Nagorno-Karabakh, um disputado enclave separatista do Cáucaso
Nagorno-Karabakh está no centro de um longo conflito entre a Armênia e o Azerbaijão. Os dois países já travaram duas guerras por este enclave do Cáucaso, de maioria armênia mas reconhecido como parte do Azerbaijão.
- De mão em mão -
Considerada pela Armênia uma região central de sua história, Nagorno-Karabakh - que significa Karabakh Montanhoso ou Alto Karabakh em russo - mudou de mãos muitas vezes ao longo dos séculos.
Integrada ao reino armênio na antiguidade, a região ficou sob influência árabe no Oriente Médio antes de uma revolta devolvê-la ao domínio da Armênia.
Após um período de influência persa, o Khanat de Karabakh, então Estado turco, foi incorporado em 1813 ao Império Russo.
A Armênia e o Azerbaijão travaram uma guerra civil pelo território após a Revolução Bolchevique de 1917.
Embora povoado principalmente por armênios, Nagorno-Karabakh foi integrado em 1921 na república soviética do Azerbaijão por Stalin, com um estatuto de autonomia a partir de 1923.
Esse estatuto permaneceu inalterado até os últimos anos da União Soviética.
- Povos armênios e azerbaijanos -
Este enclave terrestre ainda é essencialmente povoado por armênios de confissão cristã, segundo dados oficiais, e tem cerca de 120 mil habitantes espalhados por um território montanhoso.
Um terço da população vive na capital, Stepanakert.
A guerra da década de 1990 levou a um deslocamento populacional significativo, com 700.000 azerbaijanos que fugiram da Armênia e de Nagorno-Karabakh e 230.000 armênios que abandonaram o Azerbaijão.
- Referendo e guerra -
A violência interétnica eclodiu desde 1988.
Após o colapso da URSS, em 1991, Nagorno-Karabakh organizou um referendo boicotado pela comunidade do Azerbaijão e depois proclamou, com o apoio da Armênia, sua independência do Azerbaijão.
A proclamação de independência não foi reconhecida por nenhum outro Estado-membro da ONU.
Com a saída do exército soviético da região, uma escalada de violência levou à guerra aberta. Cerca de 30 mil pessoas morreram até o cessar-fogo negociado pela Rússia, em 17 de maio de 1994.
Embora tenha instituições e governo próprios, Nagorno-Karabakh conta com apoio político, econômico e militar da Armênia.
- Vingança do Azerbaijão -
Um novo conflito começou no outono de 2020 e ocasionou 6.500 mortes em seis semanas, antes de um acordo de cessar-fogo também mediado pela Rússia.
A guerra terminou com uma derrota esmagadora para a Armênia, forçada a ceder ao Azerbaijão alguns importantes territórios nas proximidades do enclave e uma parte da região, especialmente a cidade de Chucha.
Os incidentes armados entre as forças armênias e azerbaijanas têm acontecido com frequência, apesar da presença das forças russas de interposição, com cada lado acusando o outro de ser o responsável.
- "Bloqueio" -
As tensões entre o Azerbaijão e a Armênia recomeçaram no final de 2022, quando o Azerbaijão instalou postos de controle antes de bloquear a circulação no corredor de Lachin, a única estrada que liga Nagorno-Karabakh à Armênia - o que ocasionou uma escassez grave de alimentos e medicamentos no enclave.
Em julho, a diplomacia armênia pediu para que os "esforços internacionais" fossem redobrados para acabar com o bloqueio de Nagorno-Karabakh e reabrir o corredor, e expressou receios de "limpeza étnica" na região.
Apesar de mediações separadas da União Europeia, dos Estados Unidos e da Rússia, a Armênia e o Azerbaijão não conseguiram chegar a um acordo de paz.
Nesta terça-feira, o Azerbaijão lançou "operações antiterroristas" em Nagorno-Karabakh, após a morte de quatro policiais e dois civis azerbaijanos ocasionada pelas explosões de minas.
O país acusou separatistas armênios de um ato de "terrorismo".
FONTE: Estado de Minas