Noruega quer autorizar mineração de seus fundos marinhos
O governo norueguês propôs, nesta terça-feira (20), abrir os fundos marinhos nacionais à mineração para conseguir matérias-primas indispensáveis para a transição energética, iniciativa que desagrada grupos ecologistas.
"Necessitamos de minerais para conseguir realizar a transição energética", declarou Terje Aasland, ministro de Energia e Petróleo em um comunicado no qual faz referência à dependência frente a outros países que controlam essa produção, entre eles a China.
Segundo as estimativas da Direção Norueguesa de Petróleo, a plataforma continental do país abriga, muito provavelmente, importantes reservas minerais, incluindo cobre, cobalto, zinco e terras raras.
Alguns desses elementos são utilizados na fabricação de objetos tão diversos como drones, turbinas eólicas, motores de carros elétricos e lentes de telescópios.
"Atualmente, esses recursos são controlados por um pequeno grupo de países, o que nos torna vulneráveis", destacou o ministro.
A China é o maior produtor mundial de terras raras (minerais utilizados como matérias-primas em diversas indústrias).
Ao abrir gradualmente a exploração mineral de 280.000 km² de seus fundos marinhos, a Noruega espera se converter em um grande produtor mundial de terras raras.
Aasland considera viável "extrair esses recursos de forma sustentável e responsável" e afirmou que "os aspectos ambientais" serão levados em conta.
Várias ONGs e cientistas, no entanto, alertam há anos sobre a ameaça que tal iniciativa representa e para os danos que podem causar a ecossistemas profundos ainda pouco conhecidos.
"É um dia triste para a natureza e os processos democráticos na Noruega", lamentou Gytis Blazevicius da associação Natur og Ungdon, filial norueguesa da Amigos da Terra. "Não pesquisamos o suficiente para medir o impacto total que isso pode ter no meio ambiente".
Há aproximadamente dez anos está sendo discutido um código de mineração e países como França, Alemanha e Chile defendem uma moratória na extração mineral submarina.
Porém Troy J. Bouffard, diretor do centro Arctic Security and Resilience da Universidade do Alasca, relativizou os riscos para meio ambiente.
"A exploração mineral localizada dos fundos marinhos terá um impacto relativamente menor nos ecossistemas se for efetuada de forma responsável", declarou à AFP, destacando que, segundo ele, o impacto da mudança climática "nos ecossistemas marinhos é o problema mais urgente".
O anúncio do governo norueguês, de centro-esquerda, ocorre um dia depois de os Estados-membros da ONU terem adotado um primeiro tratado internacional para proteger o alto-mar.
A proposta será discutida no próximo outono (norte) no Parlamento, onde o governo está em minoria.
FONTE: Estado de Minas