Prêmio dado a Simone no Grammy Latino 2023 pelo conjunto da obra é merecido e vem na hora certa

19 jul 2023
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Único nome do Brasil entre os seis homenageados, cantora é laureada no momento em que celebra 50 anos de carreira com turnê pelo país no embalo da boa repercussão do disco 'Da gente'. ♪ ANÁLISE – Simone é um dos seis nomes agraciados com o Prêmio à Excelência Musical do Grammy Latino 2023. Trata-se de um prêmio pelo conjunto da obra que, no caso específico de Simone, é merecido e vem na hora certa, já que a cantora está celebrando 50 anos de carreira em 2023.

Artista de origem baiana que reside na cidade do Rio de Janeiro (RJ) desde a década de 1970, Simone é o único nome do Brasil no time de artistas que serão homenageados pela Academia Latina de Gravação em evento privado agendado para 12 de novembro no Teatro Lope de Vega, em Sevilha, na Espanha. Essa premiação paralela acontecerá na semana da 25ª edição do Grammy Latino.

Cantora associada ao universo da MPB desde que lançou o primeiro álbum em 1973, Simone é uma das vozes mais importantes do Brasil neste segmento musical, atualmente posto para escanteio no mercado nacional pelo coquetel genérico de pop, funk, sertanejo e forró que domina o mainstream da indústria da música.

Na fase em que a MPB foi hegemônica na preferência popular, Simone lançou pela gravadora Odeon álbuns relevantes que, com o tempo, se tornaram referenciais. São os casos de Face a face (1977), Cigarra (1978), Pedaços (1979) – a obra-prima da discografia da cantora – e Simone (1980).

Quando assinou contrato em 1981 com a gravadora então denominada CBS (transformada em Sony Music em 1991), Simone optou por seguir fórmulas sonoras, mas, ainda assim, legou discos importantes. Os álbuns Amar (1981) e Corpo e alma (1982) são o suprassumo da discografia da artista nos anos 1980, década em que a voz de Simone alcançou as massas.

Sob o prisma popular, seria injusto minimizar o alcance de várias músicas gravadas nos álbuns Delírios, delícias (1983), Desejos (1984), Cristal (1985), Amor e paixão (1986) e Sedução (1988).

Nos anos 1990, Simone começou a investir no mercado latino de música hispânica – área de atuação do Grammy Latino. A cantora gravou cinco álbuns em espanhol entre 1991 e 1998.

Um deles, 25 de diciembre, editado em 1996, era a versão hispânica do controvertido disco de natal gravado e lançado no Brasil por Simone em 1995 na estreia da cantora na gravadora então denominada PolyGram (encampada pela Universal Music em 1999).

Disco em si bonito que sofreu bullying e gerou memes por causa das agressivas ações de marketing da gravadora, 25 de dezembro representou ponto culminante de vendas na discografia de Simone.

De 1996 em diante, a cantora angariou mais prestígio do que popularidade, permanecendo seguida por séquito fiel, público-alvo de discos interessantes como Café com leite (1996), Seda pura (2001), Baiana da gema (2004), Na veia (2009) e o recente Da gente (2022), título revigorante na obra fonográfica da cantora.

Em turnê pelo Brasil desde abril com show comemorativo dos 50 anos de carreira, Simone faz jus ao Prêmio à Excelência Musical que lhe será concedido em novembro pela Academia Latina de Gravação – até porque há tendência nessas premiações de laurear artistas com cancioneiros autorais. Simone até compõe eventualmente, mas é essencialmente uma intérprete de músicas alheias. E há muito mérito nisso.

Além do mais, são poucos os artistas que, como Simone, chegam aos 50 anos de carreira sem perder o amor e o interesse do público.

Nem sempre a crítica musical deu o devido valor a Simone (e houve erros dos dois lados que geraram o descompasso), mas o público nunca deixou de ouvir o canto intenso da Cigarra.


FONTE: G1 Globo


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