Netanyahu abandona elemento-chave da reforma judicial em Israel
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse em uma entrevista divulgada nesta quinta-feira (29) que abandonou uma cláusula importante de sua controversa reforma judicial, que provocou um dos maiores movimentos de protesto na história do país.
Netanyahu, que anunciou uma pausa no projeto de lei em março para discuti-lo com a oposição, disse ter abandonado a chamada cláusula de "anulação", que permitiria ao Parlamento anular uma decisão da Suprema Corte por maioria simples.
Essa cláusula, duramente criticada, havia sido aprovada em primeira votaçãopelo Parlamento em março.
"A ideia de uma cláusula de anulação que permita ao Parlamento, o Knesset, anular as decisões da Suprema Corte por maioria simples, já disse, abandonei", declarou em entrevista ao jornal americano Wall Street Journal.
Contatado pela AFP, o gabinete de Netanyahu se recusou a fazer mais comentários.
O primeiro-ministro, cujo governo é um dos mais direitistas da história de Israel, também disse na entrevista que buscou um "amplo consenso" com a oposição, que considerou muito "pressionada politicamente" para aceitar um compromisso.
Os dois principais líderes da oposição, Yair Lapid e Benny Gantz, anunciaram em 14 de junho que suspenderiam sua participação nas negociações da reforma.
Os críticos da reforma judicial, que protestam pelas ruas do país todas as semanas desde que foi anunciada em janeiro, alertam que ela levará o país a uma deriva antiliberal ou autoritária.
Mas o governo insiste que pretende equilibrar o poder reduzindo as prerrogativas da Suprema Corte, que considera politizada, em favor do Parlamento.
Outra cláusula fortemente contestada da reforma, que modifica o processo de nomeação de juízes, também foi aprovada pelos deputados em primeira leitura.
Netanyahu prometeu na semana passada que continuaria com a reforma, que também foi criticada no exterior.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, expressou sua preocupação e pediu ao primeiro-ministro que buscasse um acordo.
FONTE: Estado de Minas