Petro alerta oposição na Colômbia contra tentação de ‘derrubar governos’

23 jun 2023
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O Congresso e as forças políticas "se aproximam de um momento de definição" na Colômbia, avaliou o presidente de esquerda Gustavo Petro, que advertiu a oposição contra a tentação de "derrubar governos" e a convidou a unir-se a um "pacto social".

Milhares de pessoas se manifestaram na terça-feira nas principais cidades colombianas contra as reformas promovidas pelo governo de Petro, que enfrentam dificuldades para se concretizar em um Congresso sem maioria governista.

O governo iniciou seu mandato em agosto de 2022 com o apoio da esquerda e alguns partidos tradicionais, mas vários escândalos colapsaram a coalizão, enquanto suas reformas naufragam no primeiro ano de gestão.

"A sociedade e o Congresso, as forças políticas, se aproximam de um momento de definição", afirmou Petro, ao ser questionado, durante uma entrevista à AFP em Paris, sobre o risco de que o caso das escutas ilegais que assola seu governo dificulte seu trabalho.

As forças políticas colombianas, acrescentou, enfrentam o dilema de se aproximar do "lugar comum" da América Latina de "derrubar governos por meio de golpes, alguns parlamentares", ou de um "pacto social" baseado na "construção de uma nova riqueza".

"Se optarem pela violência de destruir o governo popular, o povo responderá", mas se a oposição "aceitar nosso convite, poderemos construir uma grande nação pacífica, moderna e profundamente democrática, que é o que eu almejo", ressaltou.

- Reformas -

O primeiro presidente de esquerda da Colômbia passa por um dos piores escândalos políticos de seu governo, sob investigação por um caso de escutas ilegais e suposta corrupção no financiamento de sua campanha presidencial.

Além disso, sua falta de maioria o impediu de aprovar medidas importantes como a reforma trabalhista que visa reduzir a jornada de trabalho, ordenar o pagamento de horas extras e endurecer as condições para as demissões.

"Aí fracassamos no processo", confessa o também economista, que destacou que a Colômbia tem o maior número de horas semanais trabalhadas por pessoa entre os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Sobre sua reforma agrária, estimou que "resolver o problema da posse das terras", cuja situação comparou com a época do feudalismo na Espanha, permitirá "melhorar as condições de desigualdade social" e "suscitar a base de uma industrialização do país".

Também pediu ajuda aos Estados Unidos e à Europa para acabar com a concentração de terras, cenário que "se agravou com o narcotráfico", com medidas que ajudem a financiar o projeto que busca "comprar terra de quem tem (...) e entregá-la a quem não tem".

- "Paz total" -

O presidente conversou com a AFP junto às imponentes colunas da antiga sede da Bolsa da capital francesa, o neoclássico palácio Brongniart, ao fim da cúpula para um novo pacto financeiro global.

Em novembro do ano passado, este ex-guerrilheiro de 63 anos esteve no mesmo local para apresentar seu plano de "Paz Total" e defender uma mudança na política mundial de drogas, durante o Fórum da Paz de Paris.

Desde então, o governo da Colômbia e o Exército de Libertação Nacional (ELN), última guerrilha ativa no país, assinaram no início de junho em Havana um acordo de cessar-fogo por um prazo de seis meses.

E agora quer conseguir o mesmo de uma maneira "muito séria, muito verificável" com o Estado-Maior Central (EMC), a principal dissidência da ex-guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), em um processo que já se inicia, inclusive com "delegações já configuradas", revelou.


FONTE: Estado de Minas


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