Polícia Civil ouve servidores investigados em caso de morte de escrivã

29 jun 2023
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A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) ouviu, na manhã desta quinta-feira (29), servidores que trabalhavam com a escrivã Rafaela Drumond na Delegacia de Carandaí, na região do Campo das Vertentes. A servidora tirou a própria vida no dia 9 deste mês, após fazer denúncias de que sofria assédio e perseguição dentro da unidade policial.
Em nota, a instituição informou que o procedimento faz parte da investigação e que mais informações serão divulgadas quando for possível.
Dois servidores que trabalhavam diretamente com Rafaela, o delegado Itamar Claúdio Netto e o investigador Celso Trindade, são alvos da investigação da Corregedoria da Polícia Civil. Na última semana, eles foram transferidos para uma delegacia em Conselheiro Lafaiete, na Região Central do estado.
Nos áudios enviados por Rafaela para uma amiga, ela cita ter conversado com o delegado sobre as denúncias de assédio, mas não teve apoio do superior. “Não quis tomar providência porque ia me expor. Isso é Carandaí, cidade pequena. Com certeza ia se voltar contra quem? Contra a mulher. Eu deixei, prefiro abafar. Eu só não quero olhar na cara desse boçal nunca mais”, disse a escrivã.
 
Rafaela diz ainda que foi aconselhada a deixar os problemas de lado, que deveria esquecer o que desagradasse. Conta ter sofrido o assédio sexual de um colega, em 2022. “Eu nem contei pra vocês, porque, sabe, umas coisas que me desgastam. Quanto mais eu falo, mais a energia volta. Fiquei calada. Fiquei quieta na minha, achando que as coisas iriam melhorar. Eu não incomodo muita gente, mas, enfim, agora chega”, disse Rafaela.

Relembre o caso

Rafaela Drumond, de 31 anos, foi vítima de suicídio. Na sexta-feira (9), ela estava na casa dos pais, na cidade de Antônio Carlos, na região do Campo das Vertentes, quando tirou a própria vida.
A escrivã trabalhava em uma delegacia em Carandaí. Nos últimos meses, Rafaela teve mudanças em sua personalidade, passando a ficar mais retraída e calada. O fato chegou a incomodar os pais que, após uma conversa com ela, foram informados de que ela estava estudando para um concurso de Delegada da instituição. 
Semanas antes do ocorrido, Rafaela chegou a denunciar casos de assédio moral e sexual dentro da delegacia em que era lotada. Imagens e áudios que circulam nas redes sociais mostram relatos da policial que, em alguns deles, detalha os assédios que sofria.

Ela também reclamava das escalas de trabalho e da falta de folgas. “Ele ficava dando em cima de mim. Teve um povo que foi beber depois da delegacia, pessoal tinha mania disso de fazer uma carne. Ele começou a falar na minha cabeça, e eu ficava com cara de deboche, não respondia esse grosso. De repente ele falava que polícia não é lugar de mulher. No fim das contas, ele me chamou de piranha”, disse ela em um dos áudios.


FONTE: Estado de Minas

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