Três presos são mortos em confronto em presídio de segurança máxima no Equador
Um confronto entre detentos em um presídio de segurança máxima no Equador deixou três mortos e um ferido nesta terça-feira (4), informou o organismo responsável pelas prisões (SINAI).
"Como parte dos incidentes, uma PPL (pessoa privada de liberdade) ferida foi enviada para uma casa de saúde. Também foi registrada a morte de três presos", acrescentou a organização em nota.
A penitenciária, denominada La Roca e localizada no porto de Guayaquil, tem capacidade para aproximadamente 150 detentos e abrigava 23 presos, a maioria líderes de facções do narcotráfico que disputam violentamente o poder dentro das cadeias e nas ruas.
O SNAI informou que, após os incidentes, agentes penitenciários, policiais e militares ativaram protocolos de segurança e conseguiram "retomar o controle" da unidade.
A entidade explicou também que houve confrontos entre membros dos "grupos do crime organizado" denominados R7 e Los Lobos no presídio Guayas 3 (La Roca). Os grupos têm conexão com cartéis internacionais como os mexicanos Sinaloa e Nova Geração.
Na penitenciária, também está detido o ex-policial Germán Cáceres, acusado do assassinato de sua esposa, em setembro, dentro de uma escola da polícia em Quito, onde trabalhava. Este caso causou protestos sociais.
- Fato revoltante -
O ministro do Interior, Juan Zapata, informou que Cáceres, que foi preso na Colômbia, não está entre as vítimas fatais, segundo o jornal de Guayaquil El Universo.
O SNAI, que não reportou incidentes em outras cadeias do país, indicou que "manterá coordenação permanente com as entidades competentes para reforçar o controle no interior" da prisão de segurança máxima equatoriana.
O governo do presidente de direita Guillhermo Lasso, que mantém uma guerra contra o tráfico de drogas, reabriu Guayas 3. O presídio faz parte de um grande complexo penitenciário de Guayaquil, que foi cenário de vários dos massacres ocorridos no Equador, deixando mais de 400 presos mortos desde fevereiro.
Alguns massacres passaram a constar entre os piores da América Latina. Em setembro de 2021, confrontos entre presos na maior penitenciária de Guayaquil deixaram 119 mortos.
Vários confrontos foram transmitidos ao vivo pelas redes sociais. Corpos mutilados a machadadas e queimados são o rastro que a violência do tráfico deixa no país.
O Observatório das Prisões, um organismo independente formado por acadêmicos, classificou, nesta terça, o que aconteceu em La Roca como "revoltante".
"Como as armas entraram lá? Até quando a violência será a norma em nosso sistema [prisional]", questionou o organismo pelo Twitter.
- "Armazéns" de presos -
De acordo com o governo, os massacres carcerários são produto de enfrentamentos entre facções rivais que disputam rotas do narcotráfico.
O primeiro censo penitenciário realizado no ano passado no Equador mostrou que há 31.319 presos em 36 cadeias distribuídas pelo país.
O sistema penitenciário do país tem capacidade para 30.000 pessoas. Em 2021, a superpopulação chegou a 39.000 detentos, porém em meio aos massacres, o Executivo concedeu indultos e benefícios para esvaziar as prisões.
Um comitê de pacificação criado pelo presidente Lasso apontou em abril que as cadeias equatorianas "são consideradas armazéns de seres humanos e centros de tortura".
Localizado entre a Colômbia e o Peru, os maiores produtores mundiais de cocaína, o Equador viu crescer em paralelo as mortes violentas e as apreensões de drogas (mais de 400 toneladas, principalmente cocaína, desde 2021).
No país, a taxa de homicídios quase dobrou entre 2021 e 2022, passando de 14 a 25 por 100.000 habitantes, segundo as autoridades.
FONTE: Estado de Minas