Prefeitura de SP cita risco na cracolândia e deixa rua sem luz por 3 dias

17 mar 2023
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Moradores de um quarteirão da rua dos Gusmões, na Santa Ifigênia, centro de São Paulo, ficaram sem iluminação pública por mais de 72 horas. O problema teve início na segunda (13) e durou ao menos até a tarde de quinta (16), conforme os relatos, no trecho entre as ruas dos Andradas e do Triunfo.

 

Essa parte da via é ocupada na madrugada por usuários de drogas que frequentam a cracolândia. Ao acionar o canal de atendimento da prefeitura, os moradores ouviram que técnicos estiveram no local, mas foram embora por considerarem o perímetro como área de risco.

 

A aglomeração de dependentes químicos vem causando transtornos a quem vive nos arredores e espantando serviços como entregas de comida e de encomendas e transporte por aplicativo e táxi. Em dezembro, nesse mesmo trecho, moradores chegaram a "sequestrar" uma equipe da concessionária Enel para ter a luz de seus imóveis reestabelecida — inconformados com a falta de luz havia 72 horas, eles impediram os técnicos deixassem a região sem fazer o conserto.

 

Procurada sobre o novo problema, a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) disse na tarde de quinta que a SP Regula Iluminação Pública enviou uma equipe que constatou a falha no circuito e fez o reparo. Moradores confirmaram à reportagem o retorno da iluminação.

 

A reportagem teve acesso a gravações que mostram diálogos entre um morador e atendentes da central 156.

 

Após o autor do pedido fornecer o número do protocolo, a atendente respondeu que a solicitação foi fechada depois de uma equipe de manutenção ir ao local mencionado, por volta das 21h41 de terça-feira (14), e entender se tratar de área de risco.

 

Conforme a atendente, foi deixada uma observação para que outra equipe fosse ao endereço durante o dia, o que, segundo o autor do pedido, não aconteceu.  

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Em uma outra gravação, um funcionário explicou que a equipe de manutenção constatou atividade ilícita de venda de droga e resolveu deixar o local sem executar o serviço.

 

"É péssimo, já não temos segurança. Não tem polícia na rua. As mulheres são as mais afetadas. É angustiante. Imagina passar no meio disso no escuro?", disse o autônomo Pablo Ferreira, 34.

 

Um outro morador, que pediu para não ser identificado, também reclama da insegurança. De acordo com ele, nunca é possível saber o estado em que se encontram os usuários, além de se sentir preso dentro de casa.

 

Em nota, a prefeitura afirmou que a SP Regula providencia diariamente reparos necessários para a melhoria da iluminação pública, trocando lâmpadas com mau funcionamento e vistoriando a correspondente fiação que, em alguns casos, pode ter sido furtada ou alvo de vandalismo.

 

"Em situações normais, a manutenção é realizada no prazo máximo de 24 horas. No entanto, em decorrência de fatores externos como queda de árvores, furto de cabos ou fenômenos naturais, esse prazo poderá ser estendido", acrescentou. 

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COMERCIANTES FECHAM AS PORTAS

A Folha de S.Paulo mostrou nesta quinta que ao menos 23 comerciantes fecharam as portas nos últimos três meses na região da rua Santa Ifigênia e no bairro de Campos Elíseos, também no centro de São Paulo, após a chegada de usuários de drogas.

 

O fluxo, como é chamada a concentração da cracolândia, se espalhou pelas ruas do centro há dez meses, desde a ação policial que esvaziou a praça Princesa Isabel, em maio do ano passado. Antes de ocupar a praça, os dependentes químicos se reuniam no entorno da estação da Luz.

 

A reportagem percorreu as ruas Guaianases, dos Gusmões, Conselheiro Nébias, General Osório, Vitória e Aurora na semana passada e contou o número de estabelecimentos sem funcionar com placas de "Aluga-se" ou "Vende-se".

 

Na rua Guainases, entre as ruas Vitória e Aurora, há metade de um quarteirão com lojas desocupadas. Ao lado, um estacionamento também encerrou as atividades. Em determinadas horas do dia, a rua se torna intransitável devido à aglomeração de usuários de drogas.

 

A maior parte dos comércios fechados é de lojas de peças para motocicletas e oficinas, mas há também uma agência da Caixa Econômica transferida da rua Vitória e um restaurante italiano que funcionava desde 1971 na rua Aurora.


FONTE: Estado de Minas


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