Presidente sul-africano diz que prender Putin durante cúpula do Brics seria ‘declaração de guerra’
Prender Vladimir Putin seria uma declaração de guerra à Rússia, afirmou o presidente sul-africano Cyril Ramaphosa em um documento publicado nesta terça-feira(18), em pleno debate nacional sobre a visita do presidente na próxima cúpula dos Brics.
Putin foi convidado para a cúpula deste grupo de cinco grandes países emergentes (África do Sul, Brasil, China, Índia e Rússia) prevista de 22 a 24 de agosto em Joanesburgo.
Mas o presidente russo é alvo, desde março, de um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes de guerra pela "deportação" de crianças ucranianas após a invasão da Ucrânia, acusações negadas pelo governo russo.
Como membro do TPI, a África do Sul teoricamente deveria prender Putin caso ele entre em seu território. Seria um grande dilema diplomático para o governo, que se recusa a condenar a Rússia desde o início da guerra.
O caso tomou um rumo judicial quando o principal partido da oposição sul-africana, a Aliança Democrática (DA), tenta nos tribunais forçar o governo a garantir que Putin seja preso e entregue ao TPI se ele colocar os pés na África do Sul. Ramaphosa chamou o pedido do partido de "irresponsável".
"A Rússia indicou claramente que qualquer prisão de seu atual presidente equivaleria a uma declaração de guerra. Não seria coerente com nossa Constituição arriscar envolver o país em uma guerra com a Rússia", escreveu.
A África do Sul procura obter uma revogação das regras do TPI porque a detenção de Putin pode ameaçar "a segurança, a paz e a ordem do Estado", especificou Ramaphosa no texto assinado em junho e classificado inicialmente como confidencial, antes de o Tribunal o divulgar.
O grupo Brics tenta conquistar uma maior influência sobre as instituições internacionais até então dominadas por Estados Unidos e Europa.
Esta será a 15ª cúpula do Brics e será realizada em Joanesburgo, em um centro de convenções.
A África do Sul mantém laços estreitos com a Rússia, já que na época do Apartheid, o Kremlin apoiou Nelson Mandela e seu partido -atualmente no governo- na luta contra o regime racista.
FONTE: Estado de Minas