Quem é Renato Loures, médico afastado da presidência da Santa Casa de Juiz de Fora por suspeita de desvio de R$ 8 milhões
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Formado em medicina pela Universidade Federal de Juiz de Fora na década de 1970, Renato entrou para o quadro de colaboradores da Santa Casa quatro anos depois. Em 2009, assumiu a direção da instituição. Na última disputa eleitoral, ele foi pré-candidato a prefeito. Renato Loures, presidente da Santa Casa de Misericórdia
Santa Casa de Misericórdia/Divulgação Renato Loures é o medico afastado da presidência da Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora, suspeito de participação em um esquema de desvio de recursos públicos que ultrapassam R$ 8 milhões. Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Telegram Formado em medicina pela Universidade Federal de Juiz de Fora na década de 1970, Renato tem especializações em pediatria e administração pública. Foi um dos redatores do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) na Constituição de 1988 e atualmente representa a Sociedade Brasileira de Pediatria. Na docência, foi professor ajunto de pediatria na UFJF, chefe do Departamento Materno-Infantil, vice-diretor e diretor da faculdade de medicina na mesma instituição. Passou a atuar como médico da Santa Casa em 1974 e assumiu a direção da instituição em 2009. Além disso, é responsável pela coordenação da residência médica em pediatria e pela chefia do departamento de pediatria. Loures e a política Além de atuar na medicina, Renato Loures também tentou entrar na política. Em 2020, ele foi pré-canditato à Prefeitura de Juiz de Fora pelo Progressista (PP). Renato Loures, presidente da Santa Casa, e o ex-presidente da República Jair Bolsonaro LinkedIn/Reprodução “Trata-se de um verdadeiro jogo, intrincado e um tanto oculto, que não demos conta de jogar”, disse ele à época, em nota enviada à imprensa comunicando sua desistência de candidatura. No texto ele também lembrou a eficiência dos serviços da Santa Casa e do atendimento prestado a Jair Bolsonaro, alvo de uma facada durante passagem por Juiz de Fora na campanha eleitoral de 2018. "Além da sobredita argumentação e da administração altamente exitosa, entusiasmou-nos a relevância e a amplitude dos serviços públicos que vimos prestando, a modernidade e a eficiência da qualificação dos procedimentos médicos e cirúrgicos, tanto na escala da normalidade, quanto nas excepcionalidades das urgências e emergências, nessas, saltando aos olhos, o pronto e incontinenti atendimento, que salvou a preciosa vida do nosso Presidente Jair Bolsonaro, vítima do triste e hediondo crime que, infelizmente, teve palco na nossa cidade." Após o atendimento a Bolsonaro, Renato estreitou relação com ex-presidente. Os dois chegaram a se encontrar em algumas oportunidades, como na Confederação das Misericórdias Brasileiras (CMB), em Brasília. Em 2019, o então presidente direcionou uma verba de verba de R$ 2 milhões para Santa Casa, a partir de uma emenda parlamentar. O valor foi destinado em novembro do ano anterior, quando Bolsonaro já havia sido eleito presidente, mas ainda ocupava o cargo de deputado federal. A confirmação de recebimento foi feita pelo presidente da Santa Casa, em janeiro de 2020. Afastamento Na quinta-feira (15) o médico foi afastado da presidência da Santa Casa de Misericórdia em Juiz de Fora. A medida ocorreu após a Operação “No Mercy”, que apura desvios de R$ 8 milhões na saúde na unidade de saúde. Além de Renato Loures, a filha Moema Loures, o genro Fábio Gonçalves e a arquiteta Nathália Pereira também sejam afastados das atividades na unidade de saúde. O g1 e a TV Integração tentam contato com os citados, mas não obteve retorno até a última atualização desta matéria. Agora, o padre José Leles da Silva, ex secretário-geral do hospital, passa a ser diretor-presidente da Santa Casa. Operação 'No Mercy' Durante a ação, realizada na quinta-feira (15), investigadores do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) cumpriram mandados de busca e apreensão na cidade e também no Rio de Janeiro. Na ocasião, também foram determinados desligamentos no hospital, como do médico. Conforme o MPMG, as investigações começaram a partir de denúncias encaminhadas ao órgão que “reportavam favorecimentos pessoais e desvio de recursos públicos e privados da área de saúde”. "Provas produzidas e apresentadas para o Poder Judiciário indicam que os ilícitos apurados podem ter provocado desvio de verbas da área de saúde de cifras milionárias", explicou o MPMG em divulgação. Apreensão de armas Durante a operação, a Polícia Militar (PM) apreendeu diversos documentos, duas armas e munições na casa de Renato Loures, que não estava no imóvel. Todo material foi apreendido e será utilizado na apuração do caso. Favorecimento de familiares Segundo o processo, a suspeita é que Renato Loures favorecia a si próprio, a filha e o genro com recursos do hospital para a prestação de serviços. Ainda de acordo com o documento, o médico teria contratado as empresas dos familiares para a prestação de trabalhos de arquitetura e design sem a realização de qualquer cotação junto a profissionais do ramo. Conforme os autos, a arquiteta Nathália Pereira era funcionária de uma das firmas. Posteriormente, ela foi contratada para trabalhar na Santa Casa de Misericórdia. 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