Setembro Amarelo: educador físico supera perda da namorada e cria projeto social contra a depressão em Juiz Fora

24 set 2023
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Paul Almeida disse como transformou o luto pela dor em luta contra a doença que considera o ‘mal do século’. À frente do Projeto Sol há quase cinco anos, ele comemora a presença de quase 4 mil pessoas nos encontros realizados nas noites de segunda-feira. Paul Almeida, idealizador do Projeto Sol em Juiz de Fora

Paul Almeida/Arquivo Pessoal

“Sou uma pessoa que consegui, com muita raça, gana e força dos amigos e da família, superar e me reerguer. Fui no fundo do poço, refleti e decidi transformar a dor em algo que pudesse ajudar as pessoas que passaram ou têm passado o que passei”.

É com este espírito de resiliência que Paul Almeida ressignificou o luto pela perda da namorada para, 10 meses após a morte dela, tirar do papel um projeto social que já prestou auxílio para mais de 4 mil pessoas em Juiz de Fora.

O educador físico, de 61 anos, é o idealizador e coordenador do Projeto Sol, iniciativa que recebe semanalmente cerca de 120 participantes para palestras, apresentações musicais e momentos de bem-estar.

“Segunda-feira normalmente é uma noite fraca em termos de eventos. A ideia, então, é fazer dela um dia diferente: ao invés de ficar em casa sem fazer nada, por que não acompanhar palestras, músicas e convivência com outras pessoas", explica.

"As pessoas chegam cabisbaixas, tristes e voltam para casa mais alegres e tranquilas”.

Do luto à luta

Em fevereiro de 2018, Paul recebeu a notícia de que a companheira, com quem viveu seis anos de namoro, não resistiu ao duro processo depressivo. “A partir desta perda, fui no fundo do poço”, revela.

Para superar o luto, ainda naquele ano, ele lançaria o Projeto Sol.

“Ela não conseguiu conviver com esse problema [depressão]. Minha cabeça então foi pensando em como ajudar pessoas que também enfrentam ansiedade, solidão, tristeza ou qualquer situação emocional parecida. Hoje, costumo dizer que a pessoa mais ajudada sou eu”.

Cinco anos depois, o educador físico, que lembra com carinho da ex-companheira, diz ser sentir mais fortalecido, também em função da rede de apoio, composta por amigos, familiares, o trabalho e a atividade física – que nunca deixou de praticar.

“Mesmo tendo passado por esse momento, sou um homem maduro, mais solidário, com mais amigos e tentando fazer o bem para as pessoas”.

Encontros do Projeto Sol são realizados toda segunda-feira em Juiz de Fora

Projeto Sol/Divulgação

Na próxima segunda-feira, Paul se ausentará do encontro – até então tinha faltado apenas duas vezes - para uma causa excepcional: o matrimônio com a nova namorada, com quem está junto a um ano.

“Eu achava que, aos 56 anos, quando tive a perda, tudo tinha acabado e que eu ia tocar a vida com amigos e trabalho. Mas encontrei uma pessoa bacana, que me identifico muito, e, vou me casar na manhã da segunda”, festeja.

Como participar do Projeto Sol

O idealizador do projeto explica que a participação nos encontros é gratuita e aberta a todos.

“Gosto de deixar bem claro que o projeto não é um evento de cura. A intenção não é essa, mas levar para pessoas palestras motivacionais, músicas descontraídas. A cada segunda-feira, sempre às 19h, são, em média, 120 pessoas. Há muita rotatividade, e um vai falando com outro”.

Além de voluntários que trabalham na recepção, o projeto conta com profissionais que oferecem atendimento em reich, terapia auricular, massoterapia, corte de cabelo. Em breve, haverá retorno da psicologia.

Já as palestras envolvem diferentes assuntos, desde cuidados com a saúde financeira até dicas de adoção animal. “Já palestram pessoas que mexem com moda, planta, economia, fisioterapia, nutricionista. Não existe assunto que não possa ajudar”, avalia.

“Quantas pessoas que saíram da depressão porque fizeram um jardim, adotaram um cachorro, iniciaram a atividade física”.

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FONTE: G1 Globo

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