Polícia investiga influenciadoras denunciadas por ‘racismo recreativo’
A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) anunciou, nesta quarta-feira (31) a abertura de uma investigação contra duas influenciadoras que postaram vídeos nas redes sociais que geraram acusações de "racismo recreativo". Elas aparecem dando a crianças negras presentes como um macaco de pelúcia e uma banana.
Com 17 milhões de seguidores no TikTok, Instagram e YouTube, Kerollen e Nancy, que se apresentam como mãe e filha, publicaram vídeos em que a primeira se aproxima de crianças negras na rua e pergunta se elas querem dinheiro ou um presente.
Em uma das publicações, ela oferece a um menino 10 reais ou um pacote vermelho. Ele escolhe o presente, que contém uma banana.
"Você gostou?", ela pergunta. "Não", responde o menor.
Em outra, Kerollen oferece a uma menina cinco reais ou uma caixa embrulhada em papel brilhante, e depois ri quando a criança a abre e encontra um macaco de pelúcia.
No vídeo, a mulher veste a camisa amarela da seleção brasileira de futebol, que se tornou um símbolo dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (2019-2022).
Os vídeos, que não estão mais disponíveis online, causaram polêmica depois que uma advogada e defensora dos direitos das pessoas negras, Fayda Belo, os condenou como "racismo recreativo" e seus comentários viralizaram.
"Até onde vai a crueldade do ser humano... Vocês têm noção da crueldade que essas duas fizeram com essas duas crianças?", questionou Belo no Instagram, onde tem 325 mil seguidores.
O Ministério Público do Rio de Janeiro disse ter recebido 690 comunicações denunciando os vídeos como possíveis crimes de ódio.
A Polícia Civil do Rio, por sua vez, informou que a Decradi abriu uma investigação. "Os vídeos serão analisados e diligências estão em andamento para identificar todos os envolvidos e apurar os fatos", indicou em comunicado enviado à AFP.
Em uma nota no Instagram, a defesa de Kerollen e Nancy afirmou que as duas estão "consternadas com as alegações e repudiam veementemente qualquer forma de discriminação racial".
"As publicações em questão foram retiradas de contexto e interpretadas de maneira distorcida. As influenciadoras não tiveram a intenção de promover o racismo ou ofender qualquer indivíduo ou grupo étnico", diz o texto.
Em outros vídeos, as mulheres fazem piadas, criticam dicas de beleza e participam de sessões e apresentações gospel em uma igreja evangélica.
FONTE: Estado de Minas