O que quer o jovem?
A qualificação e a oportunidade são vistas pela juventude como os grandes atalhos para o alcance de melhores salários no mercado de trabalho Aprendizes da Rede Cidadã se reúnem em Juiz de Fora para falar sobre a importância do Programa de Socioaprendizagem para a formação profissional.
Luiz Fernando Pires Priamo Quando desenhamos um retrato da vida adulta com giz de cera, ainda durante a infância, o cenário contempla, muitas vezes, uma família, uma casinha com montanhas, um sol amarelo e um emprego, esse último sendo o que nos situa diante do mundo. Entretanto, o salto automático da adolescência estudantil para a vida adulta profissional é um pouco diferente quando deixamos o desenho de lado. Para entender melhor essa fase da vida precisamos observar a realidade da juventude brasileira, quem faz parte dela e onde está situada. Atualmente, de acordo com o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os jovens representam cerca de 24% da população, sendo o maior número de pretos e pardos (60%). A concentração dessas pessoas está nas áreas urbanas (85%, enquanto 15% vivem em área rural). Quando tratamos de renda, cerca de 60% das pessoas vivem com até dois salários-mínimos. Tal retrato é importante para compreendermos como se dá a participação do jovem na sociedade e no mercado de trabalho. Ainda segundo o IBGE, 30,3% das pessoas entre 18 e 24 anos estão desocupadas hoje no Brasil. Mesmo com a Lei 10097/2000, que trata da inclusão de jovens entre 14 e 24 anos sem experiência prévia, permitindo que estudem e trabalhem, ainda há algumas questões que inviabilizam o primeiro emprego de muitas pessoas. Hoje a taxa de participação no mercado de trabalho está abaixo do patamar se compararmos com o período pré-pandemia, segundo levantamento feito pelo IBGE, no primeiro trimestre de 2023. A avaliação é feita em todas as faixas etárias, entretanto a que chama mais a atenção é a que compreende pessoas de 14 anos ou mais que estão inseridas na força de trabalho como ocupadas (com algum tipo de trabalho) ou desempregadas (à procura de emprego). Entre todas as idades, a faixa entre 14 e 17 anos apresenta a maior diferença na taxa de participação no mercado de trabalho, chegando a 17,2%, o que corresponde a 2,8 pontos percentuais abaixo do mesmo período em 2019 (20%). Ainda mensurando o mercado de trabalho para a juventude, um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), mostra que o número de brasileiros empregados, com idades entre 14 e 24, caiu de 18,6 milhões, em 2021, para 17,6 milhões, em 2022. É sabido que os efeitos da pandemia foram devastadores em todo mundo, gerando um alto número de desemprego. Entretanto, um fato novo entra nesta história: mais da metade desses jovens que deixaram postos de trabalho no período da crise sanitária optaram voluntariamente pelo não retorno aos serviços que praticavam. Parte desta juventude, compreendendo a sua realidade e as mudanças do mundo, saiu em busca de formação e aprimoramento de sua força de trabalho. A qualificação foi compreendida como primordial para aqueles que desejam postos de trabalho diferenciados ou mesmo valores de remuneração mais altos. Os números mostram que a juventude opta por encarar um novo mundo, com desafios diferentes aos colocados para seus pais e com outras oportunidades, e a boa formação é fundamental para isso. A modalidade de aprendizagem profissional entra como peça fundamental desse quebra-cabeça. Trata-se de uma política que pode criar oportunidades tanto para os jovens, especialmente no que se refere à inserção no mercado de trabalho, quanto para as empresas, que têm a possibilidade de formar mão-de-obra qualificada. A Rede Cidadã atua diretamente para promover a ponte entre poder público, empresas e pessoas em busca de trabalho, na ideia de gerar emprego e renda para quem vai começar a vida profissional. Todo processo, de modo responsável e criterioso, traz o cumprimento de leis e normas que viabilizam a utilização da mão de obra da juventude brasileira hoje.“A aprendizagem profissional é uma forma adequada e protegida de inserção do adolescente no mercado de trabalho. Hoje nós temos uma dura realidade no Brasil de trabalho infantil, de adolescentes e crianças que se encontram na informalidade, sem direitos trabalhistas, sem proteção securitária. Então, a aprendizagem profissional permite que o adolescente tenha um primeiro contato com o mercado de trabalho e ingresse de forma adequada e protegida e, a partir daí, possa ter início a sua vida no mercado de trabalho”
Para Wagner Gomes do Amaral, procurador do Ministério Público do Trabalho, a atuação junto à juventude tem grande importância para mudança no cenário do trabalho no Brasil. Luiz Fernando Pires Priamo O FUTURO DO TRABALHO Com o cenário de mudanças contínuas, surgimento de profissões e demandas diversas de trabalhos, é necessária atenção para perceber onde estão as oportunidades de emprego. Em recente estudo realizado pelo Observatório da EPT, chamado “Futuro do Mundo do Trabalho para as Juventudes Brasileiras”, foram apontadas novas possibilidades de carreiras e atuação que muitas vezes passam despercebidas pela maior parte dos jovens. Entre mercados importantes com projeção positiva para um futuro próximo estão aqueles ligados à economia verde, com serviços vinculados ao meio ambiente e ações voltadas para sua preservação. Nesta frente são apresentadas funções mais técnicas como o desenvolvimento de energias consideradas limpas, como a eólica e solar. Com grande potencial de desenvolvimento econômico, outra área destacada é a economia criativa, também denominada economia laranja. Esta frente de trabalho crescente trata de atividades cujo desenvolvimento passa pelo aprimoramento de conhecimento, criatividade ou capital intelectual, muitas vezes ligada às profissões artísticas e culturais. Assunto bastante em voga nos últimos tempos, a economia digital é um dos campos que mais vem crescendo em todo mundo, com profissões ligadas ao processamento de dados, programação e inteligência artificial. O relatório ainda aponta como outros campos de destaque para o trabalho são a economia do cuidado, que abrange carreiras ligadas à saúde, como enfermagem, incluindo de instrutores físicos a empregadas domésticas, entre outros. Além das já citadas, também é apontada como promissora a economia prateada, relacionada às atividades econômicas que têm como público consumidor as pessoas com 50 anos ou mais. O preparo para esse cenário é primordial e a Rede Cidadã vem atuando de modo a mitigar a distância entre a expectativa e a realidade, viabilizando o sonho do emprego ideal. A REDE TRANSFORMA Os resultados positivos do trabalho desenvolvido pela Rede junto aos aprendizes são sentidos a todo momento: melhores avaliações em entrevistas de trabalho, um maior desenvolvimento em habilidades diversas como leitura de situação, resolutividade e autonomia, entre outros. Por consequência, um profissional mais capacitado irá ter maiores oportunidades e tais qualidades podem levar a melhores salários e empregos de melhor qualidade. “Quando eu conheci a Rede Cidadã, eu procurava me inserir no mercado de trabalho. Só que não é só você entrar, tem que se manter lá, entende? E nisso a Rede me ajudou muito. Os coordenadores ajudam muito a gente, ensinam como se portar, por exemplo. Porque hoje em dia está difícil emprego e para você ter as melhores oportunidades, você tem que ser o mais qualificado possível.” Mostrando o resultado do trabalho da Rede Cidadã, Helder Bastos Donato, 20 anos, aprendiz do curso de Comércio e Varejo, se vê melhor preparado hoje para um mercado mais exigente. Luiz Fernando Pires Priamo Para quem se interessar pela proposta da Rede Cidadã, existem algumas possibilidades de ingresso como o Programa de Socioaprendizagem no qual os participantes são preparados para fazerem uma transição adequada do mundo escolar para o mundo do trabalho. São desenvolvidas competências socioemocionais e técnicas, facilitando assim, o seu protagonismo em sua vida e em seu trabalho. Para se inscrever nele, basta clicar aqui e preencher o formulário. É gratuito. Para aqueles que já ingressaram nos estudos acadêmicos, há o programa Estágio Rede Cidadã, uma experiência transformadora não só para a formação junto aos estudos, mas para o desenvolvimento de habilidades essenciais para o mundo do trabalho. Como todos os programas e projetos da organização, este também é gratuito. Basta clicar aqui e se inscrever. Visando dar oportunidades a todas e todos, o Programa Rede Inclusiva busca abrir espaço para atuação, capacitando e encaminhando pessoas com deficiência e reabilitadas ao mundo do trabalho. São desenvolvidas habilidades específicas, mas também um acompanhamento socioemocional para fortalecer laços interpessoais dos indivíduos. O trabalho é realizado em conjunto com instituições públicas e privadas, a fim de oferecer atendimento especializado a qualquer pessoa interessada, com extensão para suas famílias. As inscrições são feitas aqui. Há várias outras oportunidades para diversos públicos. Fique de olho nas redes sociais da Rede Cidadã para se manter informado. EXPERIÊNCIA DE SUCESSO O desempenho positivo da Rede é marcado por premiações e reconhecimento internacional. Em 2022, a Rede Cidadã foi novamente finalista do Prêmio Educador Social FECTPA/MG. A ONG conquistou o projeto “Pré-ENEM Social”, da educadora social Marielly Marry. Ainda em 2022, a ONG se manteve entre as 100 organizações brasileiras do terceiro setor contempladas pelo Prêmio Melhores ONGs, do Instituto Doar, e subiu da 11ª para a 5ª colocação no ranking Great Place to Work das melhores organizações do terceiro setor para se trabalhar, entre as 75 organizações semifinalistas. A Rede Cidadã também ficou novamente entre as 200 melhores ONGs DO MUNDO pelo ranking thedotgood (antigo NGO Advisor), sendo a 77ª melhor ONG do mundo e a 3º melhor no Brasil. Interessados em fazer parte da Rede Cidadã podem procurar informações pelo site da instituição, ou pelos perfis no Instagram ou Facebook.FONTE: G1 Globo