Reino Unido recua em seus compromissos climáticos
O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, anunciou, nesta quarta-feira (20), o adiamento de várias medidas emblemáticas da política climática do Reino Unido, uma decisão criticada como eleitoreira e reprovada nos meios econômicos.
"Estou confiante de que podemos adotar uma abordagem mais pragmática, proporcional e realista para alcançar a neutralidade de carbono, o que alivia o fardo dos trabalhadores", disse Rishi Sunak durante uma entrevista coletiva organizada às pressas, assim que suas intenções vazaram à imprensa.
O principal anúncio diz respeito aos novos carros movidos a gasolina e diesel, que agora terão a venda proibida em 2035 e não em 2030.
Com esta medida, o Reino Unido está "alinhando sua abordagem" com o calendário previsto na União Europeia ou em outros países, afirmou Sunak, diante das críticas do setor automotivo.
Outro anúncio foi a flexibilização das condições para a eliminação gradual das caldeiras a gás a partir de 2035, e o abandono de uma medida sobre a eficiência da energia das casas, que previa intensas restrições aos proprietários.
As ambições climáticas do Reino Unido, que pretende ser neutro em carbono até 2050, foram afetadas pela crise de poder de compra que afeta os britânicos e pelas possíveis repercussões eleitorais para o partido conservador.
Sunak já tinha causado comoção em julho, ao prometer centenas de novas licenças para a exploração de hidrocarbonetos no Mar do Norte.
Em junho, o órgão independente responsável por aconselhar Downing Street sobre as suas políticas climáticas lamentou a "preocupante lentidão" da transição no país, particularmente no cumprimento das metas legalmente vinculativas para 2030.
"Não podemos nos permitir, agora, enfraquecer ou perder, de forma alguma, a nossa ambição para este país", disse o ex-primeiro-ministro Boris Johnson, que estabeleceu uma meta para o fim dos carros a gasolina e diesel até 2030.
Por sua vez, a Associação de Fabricantes e Vendedores de Automóveis (SMMT) denunciou a "confusão" e a "incerteza" geradas por esta decisão, e a ONG Greenpeace afirmou que "sob o governo conservador, o Reino Unido passou de ser um líder a ser um lanterna sobre as mudanças climáticas".
FONTE: Estado de Minas