Quem é Renato Loures, médico afastado da presidência da Santa Casa de Juiz de Fora por suspeita de desvio de R$ 8 milhões

16 jun 2023
Fique por dentro de todas as notícias pelo nosso grupo do WhatsApp!

Formado em medicina pela Universidade Federal de Juiz de Fora na década de 1970, Renato entrou para o quadro de colaboradores da Santa Casa quatro anos depois. Em 2009, assumiu a direção da instituição. Na última disputa eleitoral, ele foi pré-candidato a prefeito. Renato Loures, presidente da Santa Casa de Misericórdia

Santa Casa de Misericórdia/Divulgação

Renato Loures é o medico afastado da presidência da Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora, suspeito de participação em um esquema de desvio de recursos públicos que ultrapassam R$ 8 milhões.

Compartilhe no WhatsApp

Compartilhe no Telegram

Formado em medicina pela Universidade Federal de Juiz de Fora na década de 1970, Renato tem especializações em pediatria e administração pública. Foi um dos redatores do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) na Constituição de 1988 e atualmente representa a Sociedade Brasileira de Pediatria.

Na docência, foi professor ajunto de pediatria na UFJF, chefe do Departamento Materno-Infantil, vice-diretor e diretor da faculdade de medicina na mesma instituição.

Passou a atuar como médico da Santa Casa em 1974 e assumiu a direção da instituição em 2009. Além disso, é responsável pela coordenação da residência médica em pediatria e pela chefia do departamento de pediatria.

Loures e a política

Além de atuar na medicina, Renato Loures também tentou entrar na política. Em 2020, ele foi pré-canditato à Prefeitura de Juiz de Fora pelo Progressista (PP).

Renato Loures, presidente da Santa Casa, e o ex-presidente da República Jair Bolsonaro

LinkedIn/Reprodução

“Trata-se de um verdadeiro jogo, intrincado e um tanto oculto, que não demos conta de jogar”, disse ele à época, em nota enviada à imprensa comunicando sua desistência de candidatura.

No texto ele também lembrou a eficiência dos serviços da Santa Casa e do atendimento prestado a Jair Bolsonaro, alvo de uma facada durante passagem por Juiz de Fora na campanha eleitoral de 2018.

"Além da sobredita argumentação e da administração altamente exitosa, entusiasmou-nos a relevância e a amplitude dos serviços públicos que vimos prestando, a modernidade e a eficiência da qualificação dos procedimentos médicos e cirúrgicos, tanto na escala da normalidade, quanto nas excepcionalidades das urgências e emergências, nessas, saltando aos olhos, o pronto e incontinenti atendimento, que salvou a preciosa vida do nosso Presidente Jair Bolsonaro, vítima do triste e hediondo crime que, infelizmente, teve palco na nossa cidade."

Após o atendimento a Bolsonaro, Renato estreitou relação com ex-presidente. Os dois chegaram a se encontrar em algumas oportunidades, como na Confederação das Misericórdias Brasileiras (CMB), em Brasília.

Em 2019, o então presidente direcionou uma verba de verba de R$ 2 milhões para Santa Casa, a partir de uma emenda parlamentar. O valor foi destinado em novembro do ano anterior, quando Bolsonaro já havia sido eleito presidente, mas ainda ocupava o cargo de deputado federal. A confirmação de recebimento foi feita pelo presidente da Santa Casa, em janeiro de 2020.

Afastamento

Na quinta-feira (15) o médico foi afastado da presidência da Santa Casa de Misericórdia em Juiz de Fora. A medida ocorreu após a Operação “No Mercy”, que apura desvios de R$ 8 milhões na saúde na unidade de saúde.

Além de Renato Loures, a filha Moema Loures, o genro Fábio Gonçalves e a arquiteta Nathália Pereira também sejam afastados das atividades na unidade de saúde.

O g1 e a TV Integração tentam contato com os citados, mas não obteve retorno até a última atualização desta matéria.

Agora, o padre José Leles da Silva, ex secretário-geral do hospital, passa a ser diretor-presidente da Santa Casa.

Operação 'No Mercy'

Durante a ação, realizada na quinta-feira (15), investigadores do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) cumpriram mandados de busca e apreensão na cidade e também no Rio de Janeiro. Na ocasião, também foram determinados desligamentos no hospital, como do médico.

Conforme o MPMG, as investigações começaram a partir de denúncias encaminhadas ao órgão que “reportavam favorecimentos pessoais e desvio de recursos públicos e privados da área de saúde”.

"Provas produzidas e apresentadas para o Poder Judiciário indicam que os ilícitos apurados podem ter provocado desvio de verbas da área de saúde de cifras milionárias", explicou o MPMG em divulgação.

Apreensão de armas

Durante a operação, a Polícia Militar (PM) apreendeu diversos documentos, duas armas e munições na casa de Renato Loures, que não estava no imóvel. Todo material foi apreendido e será utilizado na apuração do caso.

Favorecimento de familiares

Segundo o processo, a suspeita é que Renato Loures favorecia a si próprio, a filha e o genro com recursos do hospital para a prestação de serviços.

Ainda de acordo com o documento, o médico teria contratado as empresas dos familiares para a prestação de trabalhos de arquitetura e design sem a realização de qualquer cotação junto a profissionais do ramo.

Conforme os autos, a arquiteta Nathália Pereira era funcionária de uma das firmas. Posteriormente, ela foi contratada para trabalhar na Santa Casa de Misericórdia.

LEIA TAMBÉM:

POLÍCIA: Operação que investiga vereador da Zona da Mata tem mandados cumpridos em Juiz de Fora e Ervália

ACIDENTE: Após alvará, motorista de caminhão que atropelou criança é solto em Além Paraíba

CARGA PERDIDA: Caminhão carregado de carnes pega fogo na BR-356, em Muriaé

📲 Confira as últimas notícias do g1 Zona da Mata

📲 Acompanhe o g1 no Facebook e Instagram

📲 Receba notícias do g1 no WhatsApp e no Telegram

VÍDEOS: veja tudo sobre a Zona da Mata e Campos das Vertentes


FONTE: G1 Globo

FIQUE CONECTADO