Objetivos climáticos dos Emirados são ‘insuficientes’, diz observatório
O novo plano de redução de emissões de gases dos Emirados Árabes Unidos (EAU), que este ano sediarão as negociações climáticas da ONU, é "insuficiente", segundo uma análise publicada nesta quinta-feira (20), que denuncia que o país quer aumentar a produção de petróleo.
Os Emirados publicaram, na semana passada, uma atualização sobre seus compromissos para combater as mudanças climáticas, alinhados com o Acordo de Paris, chamado de "contribuição determinada a nível nacional" (NDC).
O novo plano estabelece uma meta mais ambiciosa para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa, de 19% até 2030 em relação aos níveis de 2019. A meta anterior era de 7,5%, segundo o relatório.
O país, com 10 milhões de habitantes, emitiu 225 milhões de toneladas equivalentes de CO2 em 2019, mais que o triplo por habitante do que um país europeu industrializado como a França.
No entanto, o projeto Climate Action Tracker, dirigido por ONGs ambientalistas, chamou o plano de "inviável" por causa de projetos para aumentar a produção de combustíveis fósseis.
"Embora os Emirados Árabes Unidos tenham atualizado seus objetivos, eles ainda estão longe da meta, principalmente em termos de implementação das políticas necessárias para atingir seus objetivos e poder avançar sem energias fósseis", disse Santiago Woollands, do Instituto NewClimate, que participou da análise.
O acordo de Paris visa limitar o aquecimento global ao limitar o aumento das temperaturas a +2ºC ou, na medida do possível, +1,5ºC em relação à era pré-industrial.
As emissões globais devem cair 43% até 2030 em relação aos níveis de 2019 para atingir essa meta, de acordo com cálculos de especialistas das Nações Unidas.
Na semana passada, a ministra de Mudanças Climáticas dos Emirados, Mariam Almheiri, reconheceu, no entanto, que o novo plano não estava de acordo com o Acordo de Paris e prometeu reforçá-lo.
Como nos planos dos demais países, o NDC dos Emirados leva em conta apenas as emissões em nível nacional e não as causadas pela combustão do petróleo que o país exporta, que produz cerca de 3 milhões de barris por dia, segundo a Opep.
O presidente da petrolífera nacional Adnoc, Sultan Al Jaber, que presidirá as negociações da COP28 de 30 de novembro a 12 de dezembro, declarou que espera que os combustíveis fósseis continuem sendo utilizados, com a ajuda de dispositivos de captura ou armazenamento de carbono. Os Emirados planejam desenvolver esses dispositivos.
A Adnoc planeja investir 150 bilhões de dólares (718 bilhões de reais, na cotação atual) na expansão de petróleo e gás.
FONTE: Estado de Minas