Polícia de Hong Kong prende artistas na véspera do aniversário do massacre da Praça da Paz Celestial
A polícia de Hong Kong deteve quatro pessoas por atos "sediciosos" e "comportamento desordeiro" neste sábado (3), na véspera do 34º aniversário do massacre da Praça Tiananmen (Paz Celestial) de Pequim.
A polícia explicou que quatro pessoas foram presas por "comportamento desordeiro no espaço público" e por "atos com fins sediciosos".
Além disso, outras quatro pessoas são suspeitas de "perturbação da ordem pública" e foram detidas para "facilitar a investigação", indicou a polícia em sua página no Facebook, sem revelar os nomes dos detidos.
Uma das detenões aconteceu em uma rua movimentada do distrito comercial de Causeway Bay, onde o artista Sanmu Chen começou a gritar: "Não esqueçam o 4 de junho. Povo de Hong Kong, não tenha medo deles", constataram correspondentes da AFP.
Um policial gritou: "Pare com os atos sediciosos". Em seguida, o artista foi levado para uma viatura das forças de segurança.
Outra artista performática famosa, Chan Mei-tung, que estava caminhando pela área, também foi detida.
A força de segurança também deteve neste sábado um jovem casal que estava com um crisântemo branco - uma flor normalmente utilizada como sinal de perda ou luto.
Ao ser questionado se o casal estava sendo preso, o homem que estava com a flor respondeu: "Não tenho ideia", ao mesmo tempo que era levado por policiais.
No dia 4 de junho de 1989, um domingo, as Forças Armadas chinesas entraram com tanques na Praça da Paz Celestial, em Pequim, para acabar com protestos pacíficos que exigiam, há várias semanas, a mudança do regime político.
A repressão em Tiananmen é um tema muito delicado na China e os atos em memória das vítimas do massacre (centenas ou mais de 1.000, de acordo com as fontes) estão proibidos na China continental.
Durante décadas, Hong Kong era a única cidade da China com homenagens para as vítimas com grande presença de público, mas em 2020 o governo chinês impôs uma lei de segurança restritiva contra qualquer ato dissidente na ex-colônia britânica, após gigantescas (e em alguns casos violentas) manifestações pró-democracia.
Desde então, os eventos de recordação do massacre da Praça da Paz Celestial estão proibidos e os organizadores dos eventos são detidos e acusados com base na lei de segurança.
Este ano, as autoridades se recusaram a confirmar se os atos estavam proibidos, limitando-se a repetir que "todos devem agir de acordo com a lei".
FONTE: Estado de Minas