Ritchie faz mágica e magnetiza o público na estreia do show ‘A vida tem dessas coisas’

12 ago 2023
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Popstar há 40 anos, artista celebra Rita Lee, canta Peter Gabriel e alinha hits da década de 1980 em espetáculo 'hi-tech' que sai em turnê pelo Brasil com combinação sedutora de som, luz e efeitos visuais. Ritchie em flagrante de felicidade na estreia nacional do show 'A vida tem dessas coisas' na casa Vivo Rio, no Rio de Janeiro (RJ)

Ricardo Nunes / Divulgação Vivo Rio

Resenha de show

Título: A vida tem dessas coisas

Artista: Ritchie

Local: Vivo Rio (Rio de Janeiro, RJ)

Data: 11 de agosto de 2023

Cotação: ★ ★ ★ ★ 1/2

♪ A despeito da origem britânica, o inglês Richard David Court está na história da música brasileira como um mago do tecnopop vigente na década de 1980. E Ritchie – nome pelo qual o Brasil conhece esse cantor, compositor e músico de 71 anos festejados em 6 de março – fez mágica que magnetizou os amigos, familiares, fãs e colegas de oficio que encheram a casa Vivo Rio na noite de ontem, 11 de agosto, para conferir à estreia nacional de A vida tem dessas coisas, show dirigido por Jorge Espírito Santo.

Logo no início, sucessão de hologramas criou a ilusão de que o cantor já estava no palco em abertura impactante. Orquestrada por Alexandre Arrabal e Kiko Dias, a direção de arte do show potencializou os efeitos visuais e, somada à performance vigorosa de Ritchie, fez a estreia da turnê A vida tem dessas coisas fluir em atmosfera quase sempre inebriante.

Em boa forma vocal, o artista apresentou show hi-tech ao público do Rio de Janeiro (RJ), cidade que escolheu viver quando, incentivado por Rita Lee (1947 – 2023) e por Liminha, migrou de Londres para os trópicos nacionais.

Rita, a propósito, foi homenageada por Ritchie no show. Além de ter sido vista em foto exposta no telão ao lado de elenco feminino que incluiu a vereadora Marielle Franco (1979 – 2018), ambas aplaudidas pelo público ao longo da música A mulher invisível (Ritchie, Steve Hackett e Bernardo Vilhena, 1984), Rita Lee foi reverenciada com abordagem de Ando meio desligado (Arnaldo Baptista, Rita Lee e Sérgio Dias, 1970), sucesso do terceiro álbum do grupo Os Mutantes. “Lovely Rita! Onde estaríamos sem ela?”, questionou o cantor.

Ritchie canta músicas como 'Pelo interfone', 'Transas', 'Só pra o vento', 'Shy moon' e 'Menina veneno' no show 'A vida tem dessas coisas'

Ricardo Nunes / Divulgação Vivo Rio

Dividindo o palco com afiado quinteto formado pelos músicos Eron Guarnieri (teclados, vocais e direção musical), Hugo Hori (saxofone, flautas e vocais), Igor Pimenta (baixo), Luiz Capano (bateria) e Renato Galozzi (guitarra, violão e vocais), Ritchie abriu o roteiro com a pegada roqueira de No olhar (1983).

Essa parceria com Bernardo Vilhena também abriu o primeiro álbum do artista, Voo de coração (1983), blockbuster da indústria fonográfica da época que, há 40 anos, alçou Ritchie instantaneamente ao posto de popstar nacional após passagens obscuras do artista por bandas dos anos 1970 como Scaladácida, Soma e Vímana.

O álbum Voo de coração saiu no rastro do fenomenal sucesso do single lançado em fevereiro daquele ano de 1983 com a gravação original de Menina veneno, música de Ritchie com Bernardo Vilhena que atravessou gerações surtindo o mesmo efeito aliciante. Tanto que gerou momento catártico na plateia ao ser cantada no fim do show, antes do bis, logo após Transas (Nico Rezende e Paulinho Lima, 1986), o segundo maior sucesso de Ritchie.

Aliás, o bis anticlimático, sem um hit sequer, é o único ponto que precisa de ajuste no show. Após emendar sequência de sucessos no fim da apresentação, o cantor voltou para o palco e abriu o bis com Elefante branco (Ritchie, Vinicius Cantuária e Evandro Mesquita, 1993) – título aliás perfeito para essa música da banda Tigres de Bengala, formada por Ritchie há 30 anos com Billy Forghieri, Claudio Zoli, Dadi Carvalho, Mu Carvalho e Vinicius Cantuária – e, em seguida, reviveu You've lost that lovin' feeling (Barry Mann, Cynthia Weil e Phil Spector, 1964), emblemática canção dissociada da voz de Ritchie.

Na sequência, embora seja de grande beleza melódica e poética, a balada Um homem em volta do mundo (Gordon Grody em versão em português de Ritchie e Bernardo Vilhena, 1995) – gravada por Ritchie exclusivamente para a trilha sonora da novela Cara & coroa (TV Globo, 1995 / 1996) – deixou clima melancólico ao fim da apresentação, com o cantor de olhos marejados.

Ritchie faz jogo de sedução com a plateia da casa Vivo Rio ao cantar 'Casanova' no show 'A vida tem dessas coisas'

Ricardo Nunes / Divulgação Vivo Rio

Bastaria reprisar um dos hits para diluir a melancolia e criar o gran finale que não veio. Porque hits não faltaram. Além de Menina veneno, Ritchie cantou todas as músicas do álbum Voo de coração, geralmente compostas pelo artista com Bernardo Vilhena, letrista a quem Ritchie teceu loas ao longo do show.

A vida tem dessas coisas (1983) foi adornada com imagens urbanas da cidade do Rio de Janeiro (RJ) no telão. A balada Voo de coração (1983) alçou altitudes com arranjo evocativo do registro original e com solos de guitarra e sax que conquistaram o público.

Casanova ganhou ares meio ritualísticos em sedutor jogo de cena enquanto Pelo interfone (1983) evidenciou a alta qualidade da interpretação do cantor, que realçou a nuance de cada verso, assim como fizera ao dar voz à balada Loucura & mágica (Ritchie e Antonio Cicero, 1987) – exemplo da habilidade do compositor em criar melodias envolventes – e ao iluminar Shy moon (1984), canção que Ritchie gravou com Caetano Veloso, compositor da música, no álbum Velô (1984), disco em que o artista baiano se conectou com a geração pop da década de 1980.

Os efeitos visuais fizeram aparecer uma lua no telão, antes do número, e reiteraram que Ritchie apresentou de fato um espetáculo em que som, luz e imagem se harmonizaram a serviço da magia.

Canção pop do segundo álbum do artista, E a vida continua... (1984), Só pra o vento (Ritchie, 1984) bafejou o show com clima tropical de bolero havaiano em contraste com a anterior lembrança sombria de Mercy Street (Peter Gabriel, 1986) e de um quase hit da banda Tigres de Bengala, Agora ou jamais (1993), parceria do artista com Vinicius Cantuária de refrão pop.

Enfim, a vida tem dessas coisas e Ritchie, há anos fora de cena, cumpriu e superou a alta expectativa com grande show que chega a São Paulo (SP) amanhã, 13 de agosto, e parte em seguida para outras cidades do Brasil.

Sim, o mago inglês ainda sabe entreter o público brasileiro com a ilusão irresistível da música pop.

Ritchie expõe imagem de Rita Lee (1947 – 2023) no telão enquanto canta 'A mulher invisível' no show 'A vida tem dessas coisas'

Ricardo Nunes / Divulgação Vivo Rio

♪ Eis o roteiro seguido por Ritchie em 11 de agosto de 2023 na estreia nacional da turnê do show A vida tem dessas coisas na casa Vivo Rio, na cidade do Rio de Janeiro (RJ):

1. No olhar (Ritchie e Bernardo Vilhena, 1983)

2. A vida tem dessas coisas (Ritchie e Bernardo Vilhena, 1983)

3. Lágrimas demais (Ritchie e Bernardo Vilhena, 2002)

4. A mulher invisível (Ritchie, Steve Hackett e Bernardo Vilhena, 1984)

5. Ando meio desligado (Arnaldo Baptista, Rita Lee e Sérgio Dias, 1970)

6. Loucura & mágica (Ritchie e Antonio Cicero, 1987)

7. Shy moon (Caetano Veloso, 1984)

8. Voo de coração (Ritchie e Bernardo Vilhena, 1983)

9. Preço do prazer (Ritchie, 1983)

10. Agora ou jamais (Ritchie e Vinicius Cantuária, 1993)

11. Mercy Street (Peter Gabriel, 1986)

12. Só pra o vento (Ritchie, 1984)

13. Casanova (Ritchie e Bernardo Vilhena, 1983)

14. Pelo interfone (Ritchie e Bernardo Vilhena, 1983)

15. Transas (Nico Rezende e Paulinho Lima, 1986)

16. Menina veneno (Ritchie e Bernardo Vilhena, 1983)

Bis:

17. Elefante branco (Ritchie, Vinicius Cantuária e Evandro Mesquita, 1993)

18. You've lost that lovin' feeling (Barry Mann, Cynthia Weil e Phil Spector, 1964)

19. Um homem em volta do mundo (Gordon Grody em versão em português de Ritchie e Bernardo Vilhena, 1995)

Ritchie encadeia 19 músicas no roteiro do show 'A vida tem dessas coisas' entre canções autorais e sucessos alheios

Ricardo Nunes / Divulgação Vivo Rio

♪ Eis a agenda da turnê A vida tem dessas coisas, de Ritchie:

11 de agosto – Rio de Janeiro (RJ) – Vivo Rio

13 de agosto – São Paulo (SP) – Espaço Unimed

19 de agosto – Niterói (RJ) – Apresentação gratuita na Praia de São Francisco

15 de setembro – Juiz de Fora (MG) – Cine-Theatro Central

16 de setembro – Belo Horizonte (MG) – Palácio das Artes

18 de outubro – Curitiba (PR) – Teatro Guaíra

20 de outubro – Porto Alegre (RS) – Teatro Bourbon Country

21 de outubro – Florianópolis (SC) – UFSC (Centro de Cultura e Eventos)

Ritchie exibe foto da vereadora Marielle Franco (1979 – 2018) enquanto canta 'A mulher invisível' no show 'A vida tem dessas coisas'

Ricardo Nunes / Divulgação Vivo Rio


FONTE: G1 Globo


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