Presidente mexicano critica venda livre de remédio contra overdose de fentanil nos EUA
O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, criticou nesta terça-feira (11) o governo dos Estados Unidos por permitir a venda livre de Narcan, um medicamento que reverte overdoses causadas por opioides como o fentanil.
"Em vez de ir ao fundo, digo isso com todo o respeito, vamos para paliativos (...) Quem fabrica esse fármaco? Por que não lidar com as causas (do abuso de drogas)?", questionou o presidente esquerdista em sua coletiva de imprensa diária.
Os dois países mantêm um debate sobre o tráfico de fentanil, uma droga sintética 50 vezes mais potente que a heroína e que, somente em 2022, foi responsável por 70 mil mortes por overdose nos Estados Unidos. Grande parte desse contrabando é atribuída aos poderosos cartéis mexicanos.
A Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA, na sigla em inglês) aprovou em 29 de março a venda sem receita médica do Narcan, um spray nasal de cloridrato de naloxona que "reverte rapidamente" uma overdose de opioides e "salva vidas", segundo o órgão regulador.
"Alguns podem dizer 'não haverá mais mortes assim', mas será que isso vai se tornar um medicamento para acabar com a dependência ou apenas prolongar a agonia?", perguntou López Obrador, ao lançar uma campanha para prevenir o consumo de fentanil no México.
Na mesma coletiva, Hugo López-Gatell, subsecretário de Saúde, atribuiu a medida da FDA a um "pensamento simplista para lidar com um problema complexo".
O funcionário disse que essas ações são tomadas quando não se tem "a capacidade ou a intenção" de atacar a raiz do problema, que em sua opinião é a exclusão, e afirmou que "grupos de interesse" pressionam o México a replicar a decisão da FDA.
Embora o governo mexicano mantenha uma estreita colaboração com o presidente democrata Joe Biden na luta contra o narcotráfico, a oposição republicana e órgãos como a agência antidrogas (DEA) pedem ao México que "faça mais" contra o tráfico de fentanil.
Em 4 de abril, López Obrador pediu ajuda à China para evitar o contrabando dessa substância para os Estados Unidos através do México, mas o governo de Pequim respondeu que essa prática ilegal não existe.
O presidente havia solicitado às autoridades chinesas informações sobre importadores, quantidades, datas e portos de embarque do fentanil.
Os legisladores republicanos promoveram, até agora sem sucesso, uma iniciativa para declarar os cartéis mexicanos como terroristas e, assim, abrir a porta para uma intervenção armada no México para combatê-los.
FONTE: Estado de Minas