Presidente dos Emirados Árabes defende retorno da Síria ao cenário árabe
O presidente dos Emirados Árabes Unidos, Mohamed ben Zayed Al-Nahyan, defendeu neste domingo (19) a retomada das relações entre os países árabes e a Síria, isolada diplomaticamente por uma década, durante a visita do presidente Bashar al-Assad a Abu Dhabi.
O mandatário sírio fez uma visita oficial aos Emirados Árabes, sua segunda viagem a um país do Golfo desde o terremoto que atingiu a Síria e a Turquia em fevereiro.
Após o incidente, várias nações árabes demonstraram sinais de uma reaproximação com a Síria após décadas de isolamento devido à violenta repressão às manifestações em favor da democracia que terminaram em guerra civil em 2011. No final daquele ano, a Síria foi excluída da Liga Árabe.
"A Síria não está com seus irmãos há muito tempo e chegou a hora de voltar para perto deles e para um ambiente árabe", disse o presidente dos Emirados, segundo a agência oficial de notícias WAM.
Acompanhado por sua esposa, Asma, o presidente sírio foi recebido por seu homólogo dos Emirados Árabes na capital Abu Dhabi.
De acordo com a WAM, a aeronave com a comitiva presidencial foi escoltada por caças quando entrou no espaço aéreo do país.
"Tivemos conversas para impulsionar nossas relações bilaterais", disse Al-Nahyan, em um comunicado.
"Nossas discussões também exploraram maneiras de reforçar a cooperação e acelerar a estabilidade e o progresso na Síria e na região", acrescentou.
- "Chegou a hora" -
Durante o encontro, o mandatário Assad elogiou o papel dos Emirados Árabes no estreitamento das relações entre os países árabes e disse que eles devem ser "fraternos", segundo nota da presidência síria.
Após o terremoto, Abu Dhabi liderou esforços para fornecer ajuda à Síria e reverter seu isolamento. O país também prometeu mais de US$ 100 milhões (em torno de R$ 527 milhões) em auxílio, além de ter enviado equipes de resgate e toneladas de suprimentos.
"A abordagem e os esforços dos Emirados em relação à Síria fazem parte de uma visão mais profunda e de uma abordagem mais ampla destinada a fortalecer a estabilidade árabe e regional", disse Anwar Gargash, principal assessor do presidente dos Emirados.
O país também reabriu sua embaixada em Damasco no final de 2018 e, em março de 2022, Al-Assad viajou para Abu Dhabi.
"Os Emirados estão convencidos, junto com muitos Estados árabes, de que chegou a hora de se reconciliar com Al-Assad (...) e ver a Síria retornar à Liga Árabe e ao cenário árabe", disse o cientista político dos Emirados Abdelkhaleq Abdallah.
O ministro saudita das Relações Exteriores, Fayçal ben Farhan, também considerou em fevereiro que era necessária uma nova abordagem em relação à Síria, para lidar com crises humanitárias.
Bashar al-Assad também viajou para Omã no final de fevereiro, a primeira vez em 12 anos de guerra. O país foi uma das poucas nações árabes, e a única do Golfo, a manter relações diplomáticas oficiais com a Síria desde 2011.
Nesta semana, o presidente sírio ainda se reuniu com seu homólogo russo, Vladimir Putin, em Moscou. O país tenta há vários anos aproximar Damasco dos países árabes.
Sua visita aos Emirados ocorre poucos dias depois que o secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã, Ali Shamkhani, também esteve no local, em um contexto regional marcado pela aproximação entre Irã e Arábia Saudita.
"A Síria não é mais um campo de batalhas entre o Irã e a Arábia Saudita", disse Assad em entrevista à mídia estatal russa RT, chamando o acordo entre as potências regionais de uma "surpresa maravilhosa".
FONTE: Estado de Minas