Secretário de Saúde sobre bactéria: ‘Fechar escola não é recomendado’

27 out 2023
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Em Minas Gerais, a bactéria streptococcus A ou Streptococcus Pyogenes, normalmente encontrada na pele e em vias respiratórias de pessoas saudáveis, tem causado problemas leves de saúde, como amigdalites. Em ocasiões raras, o microorganismo quebra barreiras imunológicas do corpo e chega na corrente sanguínea ou nos pulmões.
No início desta semana, o município de São João del-Rei, no Campo das Vertentes, passou a enfrentar um problema de saúde pública, com diversas crianças apresentando sintomas de amigdalite, febre e problemas na pele. Esses são indicativos de uma possível infecção pela bactéria streptococcus A, porém, caso confirmada, o tratamento é feito com antibióticos amplamente utilizados, impedindo que o quadro fique grave. 
A crise na cidade também se instalou após a associação de tais sintomas com a morte de três crianças em menos de um mês. Os óbitos estão sendo investigados pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), e ainda não há resultado dos exames para identificar a bactéria como causa das mortes. 
O medo da infecção se espalhar motivou o fechamento de escolas municipais em, pelo menos, seis cidades: São João del-Rei, Conceição da Barra de Minas, Santa Cruz de Minas, Ritápolis, Tiradentes e Felício dos Santos, sendo esta última no Vale do Jequitinhonha. 
Na tarde desta sexta-feira (27/10), o secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, conversou com o Estado de Minas sobre o cenário das infecções em Minas Gerais. 

Confira:

Qual o cenário do problema no estado?
O Streptococcus A é comum na pele e na boca. O grande problema, em São João del-Rei, foi relacionar os três óbitos com a bactéria, e nenhum deles teve a confirmação. O único caso foi de uma criança internada, que já teve alta. Agora, há preocupação generalizada em cima de uma infecção comum, de baixíssima letalidade. Não tem nova bactéria. 
Suspender aulas e desinfectar escolas é eficiente?
Não, fechar não é recomendado, já que a bactéria faz parte do corpo das pessoas. No momento que retomar as atividades, ela volta para a escola. A transmissão não se dá porque o streptococcus está no chão ou paredes. Ele está na saliva, nas gotículas, transmite pelo contato próximo entre pessoas. 
Se não fecha escolas, faz o quê?
Para reduzir a infecção, a única ação é, realmente, orientar pais a não levarem filhos com sintomas para a escola, para evitar contágio de outras. São indícios: escarlatina, língua em framboesa, amigdalite e febre. Além disso, treinar trabalhadores da saúde para dar o diagnóstico precoce de infecção e tratar com antibiótico. 
O que o Estado está fazendo?
A maior ação é reduzir o pânico causado. Estamos buscando a sensibilização da população e nivelamento com a situação. Em São João del-Rei, equipes estão fazendo o trabalho de conscientização e capacitação de médicos, para que se inicie o tratamento o mais rápido possível.
O que é um surto?Surto é quando tem maior número de casos do que o esperado pelo histórico de prevalência dessa doença. A escarlatina em crianças é comum, não há um aumento inesperado. Surto não é caracterizado só por ter muitos casos, é porque tem mais casos que o habitual. Isso ainda não aconteceu.  
O que mais os pais podem fazer?
Grande parte das infecções bacterianas graves são evitadas com vacinas. Meningite e pneumonia são exemplos de doenças muito mais letais. Os cartões devem ficar em dia, porque as piores bactérias têm prevenção. Ainda assim, diversos pais não levam os filhos para vacinar.

FONTE: Estado de Minas