
O regime de Guiné Equatorial, considerado um dos mais autoritários e fechados do mundo, alegou que o opositor morreu "em um hospital [...] por causa de uma doença da qual sofria". Mas o movimento de oposição no exílio denunciou que ele havia sido torturado e morreu em uma prisão.
Em janeiro, o vice-presidente de Guiné Equatorial e também filho do presidente Obiang, Teodoro Nguema Obiang Mangue, acusou a Espanha de "interferência" nos assuntos internos do país por causa desta investigação.
Segundo o jornal El País, que teve acesso a documentos da polícia, as duas pessoas com nacionalidade espanhola - e outros dois opositores guinéu-equatorianos que também residiam na Espanha - foram sequestrados no fim de 2019 no Sudão do Sul e levados à força para Guiné Equatorial.
Independente da Espanha desde 1968, Guiné Equatorial é governada há mais de 43 anos por Teodoro Obiang, de 80 anos, que possui o recorde mundial de longevidade no poder para um chefe de Estado, excluindo os regimes monárquicos.
FONTE: Estado de Minas