Presidente do México mostra força ante adversários políticos e EUA em comício lotado
Em um comício que reuniu mais de 100.000 pessoas no sábado (18), o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, garantiu que os "oligarcas" não voltarão ao poder e criticou os congressistas dos Estados Unidos que propõem combater o tráfico de drogas no México com tropas americanas.
Em uma Praça Zócalo lotada, o político de esquerda comemorou os 85 anos da expropriação do petróleo, que esteve em mãos estrangeiras até 1938, principalmente americanas e britânicas.
"Cooperação sim, submissão não, intervencionismo não!", clamou o presidente, fazendo referência ao projeto de lei de congressistas do Partido Republicano que pretende designar os cartéis que traficam fentanil como grupos "terroristas". A denominação abriria as portas para o envio de soldados americanos ao México.
A proposta foi apresentada no momento em que a agência antidrogas dos Estados Unidos (DEA, na sigla em inglês) pede ao governo mexicano que "faça mais" contra o fentanil, uma droga sintética 50 vezes mais potente que a heroína e à qual foram atribuídas 70 mil mortes por overdose em território americano apenas em 2022.
"Lembramos a esses políticos irresponsáveis e hipócritas que o México é um país independente e livre, não uma colônia, ou protetorado dos Estados Unidos. E que eles podem nos ameaçar com qualquer coisa, mas nunca permitiremos que violem nossa soberania e pisem na dignidade da nossa pátria", afirmou.
O presidente, que tem 63% de aprovação, disse que seu governo está combatendo organizações criminosas e que os índices de criminalidade caíram, sobretudo no caso dos homicídios dolosos, com uma queda de 10%.
López Obrador ainda abordou a força do peso mexicano frente ao dólar, o recorde de empregos, o combate à corrupção e os programas de assistência social como conquistas de seu mandato.
- Continuidade -
Seus opositores sugerem que o comício foi convocado, na verdade, para responder a uma marcha da oposição, em 26 de fevereiro, que protestou contra suas polêmicas reformas eleitorais. Aprovadas pelo Congresso, elas são objeto de litígio na Suprema Corte.
Não é "uma festa cívica para todos os mexicanos, mas sua resposta à oposição que saiu para protestar contra sua reforma eleitoral", disse à AFP o historiador e analista político José Antonio Crespo.
Em seu discurso de uma hora de duração, o presidente descartou a volta de seus opositores "oligarcas" ao poder e falou abertamente, pela primeira vez, sobre a continuidade de seu partido, Morena, na presidência.
"Estou convencido de que qualquer um dos candidatos que vencer a votação para eleger o candidato do nosso movimento aplicará a mesma política a favor do povo e da nação", afirmou.
Também estiveram presentes no comício o ministro das Relações Exteriores, Marcelo Ebrard, e a prefeita da Cidade do México, Claudia Sheinbaum, possíveis candidatos pelo Partido Morena, ao qual as primeiras pesquisas dão ampla vantagem.
As eleições presidenciais, estaduais e municipais devem ocorrer em meados de 2024.
FONTE: Estado de Minas