Na Romênia, Otan se prepara para proteger seu flanco oriental
A 250 quilômetros da fronteira ucraniana, o capitão francês Regis pilota seu avião Rafale ao lado de caças de combate F-16 da Aeronáutica romena em um sinal de solidariedade entre os parceiros da Otan no flanco oriental da Aliança.
Pela primeira vez, de 16 a 20 de outubro, um grupo de aviadores franceses ajudou a treinar seus companheiros romenos na base aérea de Fetesti, no leste do país.
"Funcionamos como os franceses, nos entendemos perfeitamente", celebra em inglês o tenente-coronel Lucian Tatule, piloto de combate romeno, que já havia conhecido o capitão Regis em uma estadia na Lituânia, um dos países bálticos.
Trinta franceses viajaram com três aviões Rafale no âmbito da missão Aigle na Romênia que busca proteger o território da Otan desde o início da guerra na Ucrânia ante um eventual ataque russo.
Além de treinar para melhorar a "interoperabilidade", a Aeronáutica francesa quis demonstrar uma "decolagem ágil", reduzida ao mínimo logístico, para provar sua capacidade de se mobilizar rapidamente em qualquer base aérea amiga no leste da Europa.
Segundo os parâmetros da missão Aigle, a França é o interlocutor entre Bucareste e as nações suscetíveis a se mobilizar rapidamente em qualquer base amiga no leste da Europa.
Desde o início da guerra na Ucrânia em fevereiro de 2022, Paris aumentou sua atenção no leste da Europa e mobilizou 1.350 militares na área.
Além disso, um francês, Loïc Girard, foi nomeado general adjunto da divisão multinacional Sudeste da Otan em Bucareste.
A maioria dos franceses mobilizados são soldados de infantaria que fazem parte de um batalhão também integrado por 300 belgas e luxemburgueses na base de Cincu, no coração da Romênia.
Um destacamento de 100 aviadores franceses no mar Negro completa o dispositivo para proteger o porto estratégico de Constanta contra eventuais ataques aéreos russos.
- Defesa antiaérea -
Os militares romenos na base de Fetesti asseguram estar "muito agradecidos" pela presença da Otan e da França na Romênia, mas também "orgulhosos" dos esforços na defesa de seu país, que aumentou o piso orçamentário de 2 para 2,5% do PIB em 2023.
Na base, os hangares para abrigar os 17 caças F-16 comprados através de Portugal são novos, as oficinas foram revitalizadas e um museu ao ar livre relega à história uma dezena de antigos MIG-21 de fabricação russa herdados da época da Romênia comunista.
A menos de 100 quilômetros, na praia de Capu Midia, o destacamento francês observa todos os dias aeronaves russas sobrevoando o mar Negro.
À distância, os militares podem até ver a Crimeia, o coração da ofensiva militar russa contra a Ucrânia. A península, anexada por Moscou em 2014, é alvo recorrente de ataques de Kiev.
O sistema antiaéreo terra-ar Mamba, o único destacado pela França no exterior, registrou "vários níveis de alerta" desde sua instalação em maio de 2022, disse o comandante Giles, à frente do destacamento.
Composto por um radar de 360º, dois lançadores armados com 16 mísseis de cerca de 100 km de alcance e um "módulo de intervenção" que recolhe ordens e informações, o sistema "funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana", explica do acampamento instalado na praia.
Um radar GM200 permite vigiar de rádio a uma distância de 250 quilômetros.
A missão é proteger Constanta, por onde passam a maioria dos cereais ucranianos para a exportação, e a base aérea Mihail Kogalniceanu, nos arredores da região.
A 150 quilômetros ao norte, a Romênia descobriu recentemente restos de drones depois de ataques russos a infraestruturas portuárias ucranianas no Danúbio. Bucareste condenou os ataques, mas avaliou que "não havia a intenção de atingir a Romênia".
Em caso de agressão, sempre por decisão da Otan e com o acordo de Bucareste, os militares dizem estar "prontos".
No total, mais de 5.000 soldados estão destacados na Ucrânia, o que supõe o maior contingente de forças aliadas no flaco oriental sul da Europa.
FONTE: Estado de Minas