Situação na usina de Zaporizhzhia é ‘grave’, mas em vias de estabilização, diz AIEA
A situação é "grave", mas está se estabilizando na usina nuclear de Zaporizhzhia após a destruição de uma represa, avaliou, nesta quinta-feira (15), o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, enquanto Kiev anunciou pequenos avanços na frente de combate com a Rússia.
"Pode-se observar de um lado que a situação é grave, as consequências estão ali e são reais", disse Grossi à imprensa.
"Paralelamente, são tomadas medidas para estabilizar a situação", acrescentou, sem dar mais detalhes.
Sua visita à usina nuclear, a maior da Europa, tinha como objetivo determinar se a instalação corria risco após a destruição da represa de Kakhovka no rio Dniper, cujas águas são usadas para resfriar os reatores.
Esta é a terceira vez que Grossi visita a usina desde o início da guerra, em fevereiro de 2022. Ele avaliou, nesta quinta, que a central tinha "água suficiente".
A usina foi alvo de múltiplos bombardeios pelos quais Rússia e Ucrânia se acusam mutuamente e teve várias vezes cortada a ligação com a rede elétrica, gerando preocupações sobre sua segurança.
- Cem quilômetros quadrados em uma semana -
No front, os combates continuavam no âmbito da ofensiva lançada pelo exército ucraniano em pelo menos três setores e Kiev reportou a recuperação de um punhado de localidades.
Segundo a vice-ministra da Defesa da Ucrânia, Ganna Maliar, no sul há um "avanço gradual, mas constante", dos soldados ucranianos, apesar da "forte resistência" das tropas russas.
No leste, as forças ucranianas avançaram "mais de três quilômetros" nos últimos 10 dias na região de Bakhmut, acrescentou Maliar.
No total, o exército ucraniano tomou "mais de cem quilômetros quadrados" em uma semana de combates, disse um funcionário do estado-maior do exército ucraniano, Oleksiy Gromov.
Correspondentes da AFP na região de Donetsk observaram nesta quinta-feira uma unidade de artilharia bombardeando tropas russas em Bakhmut. Os soldados ucranianos relataram avanços lentos pelos flancos norte e sul da cidade.
As afirmações contradizem as declarações do presidente russo, Vladimir Putin, que durante a semana anunciou que os ataques ucranianos foram evitados e que as baixas de Kiev eram "catastróficas".
O secretário de Defesa americano, Lloyd Austin, insistiu em que "os ucranianos ainda têm grande capacidade de combate, grande potência de combate" e podem "recuperar e reparar os equipamentos danificados".
Além disso, os aliados ocidentais da Ucrânia fornecerão ao país "centenas de mísseis de defesa aérea de curto e médio alcances" para proteger suas infraestruturas, anunciaram nesta quinta os ministros da Defesa de Reino Unido, Estados Unidos, Países Baixos e Dinamarca.
- "Eleições" nos territórios ocupados -
A Rússia também deu continuidade à campanha de bombardeios, principalmente noturnos, em centros urbanos da Ucrânia.
A cidade natal do presidente Volodimir Zelensky, Kryvyi Rih, foi atingida por mísseis pela segunda vez em três dias. "Três mísseis atingiram duas empresas industriais que não têm relação com os militares", afirmou o comandante militar da cidade, Oleksandr Vilkul. Um homem ficou ferido no ataque.
De acordo com as Forças Armadas ucranianas, um quarto míssil e 20 drones lançados a partir do norte e do sul foram interceptados pela defesa aérea em todo o país.
Na península da Crimeia, outro território sob ocupação russa, anexado em 2014, o governador designado por Moscou afirmou que as forças do Kremlin derrubaram nove drones ucranianos.
Um dispositivo, no entanto, atingiu um vilarejo no centro da península, sem provocar vítimas, apenas danos materiais.
Uma especialista da ONU, Alice Jill Edwards, alertou nesta quinta que, segundo vários testemunhos, tropas russas na Ucrânia torturam "sistemática e intencionalmente" civis e prisioneiros de guerra com a aprovação do Estado.
A relatora especial informou em carta endereçada às autoridades russas que as "práticas denunciadas incluem choques elétricos, espancamentos (...) simulações de execução e outras ameaças de morte".
Também nesta qunta, a Comissão Eleitoral Russa anunciou que vai organizar "eleições" locais em 10 de setembro nos territórios ucranianos ocupados pela Rússia e que Moscou reivindicou como anexados em setembro de 2022.
Segundo a comissão, as eleições têm como objetivo definir as assembleias regionais e os conselhos municipais, apesar dos combates e do fato de Moscou controlar apenas uma parte das regiões de Luhansk e Donetsk, no leste, e de Zaporizhzhia e Kherson, no sul.
FONTE: Estado de Minas