Mulher morre com suspeita de infarto e família acusa Samu de omitir socorro

11 jun 2023
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Uma mulher de 33 anos morreu na madrugada de sexta-feira (9/6), após a família entrar em contato com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) por suspeita de infarto. Apesar da ligação, a ambulância foi negada e Camila Donato Gomes da Silva amanheceu morta. 
Segundo a mãe da mulher, Rúbia Donato, há menos de um mês seu filho (irmão de Camila) faleceu. Desde então, a filha apresentava dificuldade para dormir e tomava remédio para ajudar. 
Assim ela fez naquela noite, mas acordou por volta de 1h10, gritando a mãe, pois estava com dor muito forte no braço esquerdo e falta de ar. "Cheguei no quarto correndo e ela me disse que queria ir ao banheiro. Ela chegou a sentar na cama, falando que braço do lado do coração estava doendo demais, além de muita falta de ar". 
Poucos minutos depois, à 1h27, Rúbia ligou para o Samu e solicitou uma ambulância. Explicando o que estava acontecendo, ela foi redirecionada para uma médica. "Eu sabia que ela não estava bem, não ia ligar para a urgência se não fosse preciso. Mas a médica falou comigo 'minha senhora, a sua filha precisa de um psiquiatra, não é do Samu'. Eu disse que não era isso, ela precisava de ir para a UPA", conta Rúbia Donato. 
No meio da ligação, que segundo a mãe durou nove minutos, a filha teria gritado por ajuda, pedindo água e afirmando que ia morrer. "A Camila pediu água com açúcar, ela estava gritando que ia morrer. A médica ouviu e falou que podia dar e quando amanhecesse, era para levá-la ao psiquiatra. Expliquei de novo a situação e também contei que não dava para ir à UPA sozinha, porque não tinha dinheiro para pagar ou carro", continua. 
Ainda assim, a ambulância não foi até a casa, que fica no Bairro Ribeiro de Abreu. A mãe afirma que se tranquilizou quando a médica disse que a falta de ar era devido ao medicamento que Camila estava tomando e mantê-la hidratada ajudaria. Além disso, teria reafirmado a necessidade de um psiquiatra, para ajudar com a perda recente do irmão. 
"Sou diarista, não tenho estudo direito. A médica me tranquilizou falando que essa dor era por causa do remédio. Acreditei que de manhã dava para levar ela no posto e resolver o problema. Não omiti socorro hora nenhuma, eu tentei levá-la, mas não tinha dinheiro. Se tivesse mandado o Samu na hora que liguei, havia salvado a vida da minha filha", diz Rúbia. 
Após a ligação, ela se deitou ao lado da filha e ficou conversando até as 3h. Em seguida, ambas dormiram. Quando acordou, às 7h10, chamou Camila para ir ao hospital. Sem resposta, ela balançou o braço da filha e percebeu que a boca dela já estava esbranquiçada e a testa gelada. 
"Eu desesperei. Liguei para o Samu de novo, às 7h30, expliquei como que ela estava e a médica mandou fazer massagem cardíaca. Ela foi falando pelo telefone como fazia, até a ambulância chegar. Quando a equipe apareceu, constataram o óbito. Eu não queria acreditar", afirma a mãe. 
Camila Donato deixou um filho de 11 e outro de 3 anos. "Fico muito chateada, como a gente paga imposto de tudo, era obrigação mandar um Samu. Não interessava se eu tinha dinheiro ou não. Estou arrasada. Nenhuma mãe merece perder dois filhos com menos de um mês. Dinheiro não trará minha filha de volta, mas quero que outras não passem pelo mesmo que eu", finaliza.
 

Nota da PBH 

Segundo a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), responsável pelo Samu, não houve relato que pudesse levantar suspeita sobre infarto. Veja a nota na íntegra: 

"A Prefeitura de Belo Horizonte lamenta o ocorrido e informa que os chamados ocorreram em três momentos muito distintos.

1h30 da madrugada de sexta-feira, dia 9 - Na primeira oportunidade, não houve relato ou nenhum dado que levantasse suspeita sobre infarto. Até por tratar se de vítima de 33 anos, o que reduz muito a probabilidade de ocorrência deste tipo. Os relatos iniciais tratavam de vítima desorientada e doença sem agravo emergencial que justificasse o envio de ambulâncias. Ainda assim, a solicitante foi orientada sobre cuidados e encaminhamento ao serviço de urgência, se necessário

7h40 de sexta-feira, dia 9 - Houve um grande espaço tempo até que a família solicitasse um novo atendimento, já pela manhã, estando a vítima, depois de uso de medicamento, em parada cardíaca que evoluiu a óbito. Nesta oportunidade, houve o envio de duas ambulâncias do SAMU. Foi constatado o óbito no local.

23h46 de sexta-feira, dia 9 - A família voltou a ligar, questionando de forma incisiva o trabalho do SAMU.

Os detalhes e diagnósticos prováveis estão protegidos por sigilo de prontuário médico.

É importante esclarecer que os atendentes do SAMU repassaram a solicitante orientações e informações a respeito de um tempo de espera maior para o envio da ambulância, considerando o empenho das ambulâncias em outras ocorrências."


FONTE: Estado de Minas

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