Pyongyang viola direitos humanos para manter programa militar, diz ONU
A Coreia do Norte foi acusada, nesta quinta-feira (17), no Conselho de Segurança da ONU, de cometer violações "hediondas" e "inimagináveis" aos direitos humanos de sua população para prosseguir com seu programa de armamento nuclear e balístico, o que lhe rendeu sanções internacionais.
A pedido dos Estados Unidos, que preside este mês o órgão, o Conselho de Segurança realizou nesta quinta a primeira reunião pública desde 2017 dedicada exclusivamente à situação dos direitos humanos na Coreia do Norte.
Rodeada de diplomatas de cerca de 50 países, a embaixadora americana na ONU, Linda Thomas-Greenfield, denunciou em um comunicado as "violações e abusos dos direitos humanos ligados ao desenvolvimento de armas de destruição em massa e mísseis balísticos pela RPDC", a República Popular Democrática da Coreia.
Mais cedo, diante do Conselho, o alto comissário para os direitos humanos da ONU, Volker Türk, denunciou que as "violações" dos direitos humanos "sustentam o crescimento da militarização" do país.
Türk explicou que "o recurso em larga escala ao trabalho forçado, inclusive de prisioneiros políticos e escolares nas colheitas, o confisco de salários de trabalhadores no exterior, sustentam o aparato militar do Estado e sua capacidade de fabricar armas".
O Conselho também convidou para dar detalhes um jovem "representante da sociedade civil" que fugiu da Coreia do Norte e cuja família se refugiou na Coreia do Sul.
Ilhyeok Kim, que leu um texto em inglês, denunciou o "isolamento e os castigos" sofridos pela população norte-coreana, "o sangue e o suor" do povo para amparar "a vida luxuosa dos dirigentes".
"Para o governo, isso não importa, só importa preservar seu poder desenvolvendo armas nucleares", acrescentou o jovem.
"As violações que [Ilhyeok Kim] acaba de relatar são tão atrozes quanto inimagináveis", afirmou Thomas-Greenfield, que criticou "o controle totalitário e repressivo da sociedade por parte de Kim Jong Un", o líder norte-coreano.
A Rússia, que assim como a China se opôs à reunião, denunciou, por meio de seu representante, Dmitry Polyansky, "o cinismo e a hipocrisia dos Estados Unidos e seus aliados".
A comunidade internacional impôs em 2006 sanções à Coreia do Norte, que em 2017 foram reforçadas três vezes.
As medidas adotadas pelo Conselho por unanimidade este ano para obrigar Pyongyang a suspender seus programas armamentistas limitam em particular suas importações de petróleo. Mas desde então, o órgão está dividido sobre o assunto.
Em maio de 2022, China e Rússia vetaram uma resolução com novas sanções e desde então nenhuma decisão ou declaração voltou a ser adotada, embora as autoridades norte-coreanas tenham seguido ordenando testes de lançamento de mísseis.
FONTE: Estado de Minas