O que é o Telegram? Saiba como funciona o aplicativo
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Regras menos rígidas que os rivais fizeram a ferramenta se tornar alvo de denúncias de propagação de discursos de ódio e informações falsas, além de ser explorada por criminosos. Aplicativo Telegram
Carlos Henrique Dias/g1 O Telegram saiu do ar no Brasil na noite de quarta-feira (26), após uma determinação da Justiça motivada pela recusa da empresa em fornecer dados completos sobre grupos neonazistas, solicitados pela Polícia Federal. Colecionando polêmicas nos últimos anos, o Telegram é um aplicativo de mensagens que foi criado pelos irmãos Durov, uma dupla de empreendedores da Rússia conhecida pela rede social VKontakte (VK), o "Facebook russo". Em 9 anos, se tornou um dos mais populares do mundo com mais de meio bilhão de usuários. O aplicativo ganhou protagonismo na guerra na Ucrânia, já que tem sido usado pelo presidente ucraniano Volodymyr Zelensky. Em seu canal dentro da plataforma, Zelensky envia discursos e informações sobre ataques. O Telegram também passou a ser usado por russos que querem burlar a censura do governo de Vladimir Putin sobre os meios de comunicação. Mas o que esse aplicativo tem de diferente dos outros, como o WhatsApp? Veja abaixo: 1. Mensagens e canais O Telegram foi criado com a missão de ser um aplicativo que protegesse a liberdade e a privacidade dos usuários que trocassem mensagens através dele. Permitindo a criação de grupos com até 200 mil participantes, o aplicativo de distanciou de um mensageiro e se aproximou de uma rede social, como o Facebook, Twitter e Instagram, na avaliação de especialistas. No WhatsApp, por exemplo, o número máximo de pessoas aceito para grupos é de 256. A plataforma também deixa que mensagens sejam enviadas e recebidas sem divulgar o número do telefone. Além disso, há opções adicionais para controlar a exposição de dados, como permitir que só algumas pessoas possam ver quando você está on-line. Outra característica é que o Telegram pode ser acessado em qualquer dispositivo sem depender da internet no celular. Ainda é possível o agendamento de envio de mensagens e busca de pessoas próximas para se comunicar, recurso que exige cuidado. LEIA TAMBÉM Para a PF, Telegram é espaço de 'dark web', ocultando criminosos em aplicativo de fácil manuseio Telegram fora do ar: veja alternativas como SMS, WhatsApp, Instagram e outras Raio x do Telegram Arte / g1 2. Segurança As conversas comuns no Telegram não são criptografadas de ponta a ponta, como acontece no WhatsApp. Essa tecnologia embaralha o conteúdo dos chats para que somente as pessoas que participam da conversa possam visualizá-lo, graças a uma chave que cada um tem. Nos chats convencionais do Telegram há criptografia, mas ela não é do tipo "ponta a ponta". Na verdade, ela acontece na conexão com os servidores da empresa. Veja passo a passo como deixar o Telegram mais seguro A empresa promete que mensagens de texto, fotos, vídeos e outros materiais compartilhados não podem ser decifrados se forem interceptados. O aplicativo optou por essa abordagem para ter um backup em "tempo real" das conversas e permitir que diversos aparelhos se conectem na mesma conta ao mesmo tempo. Por isso, é possível acessar o Telegram pelo computador mesmo que o seu celular esteja sem internet, por exemplo. Apesar disso, o aplicativo oferece a opção de ativar a criptografia de ponta a ponta manualmente em cada conversa por meio do recurso "chats secretos". 3. Privacidade As conversas do Telegram ficam guardadas nos servidores da empresa (com criptografia), o que pode acender um alerta para algumas pessoas – como ocorreu após o vazamento de conversas de autoridades brasileiras em 2019. A promessa do app é não compartilhar esses dados com terceiros, mas como em qualquer empresa há riscos de invasões cibernéticas, ainda que sejam remotas. Eles também afirmam que não possuem vínculos com redes de anúncios e que não irão usar as informações para fins publicitários. "O Telegram só pode ser forçado a entregar dados se um assunto for grave e universal o suficiente para passar pelo escrutínio de vários sistemas jurídicos diferentes em todo o mundo. Até hoje, divulgamos 0 bytes de dados de usuários para terceiros, incluindo governos", escreve o aplicativo em sua documentação oficial. Como abrir uma conta: Baixe o aplicativo para Android ou iPhone; Abra o app e toque em “Comece a conversar”; Selecione o código do seu país (o Brasil é +55) e o DDD da sua cidade; Em seguida, digite o seu número de celular e toque em “Próximo” (ícone de seta); Você receberá um código por SMS para confirmar o número (nunca repasse esse código a ninguém); Informe o código recebido para criar a conta. Colecionando polêmicas As regras menos rígidas que os rivais também fizeram com que o Telegram se tornasse alvo de denúncias de propagação de discursos de ódio e informações falsas. Uma reportagem do Fantástico feita em 2022 mostrou que o app possui diversos grupos brasileiros que compartilham pornografia infantil, tráfico de drogas, venda de armas sem registro, propaganda neonazista, estelionato e até venda de dinheiro falsificado. Assista mais abaixo. Durante as eleições, o aplicativo também virou alvo de preocupação por parte do Tribunal Superior Eleitoral, que mandou a plataforma remover grupos com mensagens sobre violência política. O Telegram chegou a ser multado em janeiro deste ano em R$ 1,2 milhão, ao descumprir uma ordem judicial, por não ter derrubado a conta do deputado federal Nikolas Ferreira por incentivo aos atos violentos às sedes dos Três Poderes. Neste mês, o governo determinou a abertura de um processo administrativo contra a plataforma depois de a empresa desrespeitar o prazo para que redes sociais informassem os mecanismos adotados para identificar e moderar a circulação de conteúdos ilegais, incluindo discursos de ódio. Grupos no Telegram abrigam negociações de drogas, armas, pornografia infantil VÍDEOS: mais assistidos do g1FONTE: G1 Globo