Reunião de cúpula da UE tem a sombra das tensões entre França e Alemanha
Os líderes dos países da União Europeia (UE) iniciaram nesta quinta-feira (23) uma reunião de cúpula em Bruxelas, ofuscada pela disputas entre França e Alemanha sobre o espaço da energia nuclear no combate às mudanças climáticas e a proibição de motores térmicos a partir de 2035.
De acordo com a agenda oficial do encontro, os líderes europeus vão discutir sobre a Ucrânia e as formas de fortalecer a competitividade da economia europeia, além da situação econômica do bloco.
No entanto, diplomatas consultados apontaram a possibilidade de que as crescentes disputas nas posições defendidas por franceses e alemães ocupem um espaço importante nas conversas.
Os líderes europeus não escondem, em particular, o desconforto provocado pela mudança brusca de posição da Alemanha, que agora bloqueia um plano para proibir os carros com motor de combustão interna a partir de 2035, uma iniciativa que já havia sido aprovada.
O plano ficou estagnado depois que a Alemanha passou a exigir que a Comissão Europeia apresente um programa que abra o caminho para veículos que funcionarão com combustíveis sintéticos.
A tecnologia, ainda em desenvolvimento, é defendida por montadoras alemãs e italianas de ponta e possibilitaria a prorrogação do uso de motores de combustão interna após 2035.
Ao chegar à reunião, o chefe de Governo alemão, Olaf Scholz, destacou que "é apenas uma questão de encontrar a maneira correta para implementar a promessa de longa data feita pela Comissão".
"Se entendi bem, as discussões estão no caminho certo", acrescentou.
Franceses e alemães chegam ao encontro sob pressão.
São as duas maiores economias da UE, com sólida tradição de atuar em conjunto e de mãos dadas em prol dos interesses do bloco, e por isso as crescentes tensões têm ofuscado outros temas.
O presidente francês, Emmanuel Macron, enfrenta fortes manifestações e greves por causa do projeto de reforma da Previdência. Scholz chegou à capital belga em meio às divisões de sua coalizão governamental.
Há uma semana, as posições de Berlim e Paris voltaram a ficar em lados opostos na discussão sobre o papel da energia nuclear em uma proposta de regulamentação da Comissão Europeia sobre política industrial.
Em 16 de março, Bruxelas apresentou planos para aumentar a produção de tecnologia limpa na Europa, garantir que as licenças sejam concedidas de modo mais rápido e que os projetos tenhama cesso facilitado a financiamentos.
A França, que utiliza energia nuclear, desejava que o setor fosse incluído na lista e conseguiu uma vitória parcial, já que aparece nas propostas anunciadas, embora os planos só possam ser aplicados aos reatores de quarta geração que ainda não existem.
A Comissão, o Executivo da UE, mantém negociações complexas com a Alemanha para encontrar uma solução à crise inesperada.
FONTE: Estado de Minas