Réu pela segunda vez, Trump se diz inocente em corte dos EUA

14 jun 2023
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Washington – Réu pela segunda vez, o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, favorito para ser o candidato republicano à Casa Branca em 2024, se declarou inocente ontem, ao se apresentar a um tribunal federal em Miami, acusado de gerenciar de forma negligente segredos de Estado. “Estamos, sem dúvida, entrando com uma declaração de inocência”, disse Todd Blanche, advogado de Trump. O ex-chefe da Casa Branca, que completa 77 anos hoje, chegou à corte sob estritas medidas de segurança e permaneceu em silêncio durante a audiência, com semblante sério. “Um dos dias mais tristes na história do nosso país. Somos uma nação em declínio”, disse Trump em sua plataforma Truth Social, enquanto era levado para a corte. Ele repetiu ser vítima de “caça às bruxas”. Na mesma rede social, ele chamou o procurador Jack Smith de “lunático”.
 
É a primeira vez que um ex-presidente dos EUA vira réu não apenas uma, mas duas vezes. Em abril, ele se tornou réu na Justiça de Nova York em processo criminal sobre fraude envolvendo compra do silêncio de uma atriz pornô antes da eleição presidencial de 2016, quando foi eleito presidente. Agora, ele é réu novamente, acusado pela Procuradoria de ter retido documentos confidenciais depois de deixar a Casa Branca, incluindo alguns que continham informações secretas sobre armas nucleares. Um juiz federal leu as 37 acusações contra ele, incluindo “retenção ilegal de informações vinculadas à segurança nacional, obstrução de Justiça e falso testemunho”.
 
 
 
Pouco depois, o ex-presidente deixou a corte. Na saída, ele recebeu o apoio de uma multidão que se concentrou em um restaurante cubano no Bairro Little Havana, onde militantes republicanos cantaram “Parabéns pra você” pelo aniversário. “Estamos em um país corrupto”, disse Trump a seus apoiadores, referindo-se às acusações contra ele. “Um país em declínio como nunca antes. Acho que se trata de uma armação”.
 
Trump convocou seus seguidores para um discurso posterior a seu comparecimento em seu clube de golfe em Bedminster, Nova Jersey. As autoridades de Miami se prepararam para protestos e a polícia intensificou a segurança no que acabou sendo uma concentração de algumas dezenas de apoiadores reunidos nos arredores da corte. Um pequeno grupo de simpatizantes do ex-presidente estava concentrado nos arredores do tribunal, usando bonés vermelhos com os dizeres “Make America Great Again” (“Façam a América Grande de Novo”, em tradução literal).
 
“Não consigo acreditar que esteja passando por isso de novo”, disse Lázaro Ezenar à AFP, referindo-se às acusações criminais de fraude contábil apresentadas contra Trump no início de abril, no estado de Nova York, por um pagamento feito antes das eleições presidenciais de 2016 para calar uma atriz de filmes pornográficos que alega ter sido sua amante.
 
 
 
O caso julgado em Miami parece mais comprometedor que o de Nova York, apesar de Trump ter demonstrado mais de uma vez sua capacidade de sobreviver politicamente aos problemas, quando não os transforma em uma oportunidade. Nos Estados Unidos, uma lei obriga os presidentes a enviarem todos os e-mails, cartas e outros documentos de trabalho para os arquivos nacionais. Outra proíbe a retenção de segredos de Estado em locais não autorizados e considerados inseguros. Em janeiro de 2021, quando deixou a Casa Branca e se mudou para sua mansão em Mar-a-Lago, na Flórida, Trump levou dezenas de caixas repletas de arquivos.
 
De acordo com a ata de acusação, as caixas foram empilhadas no palco de um salão de dança do complexo hoteleiro antes de serem transportadas para um depósito perto de uma piscina. Algumas tinham a inscrição “segredo de Defesa”. Em janeiro de 2022, depois de receber vários pedidos das autoridades, Trump decidiu devolver caixas com quase 200 documentos confidenciais. Convencidos de que não havia entregado todos os documentos em seu poder, vários agentes do FBI entraram em Mar-a-Lago em 8 de agosto e levaram outras cerca de 30 caixas contendo 11.000 documentos.
Trump considera este caso uma manobra política dos democratas para dificultar sua candidatura à Presidência. O republicano acusa de interferência o presidente democrata, Joe Biden, que pode ser mais uma vez seu adversário nas eleições de 2024.
MILHÕES DE 
DÓLARES
Após seu indiciamento em abril, em Nova York, o ex-presidente se gabou de ter recebido milhões de dólares de seus seguidores. Muitos deles, convencidos de que Trump é vítima de uma conspiração, continuam a apoiá-lo contra todas as adversidades. Trata-se de um apoio necessário para Trump, que enfrenta outras investigações judiciais. Uma procuradora do estado da Geórgia deve anunciar até setembro o resultado de sua investigação sobre as supostas pressões que o republicano exerceu para tentar mudar o resultado das eleições de 2020. O julgamento criminal do caso aberto em Nova York provavelmente acontecerá no início de 2024, em plena campanha para as primárias republicanas, nas quais Trump é o grande favorito.

FONTE: Estado de Minas


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