‘Nunca mais chegou’: mãe procura por universitária desaparecida em Juiz de Fora; cidade registra em média um caso por dia

28 maio 2023
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De janeiro a março de 2023, foram 89 casos de desaparecimentos, segundo dados da Secretaria de Estado e Justiça e Segunda Pública de Minas Gerais. Número é 23% maior do que em relação ao ano passado. Lívia Farani desapareceu em 2021 após mudar-se de Valença para Juiz de Fora

Izabel Cristina Monteiro/Arquivo Pessoal

"Quando a gente sabe o que aconteceu, é um fato. Mas quando não temos resposta, ficamos na incerteza e não sabemos como agir. É como se a gente tivesse andando em círculos, voltando sempre para o mesmo lugar".

O desabafo é de Izabel Cristina Monteiro, mãe de Lívia Farani, que desapareceu há um ano e nove meses, quando tinha 21 anos e morava em Juiz de Fora. A jovem que é de Valença (RJ), morava em Minas há três anos para estudar.

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A mãe só soube do desaparecimento da filha quando foi para Juiz de Fora.

"Eu cheguei e ela não estava em casa. E nunca mais chegou. Fiquei desesperada e comecei a perguntar para vizinhos se eles tinham alguma notícia."

Lívia desapareceu deixando documentos e roupas em casa. Um dia após não ser mais vista, a família registrou um boletim de ocorrência em Juiz de Fora e também na cidade fluminense. Izabel aguarda notícias da filha e tem esperanças de encontrá-la.

A mesma agonia é enfrentada por Primaine Ritchelle Silva Malaquias, esposa de Felipe César Malaquias, que saiu do trabalho no dia 21 de março e nunca mais foi visto.

Segundo a companheira, o recepcionista estava abalado emocionalmente por um problema no emprego.

“Ele foi trabalhar, almoçou e passou em casa. Pegou uma mochila, os documentos e saiu falando que ia dar uma volta. Achei que ele ia espairecer, mas ele não voltou para o trabalho e estamos sem notícias desde então.”

Felipe César Malaquias

Arquivo Pessoal

Quase um registro por dia no 1º trimestre

Segundo a Secretaria de Estado e Justiça e Segunda Pública de Minas Gerais (Sejusp), Juiz de Fora teve 1.184 pessoas desaparecidas entre os anos de 2020 e 2023.

Apenas neste ano foram 89 registros policiais entre janeiro e março, uma média de um desaparecimento por dia.

Em relação ao mesmo período do ano passado, o número cresceu 23%. Já comparando o número de pessoas localizadas, os dados indicam queda de 30% na solução dos casos.

Pessoas desaparecidas e localizadas em Juiz de Fora

Ainda de acordo com os dados da Sejusp, a faixa etária com maior número de desaparecidos foi entre 35 e 64 anos, correspondendo a quase 36% dos casos. Já em relação a menores de 18 anos, o percentual é de aproximadamente 28%.

A Sejusp também informou que, das 89 pessoas sem contato com as famílias, 63 haviam sido localizadas após os trabalhos de buscas.

Os investigadores ainda apuram os outros 26 casos.

Orientações

O titular da 1ª Delegacia Regional de Polícia Civil de Juiz de Fora Márcio Savino orienta que, em casos de desaparecimentos, a primeira coisa que deve ser feita é o boletim de ocorrência.

Ele reforça que não é preciso esperar 24 horas para esse registro. "Os familiares precisam trazer o máximo de informações, como fotos recentes para a equipe ter uma base para a investigação."

Para facilitar no trabalho de busca da polícia é fundamental disponibilizar:

Fotografia nítida;

Características físicas como altura, cor da pele, dos olhos e dos cabelos;

Cicatrizes, marcas de nascença, tatuagens (parte do corpo e desenho), piercings e próteses;

Roupas e pertences que a pessoa utilizava na última vez em que foi vista;

Deficiência física ou intelectual, estado emocional e rotina diária da pessoa desaparecida;

Último local em que ela foi vista;

Dados do aparelho celular;

Dados de redes sociais;

Contexto do desaparecimento.

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*Estagiária sob supervisão de Juliana Netto.

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FONTE: G1 Globo

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