Ação judicial tenta fazer com que prefeitura interrompa corte de 270 árvores em avenida de Poços de Caldas, MG
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Ação foi movida pelo grupo "Poços com Árvores"; corte acontece na Avenida João Pinheiro. Ação judicial tenta fazer com que prefeitura interrompa corte de 270 árvores em Poços
Uma ação judicial tenta fazer com que prefeitura interrompa o corte de 270 árvores da avenida João Pinheiro, em Poços de Caldas (MG). A ação foi movida pelo grupo "Poços com Árvores". Ao todo, vinte organizações, movimentos e instituições assinam o manifesto, que também pede a paralisação dos cortes das árvores até que a prefeitura apresente novos documentos e que seja feita uma audiência para discutir o assunto. "É uma ação judicial. Ela é uma espécie de ação civil pública. A gente pede que a prefeitura pare com os cortes de árvores”, disse o arquiteto e urbanista Mário Carvão. Os cortes começaram no início do ano e muitas vezes eram realizados aos fins de semana. Manifestantes chegaram a pregar cerca de 100 cruzes sinalizando a morte das árvores. Em outra ocasião, eles se abraçaram ao tronco de uma árvore impedindo a retirada. Não adiantou. Os trabalhadores voltaram dias depois, de madrugada, e os cortes continuaram sendo feitos. "Estamos nos manifestando, indo nas reuniões do Codema, indo na Câmara Municipal e pedindo para sermos ouvidos, pedindo para participarmos das decisões. Infelizmente, a prefeitura não procurou a gente em momento algum” Inicialmente, a prefeitura afirmou que seriam cortadas 70 árvores que apresentavam problema e corriam o risco de cair. Mas ambientalistas e integrantes de grupos contrários aos cortes sempre questionaram esse dado e alegaram que a prefeitura já tinha cortado um número bem maior. Nesta semana, a EPTV, Afiliada Rede Globo, teve acesso a um relatório da Secretaria de Serviços Públicos, de outubro do ano passado, que já dizia que mais de 240 árvores podem ser retiradas da avenida. Um professor do Departamento de Ciências Florestais da Universidade de São Paulo (USP) analisou e contestou um dos laudos da prefeitura, usado como referência para fazer os cortes. O professor concluiu que o laudo não é suficiente para justificar e determinar o corte das árvores e que não segue as especificações corretas. Ação judicial tenta fazer com que prefeitura interrompa corte de 270 árvores em avenida de Poços de Caldas, MG Reprodução/EPTV "Todas essas questões administrativas servem justamente para que a gente tenha transparência e garanta democracia dentro de uma cidade. Entendemos que o gestor não pode passar por cima de normas e legislações”, pontuou a jornalista Andressa Schpallir. Os cortes, segundo a prefeitura, fazem parte de um projeto de revitalização, arborização e paisagismo da avenida João Pinheiro. Uma placa indica que a obra deve terminar em janeiro do ano que vem, mas não indica o valor. O secretário de Serviços Públicos, Celso Donato, afirma que a obra possui todas as autorizações, inclusive para o corte das árvores. "Tudo que está acontecendo na João Pinheiro é uma adequação porque já tivemos casos de acidentes no passado, de quebra de árvores por conta do porte. Uma coisa que é importante deixar claro, as vezes as pessoas falam em substituição dizem que a árvore estava saudável e não estava doente. Mas, o que acontece é que o porte dela não está adequado, a raiz estava estourando a calçada, impedindo a mobilidade. É um projeto que foi apreciado pelo Codema, deliberado como adequado e viável, especificando doas as espécies da João Pinheiro. O Ministério Público de Meio Ambiente também está acompanhando”, disse. Para a engenheira ambiental Mariana Cardoso, o corte vai trazer diversos impactos. Ela também diz que seria possível fazer a revitalização mantendo as árvores. "A gente tem uma série de técnicas de poda, de controle de raízes que poderiam ser executados para evitar a supressão dessas árvores. Então, a revitalização poderia acontecer mesmo sem a supressão dessas árvores”, falou. O secretário de Serviços Públicos não quis comentar a ação judicial. Ele alegou que o município ainda não foi intimado e não recebeu nenhum comunicado oficial a respeito da suposta ação. A Câmara Municipal registrou alguns requerimentos, mas nada de agora. Na sessão desta terça-feira (8), foi apresentada a resposta do Executivo a um pedido de informação da vereadora Luzia Martins, que questiona a destinação das árvores retiradas da avenida, que estão sendo destinados a uma área e descarte da prefeitura para compostagem. O material proveniente do processo de composição no longo prazo poderá ser utilizado em canteiros de flores, áreas jardinadas e produção de mudas. As madeiras que podem ser reaproveitadas serão guardadas para uso futuro. Não há nenhuma audiência na câmara agendada sobre o tema. Veja mais notícias da região no g1 Sul de MinasFONTE: G1 Globo