Reforma ampliará capacidade financeira do BM, afirma secretária americana do Tesouro
A reforma do Banco Mundial (BM) deve permitir à instituição emprestar 50 bilhões de dólares a mais durante a próxima década aos países em necessidade, afirmou em uma entrevista à AFP a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen.
O BM "amplia sua capacidade financeira", destacou Yellen, antes das reuniões da primavera (hemisfério norte, outono no Brasil) do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, que começarão na segunda-feira (10) em Washington.
As mudanças "podem resultar em uma grande capacidade de crédito adicional de 50 bilhões de dólares durante a próxima década", explicou.
Isto representa "um aumento de 20% do nível de empréstimo sustentável do BIRD", o Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento, uma das instituições que integram o Grupo Banco Mundial.
O anúncio acontecerá na próxima semana, durante as reuniões do FMI e do BM, afirmou Yellen.
A reforma do Banco Mundial foi iniciada em outubro, a pedido de vários países membros, em particular dos Estados Unidos, para que a instituição financeira criada após a Segunda Guerra Mundial responda com mais eficiência às necessidades dos países em desenvolvimento.
- "Começo do processo" -
Além disso, o mandato do Banco Mundial será atualizado "para adicionar aos principais objetivos a construção de resiliência contra a mudança climática, as pandemias, os conflitos e fragilidade", enfatizou Yellen.
Estes são desafios "inextricavelmente ligados", insistiu.
Outro anúncio é aguardado para as reuniões de primavera do FMI e do BM: "O modelo operacional do banco será atualizado para orientá-lo em direção às metas que estabelecemos", afirmou a secretária americana.
Isto inclui, entre outras coisas, a criação de mais incentivos para a mobilização de capital nacional e privado.
"É o início de um processo de reformas", disse Yellen, que espera ver mais avanços até o fim do ano, com anúncios "nas próximas reuniões do G20 e na reunião anual do FMI e do Banco Mundial no Marrocos", no segundo semestre.
Ela acredita que outros bancos de desenvolvimento podem seguir os passos.
- Dívida e Ucrânia -
Paralelamente, o Banco Mundial mudará de presidente no fim de junho, após a renúncia de David Malpass, muito criticado por sua postura a respeito da mudança climática.
O sucessor será oficializado em maio, mas há apenas um candidato: Ajay Banga, um americano de origem indiana de 63 anos, apoiado pelo governo dos Estados Unidos.
Yellen elogiou a "base sólida" proporcionada por Malpass e espera que Banga continue o processo.
Outro tema importante que será debatido em Washington na próxima semana será a reestruturação da dívida soberana dos países pobres, que se endividaram para enfrentar os gastos vinculados à pandemia e agora enfrentam outra dor de cabeça: o aumento das taxas de juros.
"Teremos uma mesa redonda global sobre a dívida soberana na próxima semana", disse Yellen.
A China está entre os principais credores. O país é acusado de falta de vontade para reestruturar as dívidas.
"Observamos, no entanto, algum movimento da China em relação à participação na reestruturação da dívida do Sri Lanka, o que é um sinal de esperança", afirmou a secretária do Tesouro.
O apoio econômico à Ucrânia também será um destaque na agenda da próxima semana.
"Mais uma vez trabalharemos com todos os nossos aliados para insistir que a Rússia acabe com sua brutalidade na Ucrânia", declarou Yellen, antes de informar que Washington pressionará para obter mais apoio econômico a Kiev.
FONTE: Estado de Minas