Prefeitura busca parceria com mineradora para salvar o Juquinha
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Já em estado de degradação e avariado por vandalismo ao ponto de poder ter a sua estrutura comprometida, como tem mostrado a reportagem do Estado de Minas desde 10 de junho, a estátua do Juquinha da Serra do Cipó angariou ainda mais apoio para a sua restauração. A Prefeitura de Santana do Riacho, cidade da Região Central de Minas onde o monumento está instalado, está em tratativas com a mineradora Anglo American, que é dona do terreno, para iniciar o processo de restauro, segundo informações da administração municipal.
“O prefeito de Santana do Riacho, Fernando Burgarelli, vai encaminhar um ofício à empresa explicando a necessidade de se fazer uma avaliação mais assertiva do bem, para uma possível intervenção do que for necessário, além de propor uma possível parceria”, informou a secretária municipal de Educação e Cultura, Verônica Julhie Machado Ferreira.
Segundo a secretária, por parte do município de Santana do Riacho, o prefeito e o Setor de Patrimônio Cultural, da Secretaria de Educação e Cultura do Município, “não medirão esforços para que a estátua do Juquinha possa retornar ao seu aspecto inicial”.
Uma intervenção inicial, de acordo com a secretária, consiste na limpeza para remover as pichações feitas recentemente e denunciadas pelo EM, impermeabilização da obra, aplicação de fungicida, entre outros procedimentos. “Após essas intervenções deverá ser feita a iluminação da estátua, para que os turistas e moradores possam vê-la durante a noite, procedimento este, que também gerará uma segurança maior àqueles que a visitarem”, disse Verônica Ferreira.
Os custos e a empresa ou profissionais envolvidos no restauro ainda não foram selecionados. A criadora do monumento ao Juquinha, inaugurado em 1987, a artista plástica Virgínia Ferreira, fez as últimas duas reformas, a última há 20 anos, tendo inclusive projeto de restauração aprovado no Ministério da Cultura e aguardando parcerias.
“Se uma restauração não for feita imediatamente, pode não restar muito para se recuperar. Restauração não faz milagres. O Juquinha precisaria de ter trabalhos preventivos e de restauro a cada 5 anos, mas está abandonado. Isso me deixa muito triste”, afirma Virgínia Ferreira.
Pelo projeto da artista que concebeu a estátua, o restauro pode levar até dois meses. “Seria preciso cerca de 15 pessoas, erguer estruturas de apoio, iluminação artificial e material específico. Novas formas precisariam ser moldadas para substituir as de cimento perdidas para o tempo e o vandalismo”, disse a artista.
Um dos cartões-postais da Serra do Cipó, a estátua do Juquinha é tombada desde 2021 pelo município de Santana do Riacho, por seu valor histórico, cultural e afetivo para a população. O tombamento é reconhecido pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha).
O Juquinha da Serra do Cipó não tem tombamento pela União, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o que também lhe conferiria ainda mais proteção. Segundo o Iphan, para uma obra ser tombada precisa cumprir alguns requisitos. Pode ter valor histórico, ou seja, relevância no contexto histórico, podendo estar associada a eventos, personalidades ou períodos de importância histórica significativa. O valor pode ser artístico, se tiver relevância estética e artística, seja por seu estilo, autoria, técnicas utilizadas, entre outros aspectos. Pode ter um valor cultural, ao representar aspectos da cultura local, regional ou nacional, contribuindo para a identidade cultural da sociedade. Raridade também é uma possibilidade, quando há singularidade ou escassez de obras semelhantes e a integridade e autenticidade podem ser decisivas para o tombamento.
Uma vez tombado pelo Iphan, a obra recebe salva-guarda legal: proteção jurídica especial, impedindo sua destruição, descaracterização, transferência ou exportação sem autorização do Iphan. Os bens tombados estão sujeitos à vigilância do Iphan, que poderá inspecioná-los sempre que for julgado conveniente, não podendo os respectivos proprietários ou responsáveis criar obstáculos à inspeção.
Ocorre também a valorização cultural: o tombamento reconhece o valor cultural e histórico do bem, promovendo sua preservação e conscientização da importância do patrimônio cultural. Sem falar que podem ocorrer incentivos e apoio: “Bens tombados podem ter acesso a incentivos fiscais, linhas de financiamento e apoio técnico para sua conservação e restauro”, informou o instituto.
FONTE: Estado de Minas