Sánchez antecipa eleições na Espanha após derrota nas eleições locais
O primeiro-ministro da Espanha, o socialista Pedro Sánchez, anunciou nesta segunda-feira (29) a antecipação das eleições legislativas no país para 23 de julho, após a grande derrota de seu partido nas votações municipais regionais de domingo.
"As eleições acontecerão no domingo 23 de julho", anunciou Sánchez em uma declaração institucional no palácio de Moncloa, antes de explicar que tomou a decisão "com base nas eleições celebradas ontem".
"Assumo em primeira pessoa os resultados e acredito que é necessário dar uma resposta e submeter nosso mandato democrático à vontade popular", declarou Sánchez.
O conselho de ministros se reunirá durante a tarde para aprovar a medida, cuja publicação no Diário Oficial do Estado na terça-feira (30) resultará na dissolução do Parlamento.
A data limite para as legislativas era dezembro e poucos esperavam a antecipação, levando em consideração que a Espanha terá a presidência da União Europeia (UE) no segundo semestre de 2023.
O líder da oposição, Alberto Núñez Feijóo, do conservador Partido Popular, grande vencedor das eleições de domingo, reagiu à notícia afirmando que a Espanha "entrou em um caminho de renovação que é imparável".
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Os analistas consideram que Sánchez, de 51 anos, que chegou ao poder em 2018 após um voto de censura contra o então primeiro-ministro conservador Mariano Rajoy, precisava recuperar a iniciativa.
"É uma mudança de direção de Sánchez para deixar de falar sobre a derrota de ontem", disse à AFP Paloma Román, doutora em Ciências Políticas pela Universidade Complutense de Madri.
Os socialistas "não perderam tanto e conseguiram permanecer em um nível que pode ajudá-los", explica Román, para quem o resultado "poderia ter sido pior". Ela lembra que o partido recebeu apenas 800.000 votos a menos que os conservadores do Partido Popular, entre mais de 35 milhões de eleitores.
- "Tudo mudou" -
"Ele bateu na mesa e tudo mudou", concordou Oriol Bartomeus, cientista político da Universidade Autônoma de Barcelona.
Nas eleições de domingo, o PP de Núñez Feijóo retomou prefeituras importantes dos socialistas, incluindo Sevilha e Valência, e conquistou a reeleição, com maioria absoluta, dos governos da cidade e da região de Madri.
Além disso, o PP venceu em seis regiões que eram governadas pelos socialistas, sozinhos ou em coalizão: a Comunidade Valenciana, Aragón, Extremadura, La Rioja, Baleares e Cantabria.
O domingo não foi vitorioso apenas para o PP, mas também para o partido de extrema direita Vox, cujo apoio será necessário para os conservadores em várias regiões.
Nas eleições municipais, o PP recebeu mais de sete milhões de votos (31,5%), contra 6,2 milhões (28,1%) do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) de Pedro Sánchez.
- Sánchez "em um beco sem saída" -
Sánchez está "em um beco sem saída", afirmou a presidente da região de Madri e grande estrela do PP, Isabel Díaz Ayuso, ao canal Telemadrid.
Os aliados de extrema esquerda da coalizão de governo com os socialistas destacaram a vontade de trabalhar para corrigir o revés de domingo.
"A mensagem recebida foi muito clara: as coisas devem ser feitas de forma diferente. Sem distrações. A partir deste momento estamos trabalhando para vencer no dia 23 de julho. Assumo o desafio", escreveu Yolanda Díaz, segunda vice-presidente do governo, líder comunista e grande esperança eleitoral da extrema esquerda.
O analista político José Pablo Ferrándiz, diretor do instituto de pesquisas Ipsos, considerou lógica a decisão de Sánchez.
A medida evita "seis meses, como digo, de pressão de Núñez Feijoo, inclusive de seus aliados de governo, porque teria sido uma agonia que não faria muito sentido", declarou ao canal público TVE.
Antonio Barroso, analista da consultoria Teneo, recordou que as eleições gerais acontecerão durante "as negociações em várias regiões" entre o PP e o Vox. "E os socialistas provavelmente tentarão usar as negociações para mobilizar os eleitores de esquerda".
FONTE: Estado de Minas