Vídeo: empresária denuncia assédio e agressão de personal em academia
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A empresária Gesiele Pires, de 30 anos, procurou a Polícia Militar de Minas Gerais para denunciar agressão verbal e física que teria sofrido de seu personal trainer, durante o treino em uma academia na Grande BH. Segundo ela, o episódio aconteceu na sexta-feira (4/8). Ao fazer o Boletim de Ocorrência, ela foi orientada a procurar a Delegacia da Mulher já que também seria vítima de assédio do profissional.
Ela conta que o personal foi indicação de uma amiga, e que há quatro meses fazia os treinos com a orientação dele. “Ele é ex-funcionário da academia e atualmente presta o serviço para mim e outros cerca de dez alunos.”
Segundo a empresária, no início não percebeu qualquer comportamento estranho por parte do profissional. “Mas em meados de junho, ele começou a me chamar para sair. Eu sempre negava. A situação foi piorando com outros convites para sair”, relata. Ela diz que o homem também mandava mensagens com conteúdo sexual, o que a deixava incomodada.
A mulher diz que não tem o hábito de ser grosseira com ninguém. Por isso, ao receber as mensagens ela preferia não confrontar, apesar do incômodo da situação. “Preferia mudar de assunto e ignorar.” Apesar disso, contou sobre as mensagens para amigos próximos que a alertaram para tomar cuidado com o comportamento inconveniente do profissional. Ela disse que tinha decidido encerrar os serviços com o personal.
Ao mostrar as mensagens para os policiais é que foi orientada a procurar a Delegacia da Mulher para denunciar também o assédio, que seria recorrente, e não poderia constar no flagrante. Ela também passou por exame de corpo de delito.
Mudança de comportamento e agressão
Diante das investidas do homem, a empresária disse que passou a adotar um tom mais 'seco' ao responder as mensagens, deixando claro que a relação entre eles era estritamente profissional. “Foi então que ele começou a ficar explosivo comigo. Passei a chegar na academia com a cara mais fechada, até que na semana passada ele me deu um tapa na bunda quando estava em um aparelho.”
Ela conta que levantou do aparelho e perguntou o que ele estava fazendo. “Ele me disse que bateu o celular em mim por estar errando o exercício. Eu peguei a minha bolsa, desci as escadas e fui embora.”
Segundo a empresária, depois desse episódio ficou dois dias sem treinar, pois a mãe foi internada. “Eu também fiquei doente, tive arritmia. Acho que foi estresse por causa disso.”
Ela só retornou para os treinos na quinta-feira (3/8), quando informou ao personal trainer que iria encerrar as atividades com ele. Ainda de acordo com ela, o profissional escutou tudo e permaneceu calado. Ela fez o treinamento e foi embora.
Na sexta-feira (4/8) aconteceu a agressão. “Cheguei na academia, ele estava estranho, alterado, muito agitado. Toda hora pedia para ir ao banheiro e voltava. Desde que eu cheguei, ele estava me tratando muito mal.”
Ela conta que em determinado momento se sentiu incomodada, porque o profissional colocou a mão em sua bunda e segurou o seu rosto. “Isso foi o início das agressões. Depois, ele me chama para um canto para fazer abdominal. Ele me levou para um ‘ponto cego’, onde não tem câmera.” Segundo ela, alguns funcionários da academia presenciaram as agressões e não fizeram nada.
A empresária relata que tentou fazer abdominal em um aparelho, começou a sentir mal e acabou caindo. “Ele me mandou ficar um minuto e eu não consegui ficar. Foi quando ele me chamou de ‘animal’. “Vai ficar um minuto na prancha, se não ficar vou te dar um bicudo que você vai chegar na sua casa.”
Em seguida, ele teria segurado o braço dela. “Eu puxei o braço e, antes de cair da prancha, ele me deu um murro e caí de barriga. A única coisa que eu consegui fazer foi virar para a lateral, levantar e sair andando”, relembra. Segundo ela, o homem saiu andando em sua direção. “Ele sobe correndo atrás de mim, para me coagir. Foi aí que a recepcionista da academia mandou ele sair.”
A empresária conta que quando chamou a PM, ele fugiu.
Vergonha e revolta
Gesiele não sai de casa desde o dia das agressões por medo. Ela aguarda a expedição de uma medida protetiva contra o agressor que deve ser pedida pelo advogado dela na segunda-feira (7/8).
“Fico insegura de sair. Nunca imaginei na minha vida que ia apanhar de alguém. Meu pai morreu eu tinha 14 anos, nunca apanhei dele. Nunca tomei um tapa, um beliscão ou recebi um grito dele. Sou a caçula de quatro irmãos homens, eles nunca tocaram a mão em mim. Estão todos revoltados e foram tirar satisfação com ele. Só que ele se escondeu dos meus irmãos”, conta.
Houve uma comoção grande na vizinhança do Bairro Petrolândia, em Contagem, onde ela mora. “Moro na região da academia há mais de 22 anos e recebi solidariedade de conhecidos e até de desconhecidos.”
A empresária conta que o personal mandou mensagens depois das agressões se desculpando e depois apagou as mesmas. “Ele disse para um dos meus irmãos que eu estou mentindo e que o comportamento dele é normal. Que estava 'só ensinando ela' a fazer um exercício.”
Personal nega agressões e assédio
Procurado pelo Estado de Minas, o personal trainer Arthur Maia negou as acusações de agressão e assédio contra a empresária. “É tudo inverdade o que está sendo falado sobre mim”, afirma.
Ele diz que a relação entre os dois sempre foi tranquila e que o ocorrido na sexta-feira teria sido um fato isolado.
“Nossa relação sempre foi muito boa, nunca tivemos problema nenhum com nada. Inclusive, na sexta-feira, estávamos conversando sobre a renovação do plano porque ela precisava (fazer exercícios) por orientação médica. Íamos renovar por mais dois meses, a partir de segunda-feira”, explica.
O profissional contesta a versão da vítima de que queria encerrar os serviços com ele. Segundo o personal, ele está sofrendo ameaças e também não sai de casa por medo. “Os irmãos dela estão me ameaçando, têm pessoas falando que sabem onde eu moro. Estou com medo. Recebo mensagens e têm pessoas passando na porta da minha casa o tempo inteiro. O irmão dela foi atrás de mim na academia na sexta-feira”, afirma.
Questionado se procurou a polícia para relatar as ameaças, o personal diz que recebeu a orientação de um sargento de que não precisaria fazer um boletim de ocorrência. “Ele disse que eu deveria pegar as gravações (das câmeras de segurança da academia), as testemunhas e levar na delegacia.” O profissional pretende fazer isso na segunda-feira (7/8).
Sobre o vídeo que mostra o início das agressões, o personal dá sua versão dos fatos. “Ela estava fazendo o exercício e cai no chão. Eu vou, bato nas costas dela pedindo para ela levantar. Vamos, levanta, levanta. Nesse momento, ela vira pra mim e fala que não vai conseguir.”
O profissional diz que responde: “Não, você consegue sim. Foi a hora que ela falou que as costas estavam doendo. Eu falei, 'mas tá doendo porque você está fazendo exercícios para isso'. A gente estava brincando, estava tudo numa boa. Já tínhamos intimidade de conversas desse tipo.”
Ele ressalta que, por isso, brincou usando a palavra animal. “Deixa de ser animal, sô. Você está fazendo exercícios para as costas e quer que ‘dói’ a cabeça?” Segundo o personal, quando percebeu que a aluna não havia gostado pediu desculpas. “Me desculpa. Às vezes, falei com você de uma forma que você não gostou e você ‘apelou’, lembra.
Segundo ele, os dois tinham uma amizade. “Em momento algum falei nada agressivo. Não teve agressão.” O profissional também rebate a acusação de que teria levado a aluna para um ponto onde não havia câmeras na academia. “Ela está inventando uma história que não tem nada a ver, sendo que têm testemunhas na academia.”
Perguntado o motivo da aluna estar fazendo as acusações, ele diz não fazer ideia. “Sempre nos demos muito bem. Aparentemente, do nada, ela deu um surto”, afirma. O personal alega que a empresária passou mal nos últimos dias e começou a tomar vários remédios. “Ela gosta muito de sair, tomando esse tanto de remédio. Saía, bebia muito, misturava. Pode ser uma das coisas que fez ela passar mal”, alega.
Na conversa com a empresária, ela disse à reportagem que, ao contar o ocorrido para a amiga que indicou o personal, esta teria dito que já presenciou um comportamento parecido do profissional com outros alunos. Questionado sobre isso, ele diz que isso também não é verdade. “Não acredito que nada do que ela esteja falando é verdade”, conclui.
FONTE: Estado de Minas