Tulio Araujo põe o toque jazzístico do pandeiro em temas de Miles Davis e Chick Corea no álbum ‘Awerejê’
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Disco do ritmista mineiro sai em 10 de outubro com abordagens de standards de compositores e músicos como Herbie Hancok, John Coltrane e Ray Noble. Hábil no toque do pandeiro, o músico mineiro Tulio Araujo lança o sexto álbum, 'Awerejê', em 10 de outubro
Paulo Coen / Divulgação ♪ Palavra oriunda do idioma Tupi Guarani, awerejê significa convergência, fusão, mistura. Ciente do sentido agregador do termo, Tulio Araújo – ritmista mineiro reconhecido pela habilidade no toque do pandeiro e na inserção do instrumento no universo do jazz – batizou o sexto disco com o vocábulo de matriz indígena. Programado para ser lançado em 10 de outubro pelo selo do artista, Blue Cave Records, com capa que expõe expressiva arte criada por Senegâmbia, o álbum Awerejê abre e fecha com temas de autoria de Araujo – Ka’Aguy e Pykui, respectivamente, ambos compostos, arranjados e tocados somente pelo músico – mas, em essência, o disco foi pautado pela reapresentação de standards do jazz com o toque já jazzístico do pandeiro de Araujo. Uma das inspirações para a criação do álbum Awerejê veio do termo pandeiro jazz, cunhado por Scott Feiner (5 de março de 1968 – 1º de março de 2023), guitarrista norte-americano que descobriu o pandeiro ao conhecer o Brasil, em 1999, e nunca mais desapegou do instrumento (e do país) até a morte precoce, há seis meses. Feiner virou amigo e referência de Araujo. Só que, assim como Scott Feiner, Tulio Araujo nunca tinha gravado álbum com standards do jazz. Nesse sentido, Awerejê é título atípico na discografia do ritmista. Antecedido pelo single Equinox, no qual Araujo apresentou em fevereiro a abordagem deste tema lançado em 1964 pelo saxofonista e compositor norte-americano John Coltrane (1926 – 1967), o álbum Awerejê alinha, ao longo das nove faixas, sete temas do jazz em ordem cronológica que propõe viagem pela evolução do gênero, iniciada com composições da década de 1930, continuada pelo bebop dos anos 1940 e 1950 e concluída (no disco) com o jazz das décadas de 1970 e 1980. “Tudo que eu já gravei em discos anteriores tem obviamente a improvisação e bebe diretamente dos conceitos jazzísticos, mas eu nunca tinha gravado repertório clássico do jazz. Outro fator importante neste disco é o de que eu não tentei transcrever ou substituir a bateria, mas adaptei as levadas e ritmos das gravações originais, recuperando a ancestralidade do swing feel, que começa nos tambores africanos”, contextualiza Tulio Araujo. Com arranjos de Deangelo Silva (piano e sintetizadores) e Felipe Vilas Boas (guitarra), o ritmista pôs o toque jazzístico do pandeiro em temas de Chick Corea (1941 – 2021), Herbie Hancock, Johnny Green (1908 – 1989), Miles Davis (1926 – 1991), Ray Noble (1903 – 1978), Richard Rodgers (1902 – 1979), além do já mencionado John Coltrane. Além dos dois temas autorais de Tulio Araujo, o repertório do álbum Awerejê é composto por Body and soul (Johnny Green com letra de Edward Heyman, Frank Eyton e Robert Sour, 1930), Cherokee (Ray Noble, 1938), Milestones (Miles Davis, 1958), My favorite things (Richard Rodgers com letra de Oscar Hammerstein II, 1959), Equinox (John Coltrane, 1964), Spain (Chick Corea, 1973) e Actual proof (Herbie Hancock, 1974). Capa do álbum 'Awerejê', de Tulio Araujo Arte de SenegâmbiaFONTE: G1 Globo