Prefeitura de Passos faz “limpa” em terreno de escola e causa revolta

12 jul 2023
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A decisão da Prefeitura de Passos de destruir um pomar e uma horta de verduras na Pré-Escola Municipal Professora Ana Maria Ribeiro, na Rua Guanabara, 875, bairro Jardim Polivalente, mexeu com a comunidade escolar, defensores da Ecologia e com a população em geral. No terreno onde ficavam essas benfeitorias será construído um Cemei (Centro Municipal de Educação Infantil). Se a intenção foi boa, não chegou assim aos olhos de muita gente. 
Desde que motosserras e máquinas chegaram ao local, na semana passada a situação complicou. A Pré-Escola fica num espaço privilegiado, onde o ambiente propicia a paz. Foi construída numa antiga chácara com pomar e uma bela área verde.

Desde 2007 atende 250 crianças de 4 e 5 anos. A alfabetização ecológica é um trabalho já incorporado à prática dos docentes. Ao longo de 15 anos, além das árvores que ali existiam como, por exemplo uma mangueira de 40 anos, 6 jabuticabeiras, 2 amoreiras, abacateiro, goiabeiras, acerola, entre outros, a comunidade escolar, especialmente alunos e professores, foram plantando mais árvores, construíram uma casinha em uma delas, uma pracinha sensorial, gramaram o quintal da escola, tudo isso com recursos arrecadados pelo colegiado escolar.

Ocorre que, a partir de uma necessidade real da comunidade por mais vagas, a prefeitura decidiu destruir a grande área verde da escola e construir um Cemei, ou seja, uma escola dentro da outra, mesmo a contragosto da equipe e direção da escola.

”Foi tudo muito rápido e feito sem um amplo debate com a comunidade. O que me parece é que com um orçamento de R$ 4 miilhões para construção, a prefeitura decidiu economizar no terreno”, disse Giseli Barbosa de Melo Barbara, professora da escola por 13 anos e que hoje trabalha na Escola Municipal Coronel Azarias de Melo, na área rural de Passos.

“Não tinha necessidade. Tanto dava para construir sem prejudicar as árvores como dava para comprar outro terreno. A prefeitura certamente tem recursos pra isso”, falou a educadora, dizendo não ser contra a construção do Cemei, mas sim de usarem o espaço cheio de significados.

As crianças viram tudo e, como já têm consciência ecológica, sofreram muito vendo as árvores serem cortadas e passadas no triturador. Segundo relatos de profissionais, crianças e professores choraram muito. No Facebook, manifestações de lamento e revolta. “Nossa, que triste, minha filha participou da horta e hoje ela já tem 18 anos. Amo esta escola e tudo que faz principalmente a horta”, escreveu uma mãe.

”Lamentável! Como dizer que é em prol da comunidade? Se já chega com o marco da violência e desprezo por algo construído com a colaboração de pais, crianças e educadores? Não existe justificava boa o suficiente. Quando as benfeitorias em bairros de gente trabalhadora vão ser construídas, pensando no bem-estar dos moradores? Me lembro dos prêmios e reconhecimentos recebidos por todo o país, motivo de orgulho para todos os moradores do Santa Luzia e Jardim Polivalente, uma escola agradável e verde, passaram por cima e derrubaram tudo, sem nem pensar duas vezes assim como passam em vários outros sentidos”, relatou uma moradora da cidade que não quis se pronunciar.

Outro lado

De acordo com a Comissão de Educação, responsável por Construção e Ampliação, a decisão de construir um Centro Municipal de Educação Infantil (Cemei) ao lado da Pré-Escola Municipal Ana Maria Ribeiro se deu pela grande demanda de vagas para atender as crianças daquela localidade.
A nota explica ainda que, mesmo não se tratando de uma Área de Preservação Permanente (APP), tudo foi analisado com muita cautela, após estudo por equipe especializada, respeitando e preservando ao máximo os espaços naturais. A Comissão garante que a maioria das árvores será preservada e a horta será transferida para outro espaço, e que "o projeto foi ajustado às observações feitas pela direção e também pela comunidade".
Com essa construção, ainda conforme explicou a Comissão, também se tentará coibir o número de animais peçonhentos, que eram motivos de inúmeras ocorrências relatadas pela direção e pelos pais de alunos. "Tudo está sendo feito de forma muito respeitosa e criteriosa para causar o mínimo de impacto e atender o máximo de crianças, atualmente sem escola", finaliza a nota.

FONTE: Estado de Minas

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