Nós no Bairro: Grama
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Conheça um pouco mais sobre o bairro da zona nordeste de JF que é ‘porto seguro’ de quem o escolhe e abrigo de novas artes Praça Áureo Gomes Carneiro, coração do Grama
João Marcelo Batista Quando questionada sobre como resume o bairro Grama, Ariana Araújo prontamente responde: um porto seguro. Moradora do bairro há quase 8 anos, Ariana veio de São Paulo capital, onde deixou sua família para vir desenvolver um trabalho de acolhimento infantil na Aldeia SOS, importante instituição localizada no Grama. Ela conta que por ali foi muito bem acolhida, e sente o bairro como um lugar de refúgio. Como alguém que veio de cidade grande, se acostumou a conviver em grupos que partilham de mesmos interesses, algo em comum, como é o caso das senhoras do CRAS, da turma de ginástica, e dos grupos com os quais se identificou. Ela conta que sempre gostou de trabalhar com gente, que os objetivos parecidos reúnem as pessoas. Lembranças de atividades com grupos da comunidade. Ariana na foto de cima segura um casaco azul. Na foto de baixo está na ponta direita Acervo Pessoal Ariana Araújo Do ponto de vista dela, por ser um bairro com muitos idosos, o Grama tem memória afetiva aflorada ... Muito se houve sobre antigas histórias, relembram os peixes do rio que hoje já não existem, os bailes do extinto salão, os pequenos espaços que existiam e até o jogo de peteca na praça. Ariana aponta a praça como lugar importante: “Como é um bairro carente de lazer, aproveitamos muito as oportunidades que vem da praça. Estamos tentando aula de skate para crianças e adolescentes, incentivando música na praça, contadores de histórias... Como temos muito venezuelanos morando em Grama estamos agregando eles também aos eventos do bairro e trocando ideias, misturando cultura e comportamento”. A recente revitalização da praça Áureo Gomes Carneiro com o projeto “Praça Quente Pra Toda Gente” chega ao Grama trazendo para ela novas esperanças: “Quem sabe não conseguimos retomar os antigos hábitos? “– se anima Ariana. Revitalizar e dar novo sentido Com iniciativa do “É Nóis na Praça” a transformação da praça (que é carinhosamente citada pela moradora Ariana Araújo) se tornou real. O projeto vem reformando e dando cara nova à algumas praças de JF, através dos pincéis e sprays do coletivo Guará. O grupo é formado por Mariana Macêdo, Sofia Assis, Gabriela Lemos, Mariana Tenório e Clarisse Hermont, que se propuseram a desenvolver juntas um projeto com conjunto de croquis para intervenção artística de algumas praças da cidade. Formado pelas cinco artistas, o coletivo arrematou a disputa pelo trabalho de revitalização das praças sob argumento de que, nas palavras do texto de inscrição no edital: “O espaço físico e seus estímulos influenciam diretamente o bem-estar de quem o habita. Nesse contexto, as praças públicas da cidade de Juiz de Fora podem ser compreendidas como importantes lugares para a experimentação de projetos sensíveis que potencializem sua qualidade espacial e as relações entre seus usuários.” As artistas entendem a praça como um lugar de confraternização, formação e integração da sociedade, que se desdobra em manifestações culturais, políticas e sociais. E acreditam que, através da arte, as praças se tornarão espaços de maior qualidade ambiental e pertencimento. A artista responsável pelo projeto da praça de Grama, Mariana Macêdo Acervo Pessoal Mariana Macêdo Mariana Macedo é a artista responsável pela praça Áureo Gomes Carneiro, em Grama. Formada em Arquitetura e Urbanismo pela UFJF, Mari conta que começou a trabalhar com os murais em 2020 a partir de uma demanda de descompressão e expressão. No período pandêmico passou a transformar espaços de intimidade, se arriscando na pintura de parede, em grandes superfícies. Já em 2021 ela cria coragem de fazer sua página pra divulgar essa expressão como um trabalho, e com a página vem a decisão de mostrar sua arte ao mundo, passando a fazer com que as pessoas reconheçam sua arte como um ofício. A arte projetada para a praça de Grama, assim como todas as intervenções artísticas dos projetos de revitalização das praças tem temáticas a partir do contexto de Juiz de Fora. E Mari conta que dentre os objetivos estavam: escolher temáticas com as quais se identificasse e conseguisse se expressar de forma tranquila. Para a praça do Grama a ideia de tema proposta foi: Flora, fauna e paisagem. E a artista pontua que precisava se basear no contexto de JF e para isso foi retomando tudo aquilo que, dentro da temática, lembrava Juiz de Fora. Referências como a onça que apareceu no Jardim Botânico, cobras, pássaros, detalhes presentes no cotidiano, situações vividas em JF que estavam em sua memória e suas vivencias cotidianas. “Acho que a minha criação pode ser resumida em paisagens internas, as minhas paisagens internas. Eu quis criar paisagens que expressassem meu sentimento e entendimento sobre essa flora, essa fauna e essa paisagem "externa" de Juiz de Fora. Uma vez eu li que "se abríssemos pessoas, encontraríamos paisagens". Acho que esse projeto expressa uma paisagem interior minha, sabe?! E ao mesmo tempo coletiva, do que remete à cidade” – revela Mari. Sobre a reação da comunidade ao resultado final da revitalização, a artista diz que tem altas expectativas. Espera que as artes produzam nas pessoas o sentimento de pertencimento, apropriação, compreensão de que o espaço público é coletivo, que deve ser apropriado, cuidado. Ela cita que já no processo de pintura e execução foi perceptível o encantamento e o carinho das pessoas com o trabalho e os envolvidos, o que traz a esperança de que se fortaleça a relação positiva da praça com a comunidade. O processo de revitalização da praça Acervo Pessoal Mariana Macêdo “Acredito muito que a arte vai interferir no dia a dia da comunidade. Passar pelo espaço, ver ele bonito, cuidado, com algo que subjetivamente te toca, que produza alegria, sensação de conforto, identificação, felicidade e conexão com meu trabalho. Espero que, por exemplo, quando uma pessoa passar de ônibus e ver as andorinhas que estou desenhando no guarda corpo do parquinho, que isso seja capaz de transformar um sentimento, angustia, algo negativo em algo positivo. Esse pode ser um impacto da arte no cotidiano! Encantamento com as coisas que são ordinárias, pequenas. Meu trabalho consiste muito nisso: agir no micro, para que impacte o macro, de certa forma. “ Sobre sua motivação, Mari destaca a possibilidade de expor seu trabalho na cidade. Ela recorda que começou atuando em ambientes internos, privados, espaços de intimidade de seus clientes e pontua que ter a oportunidade de trabalhar na rua com o coletivo é algo muito importante. Justificando que o espaço público é o maior expositor que se pode ter, porque ele democratiza a arte no acesso àquilo que as vezes só estaria em galerias, museus, e locais talvez inacessíveis para todo mundo. “Na rua a arte se torna acessível. Essa é a importância da arte em espaço público: atingir o coletivo, independente de quem seja, de quem o pertença. Esse é meu maior motivador! Estar somando na garantia a cidade das pessoas, no direito à cultura, direito à arte.” Sábado é dia de Nós no Bairro Nós no Bairro edição Grama O projeto é uma parceria entre a Prefeitura de Juiz de Fora e a TV Integração, com a proposta de ocupar os bairros, levando lazer e cidadania. No sábado, 30/09, de 9h às 13h, na praça Áureo Gomes Carneiro – bairro Grama. Uma manhã especial oferecendo vários serviços e atividades entre eles: Recreação, desenhos, oficina de mini tear com confecção de pulseiras, brinquedos infláveis, cama elástica, totó; Atividades com o Procon e Defesa Civil, atendimento técnico do CRAS, Casa da Mulher Itinerante; Varal solidário, museu itinerante; Vacinação humana e para pets; Aferição de pressão, orientações de fisioterapia, nutrição, medicina e saúde bucal; Feira da comunidade: venda de doces, biscoitos, salgados, frutas, batata frita, bolos, plantas, artesanato e objetos antigos; Apresentações musicais com Gabriela Faria, Helô Mendes e Grupo Safadiar.FONTE: G1 Globo