Professor de instituto federal é detido por suspeita de induzir estudantes ao suicídio em Barbacena, MG

15 jun 2023
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Alunos também relataram ofensas do docente, que já tem processos administrativos em trâmite na Corregedoria do IF Sudeste. À PM, ele disse que não teve a intenção e é 'totalmente contra todo e qualquer ato que fomente ações dessa natureza'. Campus do IF-Sudeste em Barbacena

Prefeitura de Barbacena/Divulgação

Um professor de 48 anos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais (IF Sudeste MG) foi detido pela Polícia Militar (PM), na quarta-feira (14), suspeito de ter cometido o crime de indução ao suicídio contra estudantes do Campus Barbacena. Por se tratar de fato ocorrido no interior de uma instituição federal, ele foi levado para a sede da Polícia Federal (PF), em Juiz de Fora.

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O IF Sudeste informou que vai dar encaminhamento da denúncia para a corregedoria da instituição, assegurando o contraditório e a ampla defesa do professor. A escola disse ainda que se mobiliza para oferecer apoio aos estudantes, familiares e servidores envolvidos.

Segundo informações do Registro de Eventos de Defesa Social (Reds), a PM foi acionada depois que os estudantes relataram que o professor Fabrício Avelino teria os induzido ao suicídio dizendo que eles “Não irão dar em nada” e que seria melhor “Fazerem como a escrivã da Polícia Civil fez dias atrás”. A menção seria à Rafaela Drumond, que se matou na casa dos pais na última sexta-feira (9). O caso da escrivã é investigado pela Polícia Civil.

Para a PM, o professor disse que em momento algum teve a intenção de induzir os alunos ao suicídio e que é "Totalmente contra todo e qualquer ato que fomente ações dessa natureza".

Na versão apresentada pelo professor, houve um desencontro de opiniões entre ele e os alunos durante a aula. Ainda segundo informações do Reds "o docente chegou a avaliar que a situação poderia ter sido resolvida no âmbito do educandário, mas que não iria se defender acusando nenhum aluno e nem mesmo seria a favor de impedir a expressão dos reclamantes".

O g1 tentou contato com o professor via e-mail e telefones disponíveis na internet, mas não conseguiu retorno.

Alunos afirmam terem sofrido ofensas pessoais

Uma estudante de 17 anos ouvida pela polícia alegou que o professor, também durante a aula da quarta-feira (14), teria utilizado termos sexuais. Outros estudantes que testemunharam no documento policial disseram que já houve “diversas citações constrangedoras de atos sexuais, inclusive direcionado a alunos (a) menores”, e também referências políticas.

Uma outra estudante, de 18 anos, relatou que o docente, por diversas vezes, teria a ofendido diretamente, “alegando que era melhor que ela fosse prostituta, do que iniciar uma graduação, devido a sua capacidade reduzida de aprendizagem”.

Ainda conforme o registro policial, vários alunos se sentiram fragilizados com a situação. Uma das alunas apresentou crises de ansiedade durante o ato, se retirando de sala em prantos. Os alunos também disseram ter áudios que podem provar os fatos.

A reportagem entrou em contato com a PF para saber se Fabrício Avelino teve o flagrante ratificado, mas não obteve retorno. Já a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública informou que até a publicação desta reportagem, o professor não havia dado entrada em nenhuma unidade prisional do Estado.

Outros processos

Conforme a direção do IF Sudeste MG, o professor tem outros processos administrativos em trâmite, inclusive, um deles, de caráter demissionário por fatos que já tramitam na corregedoria institucional. A reportagem questionou o teor desses processos, e aguarda retorno.

O que disse o IF Sudeste

"Diante da denúncia de que estudantes do Campus Barbacena do IF Sudeste MG teriam sofrido incitações ao suicídio e ofensas verbais de um professor em sala de aula ontem, 14 de junho de 2023, a instituição vem se manifestar a respeito.

O Instituto condena todo tipo de ofensa à dignidade de qualquer pessoa, membro de nossa comunidade ou não, e ratifica a missão de oferecer educação pública, gratuita, de qualidade e inclusiva, e, portanto, defende uma educação libertadora e que incentiva o desenvolvimento humano e social.

Até o fechamento desta nota, a instituição trabalhava no encaminhamento da denúncia em questão para a Corregedoria do IF Sudeste MG, setor responsável pela apuração de ilícitos administrativos cometidos por servidores, assegurando o contraditório e a ampla defesa, conforme legislação vigente. Se confirmada a conduta ilícita, a instituição imediatamente aplicará as sanções previstas.

Cabe destacar que condutas inapropriadas anteriormente atribuídas ao professor em questão já estão sendo apuradas na Corregedoria do IF Sudeste MG.

Os setores competentes da instituição já estão se mobilizando para oferecer apoio aos estudantes, familiares e servidores envolvidos.

Em âmbito criminal, a instituição está acompanhando as investigações e permanece à disposição para contribuir com as autoridades."

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FONTE: G1 Globo

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