Urânio dado por desaparecido pela AIEA na Líbia é recuperado
Um dos dois grupos rivais que controlam a Líbia anunciou, nesta quinta-feira (16), que encontrou contêineres com cerca de 2,5 toneladas de urânio natural, cujo desaparecimento havia sido denunciado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Os contêineres foram encontrados "a apenas cinco quilômetros" do lugar onde estavam armazenados, na região de Sebha (sul), indicou, em um vídeo, o comandante Khaled al Mahjoub, pertencente às forças do homem forte do leste da Líbia, Khalifa Haftar.
O general Mahjoub publicou um vídeo em que aparece um homem com traje de proteção e contando, em inglês, 18 contêineres azuis, ou seja, o conjunto do urânio reportado como desaparecido pela agência internacional.
"A situação está sob controle, a AIEA foi informada", declarou o general Mahjoub à AFP.
"Estamos a par das informações da imprensa, segundo as quais o material foi encontrado, e a Agência está tentando verificá-las", reagiu a AIEA, cuja sede fica em Viena, na Áustria.
A agência da ONU havia alertado ontem que cerca de 2,5 toneladas de urânio natural de um local da Líbia haviam desaparecido, segundo uma declaração enviada à AFP.
Na terça-feira, inspetores da AIEA descobriram, durante uma visita, "que dez contêineres com cerca de 2,5 toneladas de urânio natural em forma de concentrado de urânio [UOC, também chamado de 'yellow cake'] não estavam presentes onde as autoridades haviam dito" que estaria, apontou o diretor-geral da AIEA, o argentino Rafael Grossi, em um relatório.
- Esforço internacional -
"O desaparecimento de materiais nucleares representa um problema de garantias e de segurança nuclear, ainda mais considerando que o local não está sob controle da autoridade reguladora na Líbia", afirmou uma fonte ocidental em Viena na terça-feira.
Em sua publicação, o general Mahjoub disse que, depois que o desaparecimentos dos contêineres foi constatado durante visita dos inspetores da AIEA, "uma força armada do [Exército Nacional Líbio] os encontrou a apenas cinco quilômetros do depósito, na direção da fronteira com o Chade".
O Exército Nacional Líbio é a força controlada por Khalifa Haftar.
Segundo o general Mahjoub, os contêineres teriam sido roubados e depois abandonados "por uma facção chadiana, acreditando que se tratavam de armas ou munições".
Afirmando que o pessoal encarregado de fazer a vigilância do local estava posicionado a uma certa distância da carga de ucrânio para evitar a exposição à radiação, o general Mahjoub pediu equipamentos de proteção à AIEA para que os trabalhadores possam se aproximar do lugar.
"A proteção de um lugar assim requer um importante esforço internacional" para evitar roubos e tráfico aos países vizinhos, assinalou, por sua vez, uma fonte do setor de segurança do grupo do marechal Haftar.
Aproveitando-se do caos e da porosidade das fronteiras, diversas facções de Chade e Sudão estabeleceram bases de retaguarda no sul da Líbia para suas atividades ilícitas.
A Líbia abandonou seu programa de desenvolvimento de armas nucleares em 2003, que havia sido criado durante o regime de Muamar Kadafi.
Desde a sua queda e morte em 2011, depois de 42 anos de ditadura, o país está afundado em uma grave crise política, com forças rivais que dividem o controle do país entre leste e oeste, e uma infinidade de milícias e mercenários espalhados por todo o território, em um contexto de interferência estrangeira.
Dois governos disputam o poder, um com sede em Trípoli (oeste) e reconhecido pela ONU, e o outro apoiado pelo marechal Khalifa Haftar.
FONTE: Estado de Minas