Teste descarta infecção de uma das crianças por bactéria
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A Secretaria de Estado de Saúde de Minas (SES-MG) descartou que uma infecção por bactéria Streptococcus do grupo A tenha sido a causa da morte de uma das três crianças que perderam a vida em São João del-Rei desde, no Campo das Vertentes, desde setembro, depois de apresentarem sintomas similares. A informação tem como base resultado de testes realizados em materiais colhidos na vítima, de 10 anos, que morreu em 23 de outubro. A pasta informou que amostras enviadas à Fundação Ezequiel Dias apontaram que não houve crescimento bacteriano, ou seja, o microrganismo não provocou o óbito. Os demais casos ainda estão sendo analisados.
A criança em questão morreu depois de dar entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), após passagem pelo atendimento da Santa Casa da cidade. A causa da morte, então divulgada, teria sido disfunção de múltiplos órgãos em razão de choque séptico, ou seja, infecção generalizada. Esse primeiro resultado não apontou outras possíveis causas do óbito. Além dessa criança, outras duas, de 3 e 9 anos, morreram na cidade com sintomas que vinham sendo relacionados a infecção pela bactéria. Outras quatro apresentaram sintomas semelhantes e duas delas seguem internadas.
Segundo o governo de Minas, o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde do estado (Cievs-Minas) ainda aguarda os demais exames laboratoriais para conclusão das investigações epidemiológicas. No entanto, conforme a pasta, o “laboratório de referência estadual não recebeu amostras das outras duas crianças que vieram a óbito”. A reportagem perguntou à Prefeitura de São João del-Rei para onde as amostras foram enviadas, mas até o fechamento da edição não havia obtido nenhuma resposta.
Ainda segundo o governo de Minas, até o momento, as investigações sugerem que os pacientes que morreram tiveram uma infecção disseminada, também conhecida como septicemia. O quadro pode ser causado por diferentes agentes infecciosos. “Com os resultados disponíveis, ainda não foi possível definir o microrganismo responsável por cada um dos óbitos nem afirmar que todos eles tenham sido causados pelo mesmo agente infeccioso”, diz nota da SES.
Desde a última semana, São João del-Rei está sob os holofotes da saúde pública em decorrência do surgimento de quadros de saúde parecidos em várias crianças, com sintomas de amigdalite, febre e manchas na pele. Os sintomas chamaram atenção das autoridades estaduais, que passaram a cogitar uma possível infecção por Streptococcus A, que, em ocasiões raras, quebra barreiras imunológicas podendo atingir a corrente sanguínea e os pulmões.
O temor de que a doença se espalhasse motivou o fechamento de escolas municipais em, pelo menos, cinco cidades na mesma região: São João del-Rei, Conceição da Barra de Minas, Santa Cruz de Minas, Ritápolis e Tiradentes. Além de Felício dos Santos, no Vale do Jequitinhonha, que registrou 27 casos de escarlatina, doença provocada por Streptococcus do grupo A, diagnosticados clinicamente, sem realização de exames laboratoriais.
A Secretaria Municipal de Saúde informou que, até as 19h40 de ontem, apenas uma criança permanecia internada na Santa Casa do município. O quadro de saúde dela era estável, com uma boa resposta ao tratamento. Além disso, uma segunda criança permanecia internada no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital Belo Horizonte, na capital. O diagnóstico seguia em aberto nos dois casos.
PRECARIEDADE
Dias depois de o mistério em torno do que tem causado o adoecimento das crianças em São João del-Rei vir à tona, uma equipe técnica da Secretaria de Estado de Saúde visitou a cidade para verificar o panorama das internações. Questionado pelo Estado de Minas, o governo de Minas informou que as ações de enfrentamento definidas no encontro entre representantes do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde do estado e do Executivo municipal serão executadas pela cidade.
Até a noite de ontem, a administração municipal não informou quando os cerca de 3.100 testes rápidos adquiridos para detecção da bactéria suspeita começarão a ser usados. Em nota, o Executivo informou apenas que as equipes estão em treinamento e deverão ser distribuídas na próxima semana.
Na última quarta-feira (25/10), um grupo de mães organizou uma manifestação em frente à Unidade de Pronto Atendimento da cidade. O objetivo do protesto foi reivindicar plantão pediátrico na rede pública de saúde e a desinfecção das escolas, tanto estaduais quanto particulares. A falta de pediatras nas unidades de saúde da cidade tem sido alvo de constantes reclamações, por isso, cinco profissionais foram contratados. No entanto, por questões administrativas, só começarão a atuar daqui a 30 dias, de acordo com a prefeitura.
FONTE: Estado de Minas