Oposição à mineração na Serra do Curral é pauta no Comitê do São Francisco
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Mateus Parreiras
Enviado especial a Ouro Preto
A condenação ao licenciamento da mineração na Serra do Curral se tornou um dos assuntos mais debatidos no lançamento da campanha pela revitalização do Velho Chico, nesta quarta-feira (18/5), em Ouro Preto. O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) criticou a liberação das atividades da Taquaril Mineração SA (Tamisa), classificadas como “impensável” e um “crime”.
A mineração na cadeia montanhosa fica dentro da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, um dos principais afluentes do rio da integração nacional e o segundo maior contribuinte em termos de volume de água. “É algo impensável isso que querem fazer (exploração minerária da Serra do Curral). Aquela é a área de recarga de Belo Horizonte e da Grande BH pela Bacia do Rio das Velhas”, comentou o presidente do CBHSF, Maciel Oliveira.
O vice-presidente do CBHSF, Marcus Vinícius Polignano, disse que a situação configura uma série de desastres trazidos pelas políticas minerárias aos recursos hídricos do Rio São Francisco. “No alto Rio das Velhas temos três barragens em nível máximo de instabilidade (B3B4, em Nova Lima, Sul Superior, em Barão de Cocais, e Forquilha 3, em Ouro Preto) e nos ameaçam. Tivemos o rompimento em Brumadinho sobre o Rio Paraopeba. Agora querem destruir a Serra do Curral”.
“Estamos horrorizados com a proposta de minerar a serra do curral. Cobramos um posicionamento do comitê do Rio das Velhas, que já se posicionou contra o empreendimento. É uma região de recarga hídrica para o Velhas e o São Francisco. Faz parte da rede que permite a segurança hídrica de BH”, descreve Polignano.
Críticas ao governo
O CBHSF e o CBH Rio das Velhas não têm competência legal para opinar na implantação do empreendimento porque a outorga da Tamisa, que é a captação de água, é considerada pequena e aprovada analisada apenas pelo Instituto Mineiro de Águas (Igam). Contudo, os dois comitês se posicionaram contra o licenciamento.
Segundo o vice-presidente do CBHSF, há, ainda, questões históricas, culturais e afetivas que não teriam sido levadas em conta quando o Conselho Estadual de Políticas Ambientais (Copam) e a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMAD) deram perdição à Tamisa para avançar na mineração na cadeia montanhosa.
“A história de Minas Gerais passa por lá. A serra era o caminho por onde passavam as tropas com o abastecimento de gado das Gerais, na região de Curvelo e dos sertões, e as levava para as minas de ouro e diamantes. BH está no sopé da serra que faz um anfiteatro para a cidade”, destaca Polignano.
Marcus Vinícius também criticou a postura do governador Romeu Zema. “Hoje, a maior ameaça à gestão das bacias hidrográficas tem sido o governo, que defende a mineração na Serra do Curral. Em vez disso, deveria estar comprometido com a preservação de um bem para as gerações. Não vemos dinheiro de revitalização nem política pública para a área de recarga. Somente uma política de desmonte ambiental”.
FONTE: Estado de Minas