Pitty reativa primeiro álbum em releitura que destaca Emicida, MC Carol, Pabllo Vittar, Planet Hemp e Tuyo
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A maioria do elenco se distancia da atmosfera roqueira do disco original de 2003 sem atenuar a força das letras da artista. Pitty lança 'Admirável chip novo (re)ativado', releitura do álbum que projetou a artista há 20 anos
Caio Lírio / Divulgação Capa do álbum 'Admirável chip novo (re)ativado', de Pitty Arte de Renan Gago Resenha de álbum Título: Admirável chip novo (re)ativado Artista: Pitty com Céu, Criolo, Emicida, Marina Peralta, MC Carol, Ney Matogrosso, Pabllo Vittar, Planet Hemp, Rockers Control, Sandy, Supercombo, Tropkillaz e Tuyo Edição: Deck Cotação: ★ ★ ★ 1/2 ♪ “Cada um em seu casulo, em sua direção / Vendo de camarote a novela da vida alheia / Sugerindo soluções, discutindo relações / Bem certos que a verdade cabe na palma da mão / Mas isso não é uma questão de opinião / ... / E isso é só uma questão de opinião”, rima Emicida, ao imprimir o discurso, a prosódia e a batida do rap em Teto de vidro, em registro que expõe a voz de Pitty no refrão. Produzida por Felipe Vassão, a gravação de Emicida com Pitty abre e valoriza a releitura do primeiro álbum da artista, Admirável chip novo (2003), revisto após 20 anos por elenco heterogêneo que desconstrói a atmosfera roqueira do disco original em nome da diversidade, mas sem diluir a força das letras das 11 músicas autorais, escritas por Pitty com aguda visão do mundo. O verbo incisivo de Pitty é a alma imortal de álbum que apontou falhas ainda persistentes no sistema social. Como em todo projeto coletivo, há disparidade entre os resultados das faixas. Contudo, o saldo é positivo. Admirável chip novo ressurge de fato reativado. Banda carioca que mais se aproxima do universo de Pitty dentre os 13 nomes do elenco, Planet Hemp dá o peso do hard rock à música-título Admirável chip novo em registro incandescente produzido pelos integrantes do grupo. Pabllo Vittar é outro destaque da releitura ao trazer Equalize (Pitty e Peu Souza) – única balada do repertório do álbum – para o universo da artista em gravação que começa na cadência do reggae e evolui para a batida do eletrobrega. O time da Brabo Music assina a produção da faixa. O trio Tuyo também sobressai em Admirável chip novo (re)ativado com versão de O lobo, que ganha textura harmoniosa, elegante e envolvente em gravação produzida Lay, Lio e Jean Machado com Lucs Romero. Representante da MPB, Ney Matogrosso põe Máscara em patamar mediano no conjunto da obra. Faltou ao registro o viço vocal que o cantor tem mostrado em shows e discos recentes. Nesse mesmo patamar, Céu enfrenta Emboscada – formatada pelo produtor Pupillo em ambiência eletrônica afinada com o universo da cantora – e Criolo se junta ao duo Tropkillaz para cantar Do mesmo lado sem pegada. Já Sandy parece sem estofo vocal para encarar o peso emocional de Temporal em gravação produzida e mixada por Jason Tarver. Em contrapartida, MC Carol, uma das vozes mais potentes do funk fluminense, MC Carol marca posição e passa toda a visão de Só de passagem, legitimando versos como “Não tenho cor nem cheiro / Não pertenço a lugar algum / Eu posso ir e vir como eu quero / Nada me toca nem aprisiona / Vou pairando leve, leve / Acima da carne e do metal / Eu possuo muitas coisas / Nada disso me possui”. Marina Peralta ameniza as angústias de I wanna be na praia do reggae – já frequentada pela cantora sul mato-grossense – em fluente gravação feita com o grupo Rockers Control, produtor do fonograma. No fecho do disco, o grupo Supercombo faz abordagem de Semana que vem em gravação que tangencia a atmosfera roqueira do álbum original de 2003, reativado sob direção artística de Pitty e Rafael Ramos (com alegada liberdade para o elenco recriar as músicas) em releitura que, com mais altos do que baixos, consegue de fato trocar o chip do disco que projetou Pitty em todo o Brasil há 20 anos.FONTE: G1 Globo