Presidente do Banco Mundial defende limitar investimentos em energias fósseis
O presidente do Banco Mundial (BM), Ajay Banga, defendeu nesta quarta-feira (11) os investimentos limitados em energias fósseis, dizendo querer "reduzi-los", em um momento em que quer expandir a instituição para melhor combater a mudança climática.
"No ano passado, investimos 170 milhões [de dólares] (864 milhões de reais na cotação atual) diretamente em energia fóssil, dos 120 bilhões de dólares (610 bilhões de reais) comprometidos pelo Banco" em diversas áreas, e isso foi feito "no gás natural", disse Ajay Banga em coletiva de imprensa, em Marrakech, no Marrocos.
"O mundo desenvolvido usa gás natural todos os dias, e o que estamos tentando fazer é reduzir os investimentos em energia fóssil", acrescentou.
"Por exemplo, não investimos diretamente em uma central a carvão desde 2010. Mas, mesmo desde 2019, antes de eu entrar para o Banco, nossos investimentos em energia fóssil já tinham sido drasticamente reduzidos", completou o responsável.
No final de junho, Banga substituiu David Malpass na atual posição. Este último foi acusado de ser cético em relação à mudança climática e de não ter empreendido iniciativas suficientes para combater o aquecimento global.
Banga busca reposicionar o BM para melhor responder aos desafios globais, como a mudança climática. Mas a organização com sede em Washington é frequentemente criticada por ativistas ambientais por seu apoio contínuo às energias fósseis.
Ajay Banga pediu que haja uma conversa sobre o papel do gás, menos poluente do que o petróleo e o carvão, na transição energética.
"Achamos que isso desempenha um papel, mas muito pequeno", disse ele. "O mais importante é como podemos continuar a agir a favor das energias renováveis", acrescentou.
- Banco 'maior' para enfrentar desafios globais -
Na abertura oficial das reuniões anuais do BM e do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Marrakech, Banga defendeu hoje que a instituição seja ainda "maior" para poder responder a desafios como a mudança climática, as pandemias e a pobreza.
"Poderíamos alcançar cerca de US$ 150 bilhões (R$ 756 bilhões na cotação do dia) em capacidade de financiamento adicional nesta década", declarou.
Ele estimou que se trata de um "número substancial, mas que não será suficiente para o tipo de desafio que o mundo enfrenta".
Segundo cálculos da Agência Internacional de Energia (AIE), até 2030, serão necessários mais de US$ 2 trilhões (R$ 10,08 trilhões na cotação do dia) por ano para se cumprir a meta de neutralidade nas emissões de carbono até 2050. No entanto, para esse período, planejou-se destinar apenas US$ 400 bilhões anuais (R$ 2,01 trilhões na cotação do dia) para isso, de acordo com o FMI.
O financiamento adicional que Banga busca alcançar permitiria ao Banco Mundial investir US$ 15 bilhões (R$ 75,6 bilhões na cotação do dia) a mais por ano.
Banga quer, com isso, que a instituição se envolva em desafios como o aquecimento global, ou as pandemias. E, nesta quarta-feira, reiterou que a missão do BM é "erradicar a pobreza em um planeta habitável".
Ele também mencionou o relatório dos especialistas Larry Summers e N.K. Singh, por conta da presidência indiana do G20, o qual sugere que os bancos multilaterais terão de triplicar seu financiamento até 2030.
"Não há dúvida de que precisamos de um banco maior", frisou, acrescentando que "buscará, ante os acionistas, fazer o banco crescer".
Nesse sentido, defendeu, ainda, a necessidade de "mudanças culturais profundas na instituição" para torná-la "melhor" e mais eficaz.
No final de setembro, o presidente do Banco Mundial considerou que a instituição é "disfuncional", embora tenha reconhecido o trabalho das diferentes equipes que a integram.
FONTE: Estado de Minas