“Temos obras de drenagem por toda a cidade”

10 out 2023
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O período chuvoso chega envolto em temor histórico, especialmente dos moradores das áreas em risco de inundação e deslizamentos de Belo Horizonte. Os fantasmas da estação ganham corpo diante das mudanças climáticas, somadas ao El Niño, que marca presença tanto provocando fortes secas quanto chuvas torrenciais. Não à toa, um Grupo de Gestão de Risco e Desastres (GGRD) já está instalado na cidade, para monitorar as chuvas e agir rapidamente em caso de necessidade. Protocolos bem definidos podem fazer a diferença no enfrentamento de possíveis efeitos negativos das chuvas, ressalta o secretário municipal de Obras e Infraestrutura de BH, Leandro César Pereira. Na última semana, ele falou ao Estado de Minas sobre os investimentos municipais para evitar enchentes em pontos críticos da cidade – o que envolve um pacote de obras em andamento –, as ações preventivas e os desafios da temporada, que vai até março. Confira os principais trechos da entrevista.

Preparação

“A Prefeitura de Belo Horizonte vem se preparando ao longo do ano inteiro para o enfrentamento do período de chuva. O prefeito Fuad Noman (PSD) nos pede uma atenção redobrada nesse período e também que a gente intensifique, durante a seca, a execução de obras estruturadas. São estratégias que a prefeitura vem adotando para que a gente conte, no momento de enfrentamento das chuvas, com ações estruturantes das obras realizadas e, por outro lado, de prevenção junto com a comunidade, evitando eventos de risco para as pessoas. A prefeitura vem, ao longo de todo esse período, intensificando a execução de obras para mitigação do risco, com a construção de encostas em todos os territórios da cidade. Além disso, temos obras de marcos de drenagem disparadas por toda a cidade, né? Esse é um programa que o próprio prefeito acompanha junto com seu gabinete.”

Fenômenos climáticos

“Este é um ano de El Niño. Quando há incidência desse fenômeno, podemos observar longos períodos de seca e chuvas mais torrenciais. Essa é a característica. Além disso, a gente já vem observando, pela climatologia da cidade que nos últimos anos, chuvas acima da média histórica. A ocorrência de chuvas mais torrenciais, de 90mm em até 24 horas, também vem aumentando nos últimos anos. Belo Horizonte não é diferente do restante do mundo, que também passa por esses fenômenos climáticos. O prefeito Fuad pede que a gente esteja preparado para qualquer cenário. Precisamos ter respostas e protocolos para garantir agilidade, a despeito do que possa vir a ocorrer.”

Gestão de risco

“O Grupo de Gestão de Risco e Desastres foi sancionado pelo prefeito Fuad no ano passado. Ele é instituído para que, no período de chuva, faça um acompanhamento. Não só de resposta, quando tem alguma ocorrência, mas também de planejamento em razão daquilo que a nossa meteorologia estipula e visualiza em termos de eventos na cidade. Esse grupo se reúne toda segunda-feira, às 9h. São secretários, comandados pela Defesa Civil, junto com todas as estruturas de resposta da prefeitura, que tomam as decisões sobre o que vai ser prioridade. Além disso, temos um acompanhamento full-time, 24 horas por dia, por meio do nosso COP (Centro de Operações da Prefeitura), daquilo que vai acontecer na cidade, o volume de chuva nos medidores de nível dos córregos, se eles estão enchendo, se a quantidade de chuva que está caindo nas cabeceiras pode levar a inundação...”

Conscientização

“Eu vou citar aqui, por exemplo, as bocas delobo que a gente tem na cidade, as galerias de drenagem dos nossos córregos. É necessário o apoio da população para que não jogue lixo na rua, para que a gente não tenha ali uma obstrução que cause prejuízo ao sistema de drenagem. A gente alerta para áreas de risco, que podem sofrer algum tipo de ação, a quantidade de chuva que vai cair no próximo dia, todas essas informações por diversos canais, como o WhatsApp, Instagram e Twitter, para que as pessoas tenham um comportamento de autopreservação. A gente pede que as pessoas não enfrentem a enxurrada, evitem, por exemplo, o fio partido que pode estar caído na rua (...). São medidas que juntam a população e o poder público, e criamos cenários com segurança. Nos últimos períodos de chuvas, não houve nenhuma ocorrência de morte. Isso é fundamental para a gente.”

Infraestrutura

“Temos dois reservatórios profundos e de grande porte na Avenida Vilarinho. São de 140 metros de comprimento, um pouco maior que um campo de futebol, com 40m de largura e 33m de profundidade. São prédios de 11 andares. É uma obra de grande complexidade e que requer, além de investimento, tempo de execução e uma engenharia bem complexa. Na Tereza Cristina, temos a Bacia B5, que é ali do Córrego Ferrugem, e a Bacia do Córrego Olaria, já funcionais, trazendo um pouco de alento para o entorno da avenida, reduzindo a probabilidade de ocorrências de inundação naquela região. No entorno da Avenida Cristiano Machado, estamos executando uma obra de grande porte, que vai melhorar a confluência do Córrego Cachoeirinha com Ribeirão da Onça. É a Praça das Águas. Ela tem capacidade de reter água, mas a sua principal função é evitar que haja um conflito entre os dois córregos. Para traduzir, você tem um córrego que está a 100km/h porque choveu muito na cabeceira dele e o outro que está a 60km/h. Nós estamos corrigindo isso. Essa já está em execução, obra de grande porte e complexa, muito em razão da mobilidade instalada ali. Temos estação de metrô, estação de integração, o Anel Rodoviário, que é um dos principais corredores do vetor norte da cidade. Tudo isso vira desafio na execução.”

Futuro

“Acredito que a gente vai sempre ter essa pauta de obras nas cidades, né? Temos uma construção histórica de Belo Horizonte utilizando fundos da Vale para fazer o viário. Hoje isso já mudou. Felizmente, a gente não vai fazer mais avenidas assim. E isso traz benefícios não só do ponto de vista do meio ambiente, mas também de drenagem, que é um aspecto fundamental. Muito já foi feito. A gente tem restrições ao longo de toda cidade que precisam ser enfrentadas, melhor estruturadas, para, paulatinamente, reduzirmos o risco de inundação em toda a capital. A topografia não ajuda, então, vamos ter sempre de identificar as áreas de risco e atuar. BH particularmente tem esse perfil. Acredito que, à medida que a gente entregue essas obras, a segurança vá aumentando.” n 

FONTE: Estado de Minas

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