Presidente da Comissão Europeia pede unidade da UE sobre a China
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, pediu aos membros da União Europeia (UE) nesta terça-feira (18) que mantenham a unidade em relação à China, uma semana após o presidente da França, Emmanuel Macron, ter protagonizado uma enorme polêmica sobre os vínculos com o gigante asiático.
"Uma forte política europeia em relação à China é baseada em uma forte coordenação entre os Estados-membros [da UE] e na disposição de evitar táticas de dividir para conquistar", disse Von der Leyen ao Parlamento Europeu em Estrasburgo, na França.
Na semana passada, ao fim de uma visita oficial à China, Macron gerou polêmica ao dizer que a Europa não deveria se aliar automaticamente aos Estados Unidos em relação à Taiwan, e que procurasse evitar "crises que não são nossas".
Nesta terça-feira, a presidente, que acompanhou Macron em sua viagem à China, afirmou que o bloco já viu "essas táticas em ação nos últimos dias e semanas, e é hora de mostrar nossa vontade coletiva".
Em seus discurso, Von der Leyen defendeu que os países da UE diminuam sua dependência da China, mas sem "desvincular" completamente a economia europeia dos enormes mercados chineses.
"A política da UE sobre uma só China é de longa data", disse, acrescentando que o bloco também fomentou chamados pela "paz e estabilidade no estreito [de Taiwan]" e que é contrário a "mudanças unilaterais na situação, sobretudo no uso da força", garantiu.
- O papel de Taiwan -
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, por sua vez, disse que Taiwan é "crucial" para a a Europa.
"Não somente por uma razão moral que uma ação contra Taiwan deve necessariamente ser rejeitada. Também porque seria, em termo econômicos, muito grave para nós, porque Taiwan tem um papel estratégico na produção dos mais avançados semicondutores", afirmou.
Von der Leyen e Borrell participaram de um debate no plenário do Parlamento Europeu sobre uma "política coerente" da UE em relação à China, e o chefe da diplomacia afirmou que o tema da discussão sugere que o bloco não tem uma estratégia apropriada sobre Pequim.
Para Borrell, é difícil que a UE fale "com uma só voz" sobre a China "porque temos uma multiplicidade de vozes, mas um coro bem afinado".
Ele também criticou posições que podem ser vistas como divergentes no bloco, em questões como as relações com a China ou sobre a guerra na Ucrânia.
Ao falar sobre o assunto, o chefe diplomático adicionou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, "esteve anteontem em Pequim e cultivou a mesma ambiguidade estratégica que a China".
"Quando o presidente (Emmanuel) Macron vai a Pequim e diz ao presidente Xi (Jinping) que espera ajudá-lo a negociar com [Vladimir] Putin, pode acontecer que o presidente Xi não acredite que Putin tenha perdido a razão", acrescentou.
FONTE: Estado de Minas