Taiwaneses se apegam a sua liberdade, apesar das ameaças da China
Em um parque de Taipé, Donald Ho sai para caminhar, mas o passeio tem um sabor agridoce já que neste domingo (9), ao redor de Taiwan, os navios de guerra e os aviões chineses realizam importantes manobras militares.
"Estou um pouco preocupado, estaria mentindo, se falasse o contrário", afirma à AFP o homem de 73 anos.
"O problema é a soberania. Quero a independência, mas (a China) vê Taiwan apenas como uma província", lamenta esse professor aposentado.
A China considera a ilha de Taiwan, de 23 milhões de habitantes, como uma de suas províncias que ainda não conseguiu reunificar ao restante do seu território desde o final da guerra civil chinesa em 1949.
No sábado (8), Pequim iniciou três dias de manobras militares ao redor da ilha, em resposta ao encontro da presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, e do presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, Kewin McCarthy, durante essa semana na Califórnia.
Para as autoridades chinesas, nenhum país estrangeiro deve ter vínculos oficiais com a ilha, de acordo com o princípio de "uma só China".
A operação iniciada no sábado é de "cerco total" à ilha, segundo a televisão estatal chinesa, e representa a ação militar mais importante nas proximidades de Taiwan desde a visita em 2022 de Nancy Pelosi, antecessora de McCarthy.
"Se houver guerra, as duas partes sofreriam muito, como na Ucrânia", adverte Ho.
- "Como irmãos" -
No parque Daan, outros taiwaneses fazem exercícios e praticam tai chi, sem muita preocupação com a presença militar chinesa próxima da ilha.
"Visitem a cidade, todo mundo come, dança, ri...", afirma Jasper Lee, um empresário aposentado de 75 anos.
Na China, eles "têm a cabeça bloqueada, acreditam que Taiwan pertence a eles", insiste.
"Temos que continuar vivendo. Não podemos deixar de viver", avalia Nathan Green, estudante de 16 anos, de nacionalidade australiana e taiwanesa.
"Quero um governo livre", acrescenta.
Seu amigo Wison Su, da mesma idade, disse que deseja alistar-se no exército quando terminar os estudos, por patriotismo.
"Não gosto do atual governo, mas não odeio as pessoas da China", explica.
Apesar da oposição ao governo chinês, algumas pessoas entrevistas no parque expressaram sua proximidade pela população do continente.
"Me sinto seguro em Taiwan. Não acredito em um ataque. Somos como irmãos", disse John Shih, professor de 57 anos.
"Caso bombardeiem Taiwan, esta relação será rompida para sempre", finaliza.
Apesar de seguirem com suas rotinas, sem pensar demais nas circunstâncias, os taiwaneses são conscientes da liberdade que possuem.
"A liberdade é provavelmente o mais importante de um país", assegura Nathan Green.
FONTE: Estado de Minas