Nanni Moretti se questiona em seu melancólico ‘Il sol dell’avvenire’

24 maio 2023
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O cineasta italiano Nanni Moretti mergulhou na melancolia, nesta quarta-feira (24), com o filme "Il sol dell'avvenire", em disputa pela Palma de Ouro do 76º Festival de Cannes.

Aos 69 anos, Moretti é um cineasta habitué do festival francês, onde obteve, em 2001, a Palma de Ouro com "O Quarto do Filho", um longa com um tom muito mais sombrio.

Moretti fez de interpretar si mesmo uma especialidade e, neste novo filme, não apenas se questiona como artista, como pai e como esposo, mas também dispara seus dardos contra a política italiana, as plataformas de streaming e até o cinema dos demais.

Na fita, um autor um tanto maníaco prepara um filme sobre um dirigente comunista local na Itália dos anos 1950, mas suas obsessões o impedem de terminar as filmagens.

Moretti traz novamente a Cannes, este ano, um "filme dentro de um filme", em que realidade e fantasia se misturam.

"Não há tristeza" no filme, assegura à AFP este diretor experiente, que alguns definem como um Woody Allen europeu. "Há alegria em criar coisas, imaginá-las, e humor", acrescenta.

"Espero que não seja um testamento", diz, referindo-se a esse filme.

Cannes recebeu este ano vários criadores na fase final de suas respectivas carreiras, como o também italiano Marco Bellocchio e o britânico Ken Loach.

"Il sol dell'avvenire" questiona em particular o papel do Partido Comunista Italiano diante da repressão soviética na Hungria em 1956, embora a perspectiva de Moretti sobre a ideologia comunista em si seja ambígua ao longo da obra.

Idoso em crise, Moretti entra em filmagens de outros cineastas para dar lições, irritando sua esposa, que planeja abandoná-lo, enquanto a filha apresenta aos seus pais um namorado bastante peculiar.

O júri da Palma de Ouro, que avalia 21 filmes na competição, dará seu veredito no próximo sábado, 27 de maio.


FONTE: Estado de Minas


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